19.3.21

Elas contam como soltam a voz no palco e na vida

Naieme Reis
Fotos: Maíra Henriques
A FEMEA – Feira de Empreendedorismo, Música e Arte da Amazônia, realizada de 8 a 14 de março, construiu um acervo de entrevistas, bate papos e apresentações musicais que continuam on-line. No site seguem expostos 20 negócios criativos; e no Canal de Youtube, dois programas de web e quatro mesas de debates. As oito performances em vídeos selecionados por curadoria, seguem disponíveis no IGTv @feirafemea. E a nossa conversa, por aqui, também não cessa! Trazendo o tema do ser mulher na cena musical, o blog publica um papo com três cantoras que se apresentaram no FEMEA TV Web.

Pode ser MPB, samba, rock, reggae, rap ou carimbó. Não importa ritmo, trajetória, nem qualidade técnica: de modo geral, toda cantora, musicistas e técnicas de palco já foi algum dia alvo de piadinhas misóginas nos bastidores de equipes masculinas que não acatam decisões de chefes mulheres. Basta uma conversa superficial com artistas e trabalhadoras da música para que a lista de ataques machistas se revele extensa e muito presente no cotidiano destas profissionais. 

No caso das cantoras, várias já foram assediadas por contratantes e empresários. E três delas falaram um pouco sobre suas experiências e formas de superação das opressões patriarcais. A cantora Naieme Reis, que a maioria do público ainda conhece como  Nanna Reis, não perde tempo e usa as armas que considera mais eficazes: o conhecimento e a capacitação. 

“Além de ser mulher, também sou afro-indígena e não venho de família rica. Então, precisei lutar o triplo para conquistar meu espaço.  Estudar foi a maneira que encontrei de me fortalecer. Nós artistas precisamos ser empreendedoras, gerir nossa carreira, nos ver como um produto e sermos estratégicas”, considera a cantora. 

Naieme Reis está em novo momento de sua carreira e foi em busca dessa nova conquista. Gravou em novembro do ano passado, em São Paulo, cinco episódios da série "De Nanna à Naieme", em que ela fala desse retorno a sua ancestralidade. Além da série, outras ações virão até maio, quando ela completa 30 anos, e inicia o processo de lançamento de um novo disco. Aguardem!

Para a cantora Joelma Klaudia, a oportunidade de trabalhar apenas com mulheres no palco foi motivo de euforia. Também, pudera. Em vinte anos de carreira, após participar de diversos projetos musicais tanto cantando como produzindo, esta é a primeira vez que ela se vê cercada por uma equipe totalmente feminina. Na FEMEA, além de ser uma das atrações musicais, ela também é a apresentadora dos programas de WebTV. 

“As artistas e produtoras estão cada vez mais engajadas na cena local, mas ainda há muito o que percorrer para igualar. Resumindo, chegamos nos palcos, mas a maioria dos holofotes está virada para os homens”, analisa a cantora de Altamira, que atualmente trabalha na produção de “Nua & Crua”, 3º álbum de sua carreira. Juntas no palco e na produção, elas falam sobre os desafios do mercado musical para mulheres.  

Durante a FEMEA Joelma se deparou também com um novo potencial. Ao longo de dois programas ela entrevistou além das cantoras que se apresentaram nos dois dias, empreendedoras como Clóris Figueredo e a fundadora do Grupo de Mulheres Brasileiras, o GMR - Belém. Também bateu papo com a professora de história Anna Maria Linhares e com a iluminadora Júlia Freitas. Dinâmica, extrovertida e corajosa. Não deixem de ver os programas.

A cantora Thalia Sarmanho - que este ano apresenta seu novo Ep, Passarear - acredita que a união feminina tem sido uma frente importante nessa luta. 

“Estar com outras mulheres é uma forma importante de superar os obstáculos dessa sociedade. Ser cantora, compositora e instrumentista na cidade e Belém já é um posicionamento diante de todas essas lutas que nós mulheres trazemos. Da minha forma, falo minha verdade, e quanto mulher e artista sinto que esse é meu papel”. 

Esses e diversos outros assuntos foram temas de bate papos e debates com artistas, cantoras, técnicas e empreendedoras convidadas não só dos dois programas, como das mesas de debates que se formaram durante a semana de 8 a 14 de março, mas que podem ser acessados a um clic no canal de YouTube da FEMEA - Feira de Empreendedorismo, Música e Artes da Amazônia, evento produzido e realizado 100% por mulheres.  

O projeto selecionado pelo edital Festivais Integrados da Lei Aldir Blanc, com realização do Holofote Virtual- Comunicação, Arte e Mídia e Senda Produções, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo e Governo Federal, Secretaria de Cultura do Pará, Governo do Pará. 

Links: 

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(Texto: Luiza Soares, com Holofote Virtual)

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