O grupo Tambores de Louvação surgiu por meio das oficinas de mesmo nome, ministradas pelo percussionista Rafael Barros, do Instituto Arraial do Pavulagem. Nas oficinas eram estudados os ritmos da Amazônia e sua relação com as festividades religiosas, unindo o som e conhecimento até mesmo histórico sobre estas manifestações populares. Com o passar do tempo, o grupo se formou e passou a se apresentar; e depois, a compor suas próprias músicas, sempre com características dos ritmos estudados.
Rafael Barros é percussionista há mais de 20 anos, graduado em Licenciatura Plena em Música pela UFPA, desde então, pesquisa sobre a percussão paraense e amazônica, tendo ainda a percussão brasileira na sua base de formação. “Até por isso fui convidado a integrar o Arraial do Pavulagem. O Edgar Chagas me convidou primeiro para ministrar as oficinas para o cortejo, depois eles precisaram de mais uma pessoa para ensaiar o Batalhão da Estrela, e logo em seguida, veio o convite para tocar na banda”, conta. Quando entrou em 2005 para o Pavulagem, ele também já vinha da experiência com o grupo Quaderna, fundado por Allan Carvalho e Cincinato Marques.
Uma pessoa importante nessa trajetória também foi o professor Vanildo Monteiro, com quem Rafael estudou no Conservatório Carlos Gomes, no final dos anos 1990, que o estimulou a ministrar oficinas no Curro Velho. “E uma coisa que me encanta é dar aula. Daí que fui para a Licenciatura na UFPA e meu TCC foi sobre a Irmandade de Carimbó de São Benedito, de Santarém Novo, município próximo à Salinas, cuja festividade ocorre de 21 a 31 de dezembro, tendo o carimbó como ritmo principal”.
Após cinco meses de realização da oficina “Tambores de Louvação”, em 2017, ao chegar na temática do Boi-Bumbá, surgiu a proposta de montar um grupo, pois algumas pessoas tornaram-se participantes frequentes e o repertório havia crescido.
“Tanto que o CD é todo pautado nessas pesquisas, algo parecido com o Pavulagem, em que você tem a pesquisa, a fonte, mas também traz algo da nossa contemporaneidade; afinal, a gente não mora lá no interior de Cametá, onde ocorre o Bambaê do Rosário; não somos uma comunidade quilombola, mas tentamos reavivar isso de alguma maneira”.
Entre as canções escolhidas para colocar o Boi-Bumbá em prática na turma, foi escolhida a faixa-título do álbum “Oura”, de Allan Carvalho. “Eu fiz um vídeo do grupo cantando e tocando e mandei para ele. Claro, eu já tinha segundas intenções (risos) de trabalho, de querer tocar e ele convidou; então começamos entrar nos shows do Allan e nos apresentar juntos”. Depois houve um momento de abranger o repertório, a pandemia foi marcada por algumas lives e a busca por editais para gravar o primeiro álbum, já com cinco músicas autorais prontas para a empreitada.
No campo da escrita, Ronaldo Silva, músico-fundador do Pavulagem ajudou a nortear o lado compositor de Rafael Barros. “Antes eu escrevia mais como poesia, só depois fui pensando mais na questão da música. E tudo eu mostrava para o Ronaldo, ele ia me orientando. ‘O lance é escrever, que vai melhorando’, ele diz. Na faixa ‘Negro Santo’, um xote baseado em Bragança, tinha uma palavra que ele me sugeeriu trocar por guardião, que dava o sentido de guarnecer. E às vezes meu processo é muito na marra mesmo, essa música era a última que tinha que colocar no disco, fiz em 40 minutos, e hoje é uma das que mais gosto do álbum”.
Boa parte das composições ainda passa pelo lapidar de outros amigos, especialmente José Maria Bezerra, que também acabou assumindo a co-direção do disco “Caminho Devoto”; e também Allan Carvalho. O instrumental abrange a diversidade das pesquisas em torno das manifestações. Ao abordar o carimbó de Santarém Novo, vieram os curimbós; depois as caixas do Marabaixo e do Marambiré de Alenquer; os pandeiros do Boi-Bumbá, instrumento usado pelo Amo, figura principal dos bois tradicionais, que o utiliza junto com o apito tanto para começar uma toada quanto para terminar; da Marujada de Bragança vieram os Tambores de Santo; e há instrumentos mais agudos, como as maracas, os caxixis, reco-recos, matracas, triângulo, ficheiro [ganzá vindo boi-bumbá] e o agogô feito de castanha-do-Pará.
Fazem parte do grupo: Ana Terra, André Pompeu, Beth Igreja, Celly Brabo, Cláudio Nunes, Cris Igreja, Cris Rodrigues, Laura Figueiredo, Rafael Barros, Simone Viana e Suzy. José Maria Bezerra ficou responsável pelos arranjos.
“A gente ensaiava no estúdio mesmo e gravava. Algumas pessoas do grupo nunca tiveram uma experiência como essa”, explica o percussionista. O disco foi gravado no estúdio Apce, em 2021, um processo estendido pela pandemia, que exigia pausas e cuidados redobrados. Gravada bem antes, reunindo ainda outros participantes das oficinas “Tambores de Louvação”, a faixa “Rei Negro”, chegou a tocar na Rádio Cultura, tornando-se o primeiro single de “Caminho Devoto”.
Instagram @tambores.de.louvacao
Facebook/ Tambores11
Youtube/ Tambores de Louvação
Pré-save do disco “Caminho Devoto”: https://onerpm.link/804703400003
(Holofote Virtual, com informações da assessoria de imprensa)
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