8.11.23

"Aqui Agora" chega ao Teatro Waldemar Henrique

O show conta com banda composta por Larissa Mê e Otânia Freire (vozes e percussão), Pedro Imbiriba (no baixo), Reiner (na guitarra), Isaac Santos (nos sopros), Ismael Rodrigues (na batera), Vickamiaba (no curimbó) e Kamundongo düMangue (no banjo) em única apresentação.

Nesta quinta-feira, 09 de novembro, o músico Mateus Moura apresenta seu mais novo projeto no palco do Teatro Waldemar Henrique. Intitulado Aqui Agora, o show faz um apanhado dos 10 anos de carreira do artista e celebra a teatralidade musical de seu trabalho. Em entrevista para a jornalista Dani Franco, Mateus conta os causos desse projeto. 

Mateus Moura é artista, produtor cultural, pesquisador e educador. Transita na arte entre as linguagens da música, do teatro, da poesia e do cinema. Atualmente tem um EP e singles lançados com a banda Les Rita Pavone, um álbum com a banda Manto e dois EPS em carreira solo, além de integrar a diretoria do Boi Vagalume da Marambaia. 

Aqui Agora é um show pulsante, repleto de verdades tuas contadas de forma leve e ao mesmo tempo crítica. A gente pode chamar esse teu momento como o ponto alto do amadurecimento da tua carreira? 

MM: Pros outros eu não sei, mas pra mim a minha carreira musical vai fechar o primeiro capítulo quando entregar esse álbum Aqui Agora, o álbum Imitação do Vento, o álbum El Baile Rock (do Les Rita Pavone). Isso + o EP Com Licença, o álbum do Manto, pra mim representa um leque das minhas intenções com a música. Aí sim vai começar o processo de amadurecimento. Rsrs tô começando....

O show também tem um conceito, uma vivência performática própria para o teatro. Isso foi uma busca ou consequência?

MM: A questão do teatro no show eu acho que, por vir de experiências com o cinema e o teatro, eu percebo a música bem nesses dois lugares: quando vou gravar é tipo cinema, e quando vou pro show é tipo teatro. Pra entrar no estúdio estou pensando em takes, em ordem do dia. Pra entrar no palco estou pensando em objeto cenico, jogo com o público. Eu não faço cinema, ou música, ou teatro. 

Quando vou montar um filme tô usando ritmo, quando vou filmar utilizo técnicas de teatro, quando vou dirigir no teatro, penso em luz. Sei lá. A Rosângela Colares diz que eu sou só um "contador de histórias", que se expressa em diferentes linguagens. Acho que ela tem toda razão.

Mas não tenho interesse desse "Aqui Agora" ser especificamente para o espaço da caixa preta não. Eu imagino isso pro Manto. Mas esse é mais baile, casa de show, e, também, teatro. Inclusive, como ele tem o seu "núcleo pau e corda", ele é também rua, praça. Infelizmente, aqui em Belém, é difícil esse espaço de estrutura pra banda de baile autoral. Então acabamos pensando no circuito de teatro, que também é difícil. Mas o interesse dele é ser mais coringa, jogar mais solto.

Teu trabalho também é muito plural, são diversos projetos com propostas distintas, mas que carregam tua assinatura. Como e por quanto tempo o Aqui Agora foi gestado?

MM: Desde que eu comecei a compor, em 2010, eu tenho devaneado diferentes projetos musicais. Com o tempo eu vou entendendo que canções pertencem a qual projeto. E vou tentando materializar cada projeto a partir das possibilidades que a realidade me dá. Lógico, sempre cavando, sempre buscando. 

O Aqui Agora já tem uns 5 anos que tento reunir uma galera pra fazer. Aos poucos foi rolando. Otânia e Larissa já me acompanham desde o projeto anterior, então foi só uma transição.

Nesses 10 anos de carreira, qual momento apontas como um ponto de virada para chegar neste hoje?

MM: Acho que não tem "ponto de virada", é uma insistência diária. Que não tem grandes picos ou grandes vales. Tem marés. Acho que é um constante aprendizado de navegação.

DF: Há uma forte influência de artistas anteriores a ti, como o Buscapé Blues, da Marambaia, que é um músico das margens, fora do circuito popular. Essa relação de reverência e influência começou de que forma e qual o motivo dessa escolha?

MM: Lógico, todo artista se forma a partir de suas referências, e acredito que a melhor reverencia é se libertar delas também. Mas esse é o meu projeto que aponto mais diretamente as referências, que vão de Itamar Assumpção à Buscapé Blues, de Rita Lee à Chico Braga, de Leona à Tim Maia, de Raul Seixas à Chico Cesar.

Como os músicos desse projeto foram chamados?

MM: Tiveram muitas tentativas até chegar nesse grupo. Todos tem um sentido de estar ali, um sentido pra mim e um sentido pra eles. Por terem trajetórias muito diferentes, acaba virando um espaço de muita aprendizagem, o que acho que é a gasolina de um processo. 

Eu não sei trabalhar coletivamente de forma técnica, fria. Pra mim é sempre muito afeto e muita liberdade. Esse projeto, em especial, pede um cultivo da alegria, e temos vivido momentos muito especiais nesse lugar de encontro. 

Quais músicas tu consideras mais importantes?

MM: Difícil viu? Tem muitas músicas que estão "na reserva", que pra mim são importantes pra estar nesse show. 

Mas, recentemente, a gente fez uma gravação demo de estudo e as música escolhidas como cerne do show foram "Não deixa os carapanã entrar" (Mateus Moura/Anna Karina), que é um carimbó-rock psicodélico anti-atropoceno; "Seu Curupira" (Mateus Moura), que é um coco-rock sobre esse exu da mata e suas lições; "Sonoro Guajará", que é uma guitarrada que conta a história mítica da criação da primeira aparelhagem.

Tem também "Nosso baile brega", que é um brega-bolero sobre um amor que morreu pelo desgaste mas que ainda se encontro para uma última dança. Enfim, não foi arbitrário, mas percebi depois que esse repertório, entre outras coisas, é um testemunho lírico da minha relação com Belém e suas margens. 

Serviço

Aqui Agora no Teatro Waldemar Henrique. Nesta quinta, 9, às 20h. Ingresso: 20 (com meia entrada). Vendas antecipadas pelo pix cinemateusmoura@gmail.com (só apresentar o comprovante com identidade no guichê, no dia).

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