Radicado em São Paulo, há anos, ele está na “terrinha”, com novidades. Henry Burnett lança , novo disco, nas próximas semanas, e faz audição de "Não Para Magoar", já nesta quinta-feira, 12, dia do aniversário de Belém. O álbum acabou de completar dez anos e será executado ao vivo pelos mesmos músicos que o gravaram, Renato Torres (violão e guitarra), Charles Matos (bateria) e Maurício Panzera (baixo). A partir das 22h, na Casa do Fauno - Aristides Lobo, 1061.
Vai ser com certeza uma noite memorável. Henry Burnett apresentará ao púbico as 12 canções que integram o álbum. Conversei com ele sobre o novo trabalho, o que rendeu uma entrevista que será publicada semana que vem, e com Renato Torres, que falou sobre a apresentação desta quinta e das afinidades múltiplas que tem com Henry e que proporcionam trabalhos tão coesos quanto brilhantes.
De visões artísticas aproximadas e uma evidente admiração mútua, Renato e Henry comungam de uma despreocupação com o "sucesso". “A liberdade criativa, o pensamento sobre as canções, a elaboração da melodia, o foco na palavra, são traços coincidentes. Não Para Magoar (2006) foi o primeiro disco que gravamos juntos. Acredito muito que as melhores parcerias se resolvem pela amizade forte que jaz na base de tudo”, diz Torres, cujo encontro com Burnett, em 1997, vem resultando até hoje em uma trajetória de colaborações, shows e composições.
“Não Para Magoar” é de 2006, uma década depois de “Linhas Urbanas”, o primeiro da carreira. Parece meio cabalístico isso, lançar um disco a cada dez anos, mas não é bem assim, como diz o músico Renato Torres, amigo, parceiro e produtor musical.
“Na verdade, ele gravou outros discos em menor tempo. mas esse tempo reflete, além da própria personalidade do Henry, que matura bastante suas canções e trabalhos antes de lançá-los, um pouco do modus operandi independente anacrônico que temos em comum, com o qual me identifico muito.
A urgência e a velocidade, tão próprias do mundo contemporâneo, são demandas às quais permanecemos um tanto alheios, ainda que já tenhamos produzido dois discos em tempo recorde”, diz Renato referindo-se a Retruque Retoque, de 2010, e “Belém Incidental”, agora em 2017.
O músico, que só não participou do Linhas Urbanas (1996) e do Interior (2007, gravado em Buenos Aires), colaborou em todos os demais trabalhos de Henry. “No mínimo como engenheiro de som (caso de Depois da Revoada, 2012, disco lançado apenas virtualmente, masterizado por mim no Guamundo Home Studio)”, relembra Renato.
Disco levou o músico ao "Prata da Casa" em São Paulo
É nesse preciosismo, rigor e senso estético incomum, que Henry Burnett tem levado a carreira, o que inclui sua vida acadêmica, ele é professor de filosofia da música, com aulas e conferências espalhadas pela Europa. "Não Para Magoar" teve um resultado equilibrado entre o uso dos elementos regionais e tradicionais da música popular brasileira.
“Gosto de poucos elementos, de poucos efeitos, por isso o disco tem um som meio distinto do que se ouve normalmente. Tem uma aridez muito nítida”, disse Burnett, à imprensa, na época do lançamento.
Não à toa, o “Não Para Magoar”, que foi gravado no Estúdio APCE, em Belém, em dezembro de 2005 e lançado no ano seguinte, logo foi selecionado pela curadoria musical do SESC São Paulo e lançado no Projeto Prata da Casa - unidade Pompéia, em de outubro de 2006.
A curadoria foi do jornalista Pedro Alexandre Sanches, que também já tinha levado ao projeto nomes como Zeca Baleiro, Chico César e Lenine. O CD foi um dos quatro selecionados dentre 400 inscritos no projeto.
“Em Não Para Magoar condensamos, em arranjos, o desejo de Henry de modificar seu trabalho, retirando-o de um nicho tradicional da MPP (mormente em seu disco Linhas Urbanas) para o cerne da experimentação pop que vigorava no underground da cena roqueira de Belém”, explica Renato.
“Revisitar esse trabalho é confirmar que fizemos escolhas muito acertadas em termos de concepção musical, de arranjos, porque as ótimas canções do Henry continuam nos dando muito prazer em tocá-las. pra isso se grava um disco; para permanência”, complementa o músico.
Agenda - Depois do show na Casa do Fauno, Henry Burnett inicia a maratona de apresentações do novo álbum, “Belém Incidental” , que será lançado nas próximas semanas aqui em Belém. Haverá um pré-lançamento na Discosaoleo, dia 21, às 17h, e no dia 27, às 19h, o lançamento oficialmente o disco no Sesc Boulevard.
Já conversei com Henry Burnett somente sobre o novo trabalho, o que rendeu numa longa entrevista que será publicada em breve, na próxima semana. Vamos ouvir “Não Para Magoar”, ao vivo, nesta quinta-feira, 12. Desejo que a audição e a essência do disco no inspire neste dia de aniversário de Belém, cidade que move o novo álbum a ser lançado, e que é constantemente revisitada por Henry Burnett e que assim seja também por nós, que aqui estamos e a recriamos todos os dias.
Serviço
Casa do Fauno – Brechó, Sebo Livraria, Galeria e Bistrô. Funcionamento das 10h às 19h, de segunda a quarta-feira, e de quinta a sábado, até meia noite. As apresentações de quinta e sexta iniciam às 22h, com entrada a R$ 10,00. Na Rua Aristides Lobo, 1061, entre Benjamin e Rui Barbosa. Mais informações sobre a programação cultural : 91 98134.7719 e 3088.5858.
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