2.3.21

TEIA lança curta sobre a ancestralidade feminina

Estreia neste sábado, 6, “Alumiá”, curta metragem realizado pelo TEIA - Teatro Experimental de Insurgências Amazônicas –, em coprodução com Wan Aleixo e Gabriel Tantacoisa. O projeto, contemplado pelo edital Preamar, da Fundação Cultural do Pará, será exibido às 19h, com acesso gratuito no canal do YouTube do grupo.

O TEIA desenvolve trabalhos com temas e histórias sobre a cultura amazônica e seus personagens fictícios ou reais, experimentando as linguagens teatral e audiovisual. Sua primeira montagem foi um espetáculo sobre a vida do ator e cantor Walter Bandeira, em 2018: “Walter Bandeira – Sem Pecado e Sem Perdão”. 

Em 2020, o grupo ganhou o edital Preamar de Arte e Cultura através do Governo do Pará/Fundação Cultura do Estado e iniciou uma nova pesquisa, abordando o tema de mulheres nordestinas que migraram para a região da Amazônia no início do século passado. O projeto, por conta da pandemia, mudou de nome e também se tornou unicamente audiovisual. 

Antes chamava-se “Maria Retirante” e estava sendo concebido como um espetáculo teatral, mas estreia como curta, intitulado “Alumiá”, que tanto significa iluminar, como também deriva da palavra “Alumiação”, rito que ocorre nos interiores do Pará no dia 02 de novembro, onde centenas de pessoas se dirigem aos cemitérios para cultuar seus antepassados por meio da ornamentação das sepulturas com flores, coroas e velas. 

No filme, somos guiados pelas tarefas cotidianas de Antônia, interpretada pela atriz e diretora Iracy Vaz, que em meio aos seus afazeres, se prepara para o dia da Alumiação, tecendo as coroas fúnebres para honrar os seus mortos, mas durante a tarde, recebe duas visitas muito esperadas para uma conversa sobre ancestralidade, trânsitos migratórios, família e força feminina. A equipe conta ainda com as atrizes Pauli Banhos e Andreia Rezende que também assina o figurino, Tarcisio Gabriel e Wan Aleixo nas filmagens, direção de fotografia e edição. 

“A minha personagem segue em busca de sua ancestralidade. Ela vai ao encontro da memória de sua linhagem feminina. Essa personagem, na verdade, é arquetípica, pois todos nós deveríamos investigar os feitos das mulheres do passado, seja no âmbito micro, dentro das nossas próprias narrativas familiares, seja no âmbito macro, nas narrativas históricas. Pois, esse protagonismo feminino sempre existiu, mas foi invisibilizado dentro das narrativas oficiais, ou até mesmo, nas narrativas familiaes”, diz ela que também assina o roteiro do curta.

Filmagens foram realizadas em Santo Antônio do Tauá

Pauli Baños, Iracy Vaz e Andrea Rezende
Foto: Wan Aleixo

As gravações ocorreram no final de janeiro, na cidade de Santo Antônio do Tauá, escolhida pelo fato de ter sido fundada por migrantes nordestinos. Além disso, a narrativa foi inspirada na história real de duas cearenses que migraram o município paraense no início do século XX. 

“Filmamos com uma equipe bem reduzida para não criar aglomeração. A escrita do roteiro do curta já foi pensada para esse contexto de pandemia. Um elenco apenas com três atrizes, uma equipe pequena e a maioria das cenas foram gravadas dentro da nossa própria casa de família”, comenta.

As filmagens, em meio à pandemia, foram realizadas na antiga casa da família de Iracy.  Maria Quitéria e Ana Lourenço eram bisavós de Iracy Vaz, diretora e atriz do filme, o que confere ao conteúdo do curta uma dimensão autobiográfica e ancestral. 

“Para mim foi muito importante, pois já faz um tempo que tenho compreendido o processo artístico como um processo que traz uma dimensão de cura. E trazer a memória das minhas bisavós por meio das personagens Ana e Quitéria é pra mim um processo de cura de feridas do nosso sistema familiar, da cura das feridas dessas mulheres ancestrais que também reverbera em mim. Esse processo é um diálogo entre arte e processos terapêuticos do sistema familiar”, conclui.

Equipe Técnica

Roteiro e Direção: Iracy Vaz

Elenco: Andreia Rezende, Iracy Vaz e Pauli Banhos

Participação especial: Wan Aleixo

Direção de Fotografia: Gabriel Tantacoisa e Wan Aleixo

Montagem e Edição: Gabriel Tantacoisa

Serviço

O TEIA - Teatro Experimental de Insurgências Amazônicas estreia o curta-metragem Alumiá, projeto contemplado pelo edital Preamar, da Fundação Cultural do Pará. A exibição será neste sábado, 6 de março, às 19h, pelo YouTube do grupo.

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