"Dança sem Nome", de Maria Contreras, da Colômbia |
7 longas e 14 curtas documentários dirigidos e roteirizados por mulheres serão vistos nas mostras competitivas do 1o Festival As Amazonas do Cinema, que ocorrerá dentro da programação do 6º Amazônia Doc, entre 12 e 23 de setembro. A transmissão será on-line pela plataforma de streaming AmazôniaFlix.
Um festival para premiar e dar visibilidade ao cinema feito por mulheres. Este é o foco fo 1o Festival As Amazonas de Cinema, cujo processo curatorial, além de considerar as obras dirigidas e roteirizadas por mulheres, analisou também se as temáticas estavam alinhadas com a proposta estética.
“Fizemos uma seleção em cima dos recortes que a gente já vinha dimensionando nos debates da curadoria, como o primeiro critério que era de serem filmes dirigidos ou roteirizados por mulheres, mas terem uma representação feminina afirmativa”, diz Lorenna Montenegro, jornalista, roteirista e crítica de cinema.
Ela integra a curadoria do festival, junto com a artista visual Carol Abreu, a roteirista e cineasta Flávia Abtibol e a produtora e também cineasta Zienhe Castro, diretora geral do 6º Amazônia Doc. Ao todo foram inscritos 50 filmes, habilitados a partir de critérios específicos deste festival, cuja iniciativa vem contribuir com a valorização do produto audiovisual do gênero documentário dirigido por mulheres.
“Mesmo em meio a um cenário de tantas incertezas, onde a cultura, tendo o audiovisual como a ponta do iceberg, diretamente atingida, a primeira edição do Festival Amazonas do Cinema, recebeu um número expressivo de inscrições”, comemora Carol Abreu.
"A Mulher com Luz Própria", de Sinai Sganzerla, de SP |
Entre os selecionados, há filmes sobre a história de mulheres importantes para o Brasil, como “A Mulher de Luz Própria”, uma cinebiografia de Helena Ignez, considerada uma das principais figuras femininas do cinema brasileiro, em “A Mulher da Luz Própria”, dirigido e roteirizado por Sinai Sganzerla, sua filha. E histórias curiosas, como é o caso do “Fakir”, que traz imagens atuais de artistas contemporâneos que mantêm essa arte viva em apresentações e shows, com direção de Helena Ignez.
Em “Rosa de Vênus”, um documentário experimental, é abordado o Sagrado Feminino e a ancestralidade na América Latina. “É um filme híbrido, mistura os gêneros documentário e ficção, fazendo um recorte entre Brasil e México”, comenta Lorenna. “E temos também documentário político, bem representado pelo longa “Um conto de duas cidades de empresas”, de Priscilla Brasil, que vai falar da Serra do Navio, no Amapá, que foi durante muito tempo um local de exploração do minério, mas quando encerrou a mina, pouco deixou de desenvolvimento, de fato, para as pessoas que ficaram por lá”, continua.
Outro destaque é “Mulheres que Alimentam”, que se passa numa comunidade Pataxó, na Bahia. “Temos neste filme a representação de mulheres indígenas e quilombolas daquela região, tentando sobrevier as ameaças que as cercam”, segue Lorenna. Já em “Portunhol” se discute essa questão de fronteiras entre brasileiros e bolivianos e de como eles conseguem conviver neste locais. “Vamos entender a questão da língua, da assimilação cultural, preconceitos, mas também os pontos em comum utilizados para resistir nas fronteiriças da Amércia do Sul”, analisa a crítica e roteirista.
"Um conto de duas cidades de empresas", de Priscilla Brasil (PA) |
Para Carol Abreu, participar da curadoria do festival, foi um grande desafio, “principalmente em função da potência desse recorte único da Mostra. Visionar essas produções, especificamente feita por mulheres, confronta, discute e abre janelas, ressignificando a forma de produção e os olhares, e fomentando questões pertinentes sobre a abrangência do território da Pan Amazônia, e a elaboração do pensamento, além de mapear a representação feminina”.
Lorenna explica que esta primeira edição é um embrião para o festival que se deseja. “Queremos pensar muito mais nesse lugar das mulheres que realizam filmes na Amazônia Legal e que pensem nestas temáticas de representação das mulheres neste território. Nesta edição há filmes de todas as regiões do país, mas apenas um do Pará, por isso, sentimos que precisamos mobilizar mais as realizadoras daqui e da Pan Amazônia, para que possamos ter, neste festival, a voz destas mulheres e poder integrar estas realizadoras, cineastas e produtoras da região”, conclui.
Além de trazer histórias contadas através de um olhar feminino e amazônico, o festival também vai homenagear uma grande personalidade da nossa cultura, entregando o Troféu ENEIDA DE MORAES às vencedoras. Mulher da Literatura, importante militante política e ativista cultural, a escritora foi fundadora do Museu da Imagem e do Som - PARÁ, em 1971, ano que ela faleceu.
O 6o Festival de Cinema AMAZÔNIA DOC 3 em 1 será realizado de 12 a 23 de setembro pela plataforma de streaming Auma realização do Instituto Culta da Amazônia, com a Co-realizacão do Instituto Márcio Tuma; patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei Semear de Incentivo à Cultura - Fundação Cultural do Pará - Governo do Pará. A produção é da ZFilmes; parceria do SESC e apoio cultural da Rede Cultura de Comunicação; Ufpa - Curso de Cinema, Estrela do Norte - Elo Company e Casa NaMata.
1º FESTIVAL AS AMAZONAS DO CINEMA
FILMES SELECIONADOS
LONGAS METRAGENS
Rosa Vênus
Direção: Marcela Morê
Roteiro: Marcela Morê e Marcela Mara
Produção: Marcela Morê
Brasil, RJ, 2019, 76
Portuñol
Direção: Thais Fernandes
Roteiro: Thais Fernandes e Boca Migotto
Produção: Fabiano Flore, Jessica Luz e Mariana Mêmis Müller
Brasil, RS, 2020, 70’
Saudade Mundão
Direção: Julia Hannud e Catharina Scarpellini
Roteiro: Julia Hannud, Catharina Scarpellini e Renato Maia
Produção: Julia Hannud e Andre Lion
Brasil, SP, 2019, 88’
Fakir
Direção: Helena Ignez
Roteiro: Helena Ignez
Brasil, SP, 2019, 92’
A Mulher da Luz Própria
Direção: Sinai Sganzerla
Roteiro: Sinai Sganzerla
Brasil, SP, 2019, 74’
Currais
Direção: Sabina Colares e David Aguiar
Roteiro: Sabina Colares e David Aguiar
Produção: Khalil Gibran
Brasil, CE, 2019, 91’
Um conto de duas cidades de empresas
Direção: Priscilla Brasil
Roteiro: Priscilla Brasil
Produção: Priscilla Brasil e Wilson Paz
Brasil, PA, 2020, 90’
CURTAS METRAGENS
Dança sem nome
Direção: María Contreras
Roteiro: María Contreras
Produção: María Contreras e Rui Amado
Colômbia, 2018, 8’ 10”
Adelante: a luta das refugiadas venezuelanas no Brasil
Direção: Luiza Trindade
Roteiro: Luiza Trindade e Hugo de Araújo
Produção: Luiza Trindade
Brasil, RJ, 2020, 30’
Extratos
Direção: Sinai Sganzerla
Roteiro: Sinai Sganzerla
Brasil, SP, 2019, 8’
Nova Iorque, mais uma cidade
Direção: Joana Brandão e André Lopes
Roteiro: Joana Brandão, Patrícia Ferreira Guarani e André Lopes
Produção: Joana Brandão, Patrícia Ferreira Guarani e André Lopes
Brasil, SP, 2019, 18’30”
Câmera, tá OK?
Direção: Nathalia Oliveira
Roteiro: Mateus Brilhante
Produção: Antonio Victor e Henrique Guilherme
Brasil, 2019, 14’34”
Às vezes desapareço
Direção: Manuela Santana
Roteiro: Manuela Santana
Produção: Manuela Santana
Brasil, 2020, 6’14”
Sabrina
Direção: Jéssica Barreto
Roteiro: Jéssica Barreto
Produção: Diego Sousa
Brasil, SP, 2019, 19’
Matança Popular Brasileira (MPB)
Direção: Edileuza Penha de Souza
Roteiro: Edileuza Penha de Souza
Produção: Marcus Azevedo e Ruth Maranhão
Brasil, 13’56”
Mulheres Coletoras de Sementes (PI'Õ RÓMNHA MA'UBUMRÕI'WA)
Direção: Danielle Bertolini
Roteiro: Coletivo
Brasil, MT, 2020, 12’
Doce Veneno
Direção: Waleska Santiago
Roteiro: Waleska Santiago
Produção: Melquiades Junior, Martin Thiel e Kurt Vanzo
Brasil, CE, 2020, 16’
Tesouro Escondido do Equador
Direção: Kata Karáth e Ana Naomi de Sousa
Produção: Dan Davies e Farid Barsoum
Equador, 2019, 25’18”
Recomendado
Direção: Roberta Barboza de Oliveira Machado
Roteiro: Roberta Barboza de Oliveira Machado
Produção: Roberta Barboza de Oliveira Machado
Brasil, RS, 2019, 16’32”
Opará - Morada dos nossos ancestrais
Direção: Graciela Guarani
Roteiro: Graciela Guarani
Produção: Alexandre Pankararu
Brasil, PE, 2019, 20’
Até o fim do mundo (Nakua pewerewerekae jawabelia)
Direção: Margarita Rodrigues Weweli-Lukana e Juma Gitirana Tapuya Marruá
Roteiro: Margarita Rodrigues Weweli-Lukana e Juma Gitirana Tapuya Marruá
Produção: Juma Gitirana Tapuya Marruá
Colômbia, 2019, 16’
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