15.9.15

Música do Cerrado Amazônico ecoando em Brasília

A Ocupação Território Paranoá – Eixo Cerrado Amazônico realiza, de 23 a 27 de setembro, o Festival de Música e Artes Cênicas - Ágora da Música Brasileira, contemplado pelo Edital de Ocupação do Teatro Plínio Marcos 2015, para o Complexo Cultural Funarte Brasília. Iniciativa do Coletivo Miasombra, de Belém em conexão com Goiânia, em parceria com A Trama – Associação de Teatro e Dança da Amazônia. A ocupação segue até dezembro, em Brasília.

O objetivo do Ágora da Música Brasileira é trazer à cena as novidades cênicas e musicais das regiões Norte e Centro Oeste. Até dia 27, além de sessões de cinema e pocket shows, ao ar livre, no Jardim da Funarte, bandas e companhias do Pará, Goiás e Distrito Federal se apresentarão também no Teatro Plínio Marcos.

A semana vai começar o Cine Paranoá Mostra Sonora, que exibirá vários filmes que têm como temática, a música (19h). Na quarta-feira (23), o Cine Paranoá de desta exibe “Rua 57 n. 60 Centro” ( videodança – Porquá e Vida Seca), do grupo Vida Seca – Som de Sucata de Goiânia.  Do Pará, entra na sessão, o documentário Pau e Corda: Histórias de Carimbó (doc. por Robson Fonseca, Felipe Marcos, André Mardock), além de videoclipes de de alguma das bandas que integram a programação, como Lia Sophia, Carne Doce, Boogarins, Strobo, Félix Robatto e  Emília Monteiro.

Na quinta-feira (24), o público confere três episódios da série “Visceral Btasil”, que aborda música e artistas populares brasileiros consagrados como referência por seus estilos únicos e criação sonora. 

A equipe do projeto viajou o país, trazendo à tona personagens de todas as regiões. Do Norte, Márcia Paraíso (dir) e sua equipe visitaram as cidades de origem e mostraram um pouco das trajetórias e modo de viver dos Mestres Vieira, Laurentino e de Dona Onete, três ícones da cultura paraense. 

Depois da sessão de cinema, o público confere a aprsentação dos músicos Lucas Guimarães (PA), Letícia Fialho (DF) e O Feliz Amor do Felino (DF).

Na sequencia, de sexta-feira (25) a domingo (27), o Jardim e o Teatro Funarte Plínio Marcos recebem a apresentação das mais diversas performances e sonoridades brasileiras, fazendo um recorte peculiar das produções artísticas do Brasil, com expoentes que misturam com maestria o tradicional ao moderno, e refletem sobres os dias em que vivemos, nesse início de século.

O repertório vai de bandas com formações tradicionais à espetáculo multilinguagem e jam session. A escolha dos grupos foi feita a partir da identificação de uma expressão cênica muito forte presente em todos os artistas participantes, seja pela encenação, seja pela oralidade e até mesmo a sonoridade. Na maioria são canções imagéticas, sons que fazem dançar e ao mesmo tempo pensar, que instigam a performance ao vivo.

Um exemplo é a guitarrada paraense que traz três shows legítimos. Pio Lobato e Felix Robatto, de uma geração que vem pesquisando e se inspirando em Mestre Vieira, criador do ritmo, que também se apresentará no último dia do festival.

Do Norte, ainda estarão no palco Lia Sophia, com sua música contagiante que tem ganhando o país e o experimentalismo da banda Strobo, com Leo Chermont, guitarra, e Arthur Kunz, bateria, além da cantora Emília Monteiro, do Amapá, mas que reside em Brasília, e Lucas Guimarães, com um som autoral que mistura poesia às imagens da infância no estado do Pará.

Da Região Centro Oeste, temos a força da banda das bandas do Distrito Federal: Ciclone na Muringa, inspirada nas sonoridades nortistas e nordestinas, O Feliz Amor do Felino, punkrock tupi, e a cantora, poeta e compositora Letícia Fialho. As bandas de Goiânia temos: Boogarins, rock lisérgico com longas improvisações ao vivo, e Carne Doce, que traz criações originais num repertório político e envolvente.

Além dos shows, no Jardim, teremos vindos de Goiânia, o acontecimento, Por Acaso, uma jam session de música e dança, e ainda o grupo Vida Seca, som original criado a partir de recicláveis que nos traz teatro, música e muita sucata. O espetáculo Dúplice, que com mais de uma centena de apresentações em seu repertório desde a criação em 2007, promete fazer com que a arena do Teatro Funarte Plínio Marcos se transforme em uma verdadeira Ágora, sobre a lida bruta brasileira.

Conheça as atrações

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Boogarins (GO) - Banda de rock psicodélico formada no ano de 2012, em Goiânia, pelos amigos de escola, Dinho Almeida (vocais e guitarra rítmica)  e Benke Ferraz ( guitarra solo). Depois entraram Hans Castro (bateria) e Rapahel Vaz (contrabaixo). 

Em 2014, Ynaiâ Benthroldo entrou no lugar de Hans. O primeiro disco da banda, o EP As Plantas Que Curam, foi gravado em casa, nos antigos moldes lisérgicos, carregado de originalidade e vontade de serem ouvidos chamou atenção da gravadora Other Music, de Nova Iorque (a mesma de Iggy Pop) que assinou com o quarteto e em 2013, saiu o primeiro álbum da banda As Plantas que Curam.

Ciclone na Muringa (DF) – a banda traz influências dos ritmos nordestinos, da poesia urbana, das crenças brasileiras, contribuindo para a manutenção das culturas brasileiras, com raízes no Mangue de Aracaju e coração no cerrado, Ciclone na Muringa veio mostrar a riqueza da música brasileira, unindo o peso do rock aos ritmos regionais, que vão do baião ao maracatu, passando também pelo samba, o funk, o ragga, dentre outros.



Carne Doce
Carne Doce (GO) - Sertão e cidade. Delicadeza e selvageria. No universo da Carne Doce, de Goiânia, os contrastes vão além do nome da banda. 

Fruto da interação do casal Salma e Macloys, o grupo nascido em Goiânia em 2013 – hoje acompanhado de João Victor Santana, Ricardo Machado e Aderson Maia – teve seu primeiro álbum eleito um dos melhores nacionais em 2014.  Temas dicotômicos se cruzam com naturalidade. Vocais ora suaves, ora rasgados, surgem como imposição estética, carregados de questionamentos morais e declarações de amor.

Dúplice (GO) – Um espetáculo que surgiu a partir de um processo colaborativo, dentro do qual os dois intérpretes-criadores estiveram submersos em experiências corporais, sonoras e cênicas que envolveram linguagens da dança contemporânea, do teatro-físico, clown e pantomima, bem como da percussão vocal. 

Paralelamente, diálogos e reflexões acerca da condição e atitudes humanas perante a sociedade, afunilando para o comportamento do artista cênico, o artista de palco. O espetáculo também pode ser observado pela qualidade rítmica que lhe é conferida, tanto em seu aspecto sonoro-musical - desenvolvido ao vivo pelos próprios intérpretes, aludindo ao beat-box e a percussão vocal - como no próprio enredo linear (ou ainda, circular) que se desenrola como num processo sucessivo e ascendente de conflitos entre dois seres humanos.

Emília Monteiro (AP) -  há 20 anos residindo no Distrito Federal, Emília Monteiro é a entrevistada do mês de setembro. Ela participa da programação do Festival Ágora da Música Brasileira, fazendo um passeio sonoro pelo Brasil, com especial ênfase nos ritmos do Norte do país. Do Amapá, vem o batuque e o marabaixo, e do Pará, o carimbó chamegado e o lundu, o zouk love, originário das Antilhas, que chega ao Norte do Brasil via Guiana Francesa.

Félix Robbato (PA) – o guitarrista e percussionista Félix Robatto apresenta o show Equatorial, que traz o repertório de seu primeiro disco solo.  

“Equatorial, Quente e Úmido” é um disco pop, com referência forte da música latina. O trabalho mostra uma música contemporânea paraense construída a partir de elementos da guitarrada, surf music, música latina e pop. Acompanhado pelos músicos Adriano Sousa (bateria), Adalberto Júnior (baixo), SM Negrão (teclado) e Ytanaã Figueiredo (percussão), que participaram da gravação do disco, Félix promete um show dançante com duração de 2 horas. O show caracteriza-se como classificação livre. O repertório também traz alguns sucessos de sua ex-banda, o La Pupuña. 

Lia Sophia (PA) – A Guiana Francesa é seu local de nascimento. O Amapá, a ponta do mapa que une o Brasil ao Caribe, terra da família e da infância. O Pará, dos ritmos da Amazônia, lugar aonde começou a carreira como cantora e compositora. Dessa mistura de raízes latinas e caribenhas vem Lia Sophia, que vem sendo citada com freqüência por jornalistas e críticos de música como um dos grandes nomes da nova música brasileira. Eleita por Nelson Motta como a grande revelação de 2012, a cantora lançou em fevereiro de 2014 o seu mais novo CD, batizado com o próprio nome e atualmente está em turnê de lançamento deste disco pelo país.

Feliz Amor Felino
Lucas Guimarães (PA) – Lucas Guimarães, 25, é uma das promessas da nova safra da música paraense. Vindo da região nordeste do Pará, ele trouxe nas costas o violão, carregando cosigo a calma e a delicadeza de quem veio de lugar e tempo outros. 

O primeiro CD “Caliandares”, lançado este ano, faz alusão ao barco que, na década de 1970, era o principal meio de transporte, tanto para cargas quanto para passageiros de Abaetetuba para Belém do Pará. A relação com o interior foi o elemento que, desde o primeiro momento, atribuiu um caráter peculiar às composições de Lucas, agregando lirismo e doçura à sonoridade do músico..

Mestre Vieira (PA) - Nascido em Barcarena, no interior do Pará, Joaquim de Lima Vieira, o Mestre Vieira, inventou um ritmo que tem despertado o interesse de pesquisadores e músicos de várias partes do mundo.  Aos 80 anos, o músico possui 15 LPs gravados entre 1979, ano de lançamento do célebre “Lambada das Quebradas”, e o ano 2000. Em Guitarreiro do Mundo , Mestre Vieira revisita ritmos como o baião, o choro e o samba, sem deixar de lado as características da guitarrada, com misturas de cúmbia, lambada e brega. Em um momento especial, Mestre Vieira deixa a guitarra de lado e pega seu cavaquinho, com o qual toca sucessos como Cúmbia do Ceará. Retomando a guitarra, o músico ainda brinda o público com Loirinha, Motoqueiro e De Norte à Sul.

O Feliz Amor do Felino Ferido (GO) - Banda aliterante, inquietante, alucinante, irritante, pedante, auto-falante, pata de elefante e tromba de iguana. Músicos interessados e ousados, instigados e passados. O grupo faz show para um público ensandecido e bem vestido, afinal, dizem eles, elegância é fundamental.

Ciclone na Muringa
Pio Lobato - Audacioso em seus projetos musicais, o músico foi contemplado pelo Rumos Itaú Cultural em duas edições consecutivas, nos anos de 2001 e 2003. Em 2003, criou e produziu o grupo “Mestres da Guitarrada”, que estabeleceu uma nova visão do gênero no país. 

Atualmente, toca com Dona Onete e leva a carreira solo fazendo experimentações sonoras que o consolidaram como um dos grandes nomes da cena musical brasileira. 

O seu trabalho solo é um laboratório de ideias de onde surgem encontros incomuns. Com sua leitura particular do carimbó, guitarrada e da eletrônica, ele também atua em trilhas sonoras, entre elas a participação na do filme “Deus é Brasileiro”, de Cacá Diegues e no “Ribeirinhos do asfalto”, da cineasta paraense Jorane Castro.

Por Acaso – Mais que banda, é uma jam session de música e dança. Artistas e não artistas, desavisados e a cidade são convidados para improvisar músicas e danças junto aos cicerones-provocadores pelo grupo de dança e pelo grupo musical Vida Seca. A ideia é estabelecer um diálogo estético e sensível com a cidade e seus artistas promovendo intervenções urbanas abertas, democráticas e seriamente celebrativas. Para quem vem para o improviso na dança, o aviso é pra trazer corpos disponíveis.

Strobo (PA) - O duo nasce em janeiro de 2011 com objetivo de aliar à música instrumental uma roupagem pop, utilizando a tecnologia para misturar timbres sintéticos e acústicos sem restrição. Com nítida influência de elementos da house music e do rock a banda compartilha de possibilidades que se devem em grande parte às vivências musicais dos dois integrantes, que vão do jazz ao carimbó.

Vida Seca (GO) - O grupo Vida Seca possui uma trajetória artística de 10 anos, período em que vem desenvolvendo pesquisas sonoras com materiais reutilizáveis, do lixo, da sucata, e de onde mais for possível aproveitar. Um década dedicada aos espetáculos, oficinas, intervenções, e também à reflexões sobre o consumo, o descarte, o lugar das coisas que criamos, que esquecemos e talvez possamos relembrar, recriar.

PROGRAMAÇÃO COMPLETA

23 de setembro  QUA
Ágora da Música Brasileira
19h. Cine Paranoá – Sessão Sonora (Jardim Funarte) Gratuito
  • Rua 57 n. 60 Centro ( videodança – Porquá e Vida Seca)
  • Vida Seca – Som de Sucata em Goiânia (doc. Vida Seca)
  • Pau e Corda: Histórias de Carimbó (doc. por Robson Fonseca, Felipe Marcos, André Mardock)
  • Exibição de Videoclipe das Bandas que integram a programação. ( Lia Sophia / Carne Doce / Boogarins / Strobo / Félix Robatto / Emília Monteiro)

 24 de setembro  QUI
Ágora da Música Brasileira (Jardim Funarte) Gratuito
19h. Cine Paranoá – Sessão Sonora
  • Dona Onete a Encatadora de Botos (doc. Visceral Brasil)
  • O Estilo Laurentino (doc. Visceral Brasil)
  • Mestre Vieira (doc. Visceral Brasil)
  • Rua 57 n. 60 Centro ( videodança – Porquá e Vida Seca) 
  • 20h.  Lucas Guimarães (PA)
  • 20h 40  Letícia Fialho (DF)
  • 21h 30  O Feliz Amor do Felino (DF)

25 de setembro  SEX
Ágora da Música Brasileira (Teatro Funarte Plínio Marcos)
R$ 20,00 (show) (inteira) R$ 60,00 (passaporte dia) (inteira)
  • 16h. Discotecagem + Feira Criativa
  • 18h. Vida Seca (GO)
  • 19h. Ciclone na Muringa (DF)
  • 20h. Dúplice (GO)
  • 21h. Pio Lobatto (PA)

 26 de setembro  SAB
Ágora da Música Brasileira (Teatro Funarte Plínio Marcos)
R$ 20,00 (show) (inteira) R$ 60,00 (passaporte dia) (inteira)
  • 16h. Discotecagem + Feira Criativa
  • 19h. Strobo (PA)
  • 20h. Carne Doce (GO)
  • 21h. Félix Robatto (PA)
  • 22h. Por Acaso (GO)

27 de setembro  DOM
Ágora da Música Brasileira (Teatro Funarte Plínio Marcos)
R$ 20,00 (show) (inteira) R$ 60,00 (passaporte dia) (inteira)
  • 16h. Discotecagem + Feira Criativa
  • 17h. Mestre Vieira (PA)
  • 18h. Emília Monteiro (AP/DF)
  • 19h. Boogarins (GO)
  • 20h. Lia Sophia  (PA)

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