A brasilidade dos movimentos do corpo ganhou com o trabalho de Décio Otero um expoente. O bailarino e coreógrafo mineiro, ao criar o Ballet Stagium nos anos 70, marca um novo cenário na história da dança no Brasil. “Abandonou os velhos cânones e voltou-se para a criação de um jeito brasileiro de ver e dançar a vida, o mundo”, define Oswaldo Mendes ao assinar a orelha do livro ‘Décio Otero: danças, andanças e mudanças nos prelúdios do Ballet Stagium’, da pesquisadora Elizabeth Pessôa Gomes da Silva. Publicada pela
editora Paka-Tatu, a obra será lançada no próximo dia 2 de dezembro, no Hall
Ernesto Cruz, na Fundação Cultural Tancredo Neves. O evento tem apoio do
Centur.
‘Décio Otero’ é o resultado das pesquisas de mestrado e
doutorado de Elizabeth Pessôa. “A pesquisa levou aproximadamente quatro anos
para ser defendida e aprovada como tese”, diz. A autora se debruçou sobre
a trajetória e o legado do coreógrafo responsável por incorporar o choro, o
maracatu e a batucada à cena. “Ao mesmo tempo em que recorreu a um repertório
conhecido que variava de Geraldo Vandré a Adorinan Barbosa, propôs a
compositores como Egberto Gismonti, Milton Nascimento e Aylton Escobar o
desafio de criar partituras para as suas coreografias”, lembra Oswaldo Mendes.
Foi em 1973 o primeiro contato de Elizabeth com o trabalho
de Décio. Surpresa e fascínio ao assistir ao espetáculo da turnê pelo Norte e
Nordeste da companhia do mineiro. A memória diante do inovador tratou de
guardar viva a lembrança da apresentação. “Bailarinos desnudos vestidos com
malhas inteiriças compondo um todo visualmente surpreendente...Era
‘Impressions’, uma coreografia cujo final utilizava todos os acessórios
convencionais vistos em espetáculos de balé até então no Brasil – os tutus, as
sapatilhas de pontas, roupas com lantejoulas –, pendurados como cenário em fios
de ‘nylon’ e assim fechando o programa desta noite, no nosso tradicional
Theatro da Paz”.
Nascia ali, naquele encontro com a arte de Décio uma nova
concepção de espetáculo de dança, como a própria autora define. “A mensagem
estava permeada de significados como: impossível negar a presença do
convencional inerente aos balés de repertório...foram mostrados saiotes,
lantejoulas e sapatilhas, apesar de inusuais. À frente da Companhia, estavam
Marika Gidali e Décio Otero, e o recado sobre o nascimento de um novo movimento
dentro do balé e dança brasileiros estava dado!”.
Com depoimentos, pesquisas em arquivos, livros e jornais,
Beth Gomes, como é conhecida, constrói uma narrativa histórica para a dança
brasileira. Doutora em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade
Mackenzi, ela encontra na infância os primeiros vestígios de um garoto
encantado pela mágica das ‘formas em movimento’ e acompanha o despertar do
processo criativo do dançarino protagonista dos palcos do Theatro Municipal do
Rio de Janeiro e cujo talento vai percorrer o mundo durante uma carreira
internacional, que ele abandona para se dedicar à extraordinária aventura do
Ballet Stagium, ao lado da companheira Marika Gidali, em São Paulo.
Serviço
Lançamento do livro ‘Décio Otero: danças, andanças e
mudanças nos prelúdios do Ballet Stagium’, de Elizabeth Gomes. Dia 2 de
dezembro, às 19h30, no hall Ernesto Cruz, 1º andar da Fundação Cultural do Pará
Tancredo Neves (Av. Gentil Bittencourt, entre Quintino Bocaiúva e Rui Barbosa).
(Texto: Assessoria de Imprensa/Paka Tatu)
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