9.8.18

A rua como palco para as artes cênicas em Belém

Poucas pautas em teatro da cidade, espaços coletivos lutando para permanecer na ativa, falta de incentivo e políticas públicas para o teatro. O cenário não é nada animador, mas uma coisa é certa, mesmo em meio ao caos, a produção cênica de Belém nunca deixou de existir. É o que se vai mostrar no Encena Festival de Teatro de Rua, que será realizado de 21 a 25 de agosto, no Sesc Boulevard no anfiteatro da Praça da República, encerramento no Espaço Cultural Apoena. 

Teatro com bonecos, operetas, comédias, debates críticos e textos líricos serão apresentados ao ar livre na primeira edição do Encena Festival de Teatro de Rua. A idealização é de Leonel Ferreira, da Cia de Teatro Madalenas. De acordo ele, “ser artista é ser resistente”. O ator e diretor afirma que não há incentivo do governo para as produções. “A invisibilidade do fazer teatral é tão grande que nós, hoje, fazemos teatro para nossa família e nossos pares. Formar público é fundamental. Há dez anos não temos um festival de teatro na cidade. Queremos atrair pessoas que nunca tenham visto um espetáculo cênico”, destaca.

Na abertura, que será realizada dia 21, no Sesc Boulevard, haverá duas rodas de conversa, sendo a primeira às 14h, abordando “Políticas Públicas para o Teatro em Belém”, trazendo como convidados representantes da Fundação Cultural do Pará e da FUMBEL, além das atrizes Alana Lima, e Mestranda em Artes/UFPA, e Nani Tavares, Profª de Filosofia e Mestra em Artes/UFPA, com mediação de Danielle Franco, jornalista, especialista em Gestão e Políticas Culturais. 

Palhaços Trovadores
Em seguida, às 16h, a conversa gira em torno da Economia Criativa e Conexões em Rede, tendo como convidados os atores Paulo Ricardo (In Bust e Casarão do Boneco) e Ana Marceliano (Dirigível Coletivo de Teatro), com mediação minha, Luciana Medeiros, jornalista e produtora cultural. A entrada para participar dos debates é franca, mas como o espaço é limitado, pede-se que seja feita uma inscrição on line: https://bit.ly/EncenaMesasdeConversa.

A Cia Lama de Teatro abre as apresentações no Anfiteatro da Praça da República, no dia 23, às 18h, com a peça “Bonecos e Tambores”, que conta a história do carimbó a partir da vida de Mestre Verequete. Em seguida, às 19h, entra em cena o Bando de Atores Independentes (BAI), com o inédito “Homem não Chora”, que traz reflexões sobre os muros que enclausuram o sentir e a expressão de nossas dores. Às 20h, os Palhaços Trovadores apresentam “A Vingança de Ringo”, um autêntico dramalhão circense, inspirado nos filmes de bang bang. 

No dia 24, às 18h, o Grupo Experimental de Teatro (Gemte) apresenta “Quem vai pagar o pato?”, uma fábula sobre as injustiças sociais protagonizada por bichos que são explorados enquanto buscam por sonhos inalcançáveis. Às 19h, o acaso comanda a Cia Sorteio de Contos, que convida o público a escolher de forma aleatória o que será apresentado na noite. Às 20h, o Dirigível Coletivo de Teatro apresenta o espetáculo “Pássaro”, uma experimentação entre o gênero “melodrama fantasia” e o formato “cordão de meia lua”, estruturas típicas do teatro popular, baseado nas histórias da tradicional brincadeira junina do Pará.

Dirigível Coletivo de Teatro
No dia 25, a Troupe Vira Rumos apresenta o espetáculo a “Pena e a Lei”, realizado com atores e bonecos, inspirado na obra homônima de Ariano Suassuna. Farsa popular nordestina que conta a história das aventuras de Benedito que, com sua malandragem popular, procura conquistar o amor de sua vida.  

A noite segue com a Cia de Teatro Madalenas, com a peça “La Fábula”. No enredo, uma rainha e três contadores de histórias convidam a plateia para mergulhar no saco do maravilhamento onde tudo que se imagina vira realidade. Às 20h, o In Bust apresenta “Fio de Pão – A história da cobra Norato”, que resgata do imaginário popular o causo da cabocla que pariu duas cobras: Caninana, a má, e Norato, que só quer encontrar quem o desencante para virar gente.

A programação encerra com show do Bando Mastodontes, no Espaço Cultural Apoena, também no dia 25, a partir de 21h. “O projeto se molda como o primeiro festival de teatro de rua da cidade, realizado de forma coletiva e colaborativa. Ousamos experimentar, fazendo na fúria e na vontade. Somos imperfeitos, insistentes e inacabados. E por sermos assim, seguimos”, diz Leonel.

Serviço
Encena Festival de Teatro de Rua. Dia 21 de agosto, a partir de 14h, no Sesc Boulevard. De 23 a 25, no Anfiteatro da Praça da República, com apresentações às 18h, 19h e 20h. Entrada franca. Encerramento com show do Bando Mastodontes, no dia 25, a partir de 21h, no Espaço Apoena. Ingressos R$ 15,00, na bilheteria -  Av. Duque de Caxias 450. Patrocínio do Banco da Amazônia, co-realização do Sesc-Pará, apoio da Rede Cultura e Ná Figueiredo.

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