Eloi Iglesias Foto: Vagner Mendes |
Celebrando a cultura LGBTQIA+ no Círio de Nazaré, este ano a Chiquita traz o tema “20 anos de Patrimônio e Memória" e terá 3 dias de programação. Elói Iglesias nos contou as novidades.
Não há conquistas sem persistência e nem sem acreditar no que se faz e pelo o que se luta. Completando 47 anos de atividades, a Festa da Chiquita celebra o Círio de Nazaré em seu lugar de diversidade, memória e patrimônio. Não é fácil e a cada ano, ainda que consagrada, a festa é levada com enfrentamentos para ser realizadas. No final tudo dá certo, porque Elói não descansa enquanto não estiver tudo planejado para a entrega do Veado de Ouro.
Este ano, tem novidade. Serão três dias de programação, iniciando com o Diálogos Chiquita, na quinta-feira, 10, no Teatro Waldemar Henrique. Em sua primeira edição, a ação traz duas mesas de debate: "Memórias sobre a Chiquita: Patrimônio, História e Memória”, às 9h, e "Chiquita Transversal: Saúde, Saúde Mental, Direitos Humanos e Combate à Violência contra a População LGBTQIAPN+", às 11h. No meio, além de um coffe break, teremos apresentação cultural com Gigi Híbrida. À noite, às 20h, tem show de Elói Iglesias, intitulado "Pagã". Ingressos a venda no local.
Cinema e performence
Eloi e Paulo VIeira, na Chiquita de 2023 Foto: Luciana Medeiros |
"A Chiquita sempre surpreende, sempre incluímos novas formas artísticas nesta festa da diversidade. Eu afirmo que o nosso maior patrimônio é o que ressaltamos na memória, o que a gente sente e pensa. Então, neste ano, nós queremos trazer à tona as memórias de nossa trajetória ao longo dos 20 anos de reconhecimento”, diz Elói.
Ele está se referindo ao processo de 2024 junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) que, ao reconhecer o Círio de Nazaré como patrimônio cultural imaterial do Brasil, também incluiu a "Festa da Chiquita" como destacando-a como uma das referências culturais nacionais, associada à festividade de Nazaré. Naquele mesmo ano, o Arrastão do Círio, do Arraial do Pavulagem também foi reconhecido como a Chiquita, como Patrimônio Cultural Imaterial.
Enfrentamentos que garantem um lugar à Luz do Círio!
Chiquita em 2023, como tema Red Carpet Foto: Luciana Medeiros |
O artista ressalta que por muito tempo, a Chiquita era inserida somente como mais um evento dito "profano" a ocorrer durante a programação do Círio.
"É um local que não queremos estar e não gostaríamos de estar, pois o profano é subjugado e visto/rotulado como inapropriado. Nós trazemos à tona o lado pagão de um movimento religioso que faz parte da nossa cultura: O Círio de Nazaré. Por meio dele, agregamos aqueles que não são bem recebidos pela igreja católica, como os gays, as trans e as drags”, enfatiza Iglesias.
O dossiê do IPHAN menciona que a festa simboliza resistência, contestação e uma busca por espaço e reconhecimento social pela comunidade LGBTQIA+. No entanto, a celebração não é aceita pela Diretoria do Círio e sempre enfrenta resistência das autoridades eclesiásticas. "Ao longo desses anos, vivemos muitas histórias, passamos muitas lutas, conquistamos um espaço que no início nem imaginávamos. Hoje, mesmo tendo quem não nos aceite, fazemos parte da história dessa cidade e do nosso estado”, finaliza Elói Iglesias.
Origem - A Festa da Chiquita surgiu nos anos 1970, idealizada pelo sociólogo carioca, Luís Bandeira, o saudoso Bandeira, mas inicialmente era um bloco carnavalesco formado por homossexuais e simpatizantes.
A partir de 1978, o evento passou a acontecer na Praça da República, sempre na véspera do Círio de Nazaré. Nas primeiras edições, a festa era conhecida como “Filhas da Chiquita” ou “Festa Maria Chiquita”. A inspiração do nome surgiu a partir da personagem das marchinhas de carnaval, Chiquita Bacana, “mulher existencialista que só faz o que manda o coração”.
Para mais detalhes sobre a programação acesse @festadachiquita2024
(Holofote Virtual, com entrevista concedida a Vagner Mendes)
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