Três dias para desfrutar da presença músico percussiva de Robertinho
Silva em Belém do Pará. A partir do dia 11, ele ministra um workshop de bateria e percussão (inscrições abertas). NO dia 13, lança o livro “Se a Minha Bateria Falasse...”. Tudo no Instituto de Artes do Pará, o IAP.
Carioca e autodidata, o percussionista Robertinho Silva descobriu a potencialidade da bateria ainda menino. Teve influência dos principais bateristas do samba e da bossa nova e dos bateristas de jazz Norte Americanos.
Robertinho, 50 anos de carreira, é considerado um dos artistas mais significativos das últimas décadas. Nos três dias de workshop, Robertinho Silva fará um apanhado sobre sua carreira e a história dos instrumentos, além, é claro, de tocar várias músicas, interagindo diretamente com o público.
O livro em questão, escrito por Miguel Sá (jornalista, filho do violonista e
compositor Luiz Carlos Sá), aborda a trajetória de Robertinho Silva,
72 anos, carioca de Realengo e histórico integrante do Som Imaginário. "Se
a Minha Bateria Falasse..." é uma biografia em que ele,
naturalmente, torna-se "porta-voz" do seu instrumento, servida
de fotos muito interessantes do acervo pessoal. O livro foi lançado em outubro
deste ano no Rio de janeiro e agora chega a Belém, que terá como privilégio a
presença de seu principal personagem.
Com Naná Vasconcelos e Milton Nascimento |
Abaixo um trecho:
"Durante dois anos, os
Flamingos circularam pela Zona Oeste, fazendo os melhores bailes da região.
Nessa época, os elogios eram muitos: Beto era quem tocava
"moderno". Ninguém na Zona Oeste tocava como ele, que fazia um clima
diferente para os dançarinos que viravam a noite dançando os sambas, rumbas e
outros gêneros tradicionais nessas festas.
No entanto, Robertinho desenvolveu
, nessa época, uma virtude: não se deixar "abater pelos elogios". Na
Zona Oeste, já tinha tocado em lugares como a Moreninhas de Bangu e a
Sedofeita, em Bento Ribeiro, onde os bateristas Hidrofredo Correia e Edson
Machado começaram a tocar samba com a condução no prato da bateria.
Mesmo com fama
grande na Zona Oeste, ele já tinha consciência de que havia novos caminhos a
procurar. Em vez de ficar satisfeito com o "reinado" local, ele
decidiu que era hora de procurar novos horizontes Praça Tiradentes .
Se, "em terra de cego quem tem olho é rei", ele sabia que, em
outros lugares, poderia conhecer os grandes ídolos da época e tocar com eles.
Durante o serviço militar, antes de sair do Flamingos, já estava frequentando o
ponto dos músicos na Praça Tiradentes.
A Praça Tiradentes era
o ponto de encontro dos melhores músicos de baile da cidade do Rio de Janeiro.
e era o local para ficar conhecido no Centro. Bateristas, saxofonistas,
pianistas, todos iam lá esperando ser arregimentados para alguns dos bailes
mais disputados da cidade. Entre eles, desde 1961, já estava RobertinhoSilva,
que começava a fisgar alguns trabalhos nos cabarés da Praça Mauá, cobrindo
folga de outros músicos a convite de Deuzete Menezes, pianista que tocava,
eventualmente, com a banda Flamingos.
Fosse por briga
ou por alguma desavença de uma profissional da noite com um namorado
músico, não foram poucas as vezes em que o baterista viu copos estourando
na parede ao seu lado enquanto tocava. Em compensação, os olheiros do Rio de
Janeiro começaram a reconhecer "aquele garoto que toca pra
caramba" e a levá-lo para tocar em todos os clubes do Centro do
Rio de Janeiro.
Lá, a seta do progresso começava na região portuária, passava
por locais tradicionais, como a gafieira Elite, na Praça da República
(também havia uma no Méier) e a Estudantina, na Praça Tiradentes. O caminho
seguia até o fim da Rio Branco, no prédio São Borja, onde estavam os dois
principais "dancings" da região."
Nos "links", um pouco mais de Robertinho Silva...
1) "Choro Azedo", do guitarrista
virtuose Diego Figueiredo - Robertinho, ao lado do
baixista Eduardo Machado, batuca na caixa de fósforos;
2) "Os Deuses e os Mortos", de Milton Nascimento -
belíssimo tema para filme de Ruy Guerra, lançado em 1970 -, com o Som
Imaginário;
3) "Milagre dos Peixes", de Milton Nascimento e
Fernando Brant;
4) "Festa de Terreiro", de Robertinho Silva;
5) "Falange dos Tambores", feita em parceria com
Nelson Angelo;
6) "Mar Azul", de Luiz Alves (outro integrante do
Som Imaginário);
7) "Saudação ao Tambor" de RobertinhoSilva;
8) Demonstração do Toque da Frigideira para videoaula.
No nono e no décimo "links", duas graçolas do seu
"personagem" Bob Silva:
9) "Neném",
inspirado em música de Carlos Imperial;
10) "Doutor", inspirado em música de Billy
Blanco.
Serviço
Workshop de bateria e percussão de Robertinho Silva. De
11 a 13 de dezembro de 2013, das 10h às 12h, no IAP. Inscrições abertas
(presenciais) na Gerência de Artes Cênicas e Musicais do IAP. Lançamento do livro “Se a Minha Bateria Falasse...” - Na sexta-feira, 13, às 19h, na Varanda do IAP. Praça Justo Chermont, 236, ao lado da Basílica.
(Colaborou: Paulo Nunes - professor, escritor)
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