Neste ano, o Festival de Cinema das Periferias e Comunidades Tradicionais da Amazônia - Telas em Movimento expande sua atuação para novos territórios nos estados do Pará e Maranhão, com o intuito de democratizar o acesso ao cinema e incentivar dinâmicas de criação, percepção e distribuição de narrativas plurais em defesa da Amazônia viva, produzidas e narradas por aqueles que vivem seu território e estão na linha de frente dos impactos causados pela crise climática.
Para Val Araújo, produtora cultural e coordenadora do ACX, a crise climática tem atingido a região de forma intensa: “As mudanças climáticas aqui na região do Xingu estão provocando escassez, calor e muita chuva. Os rios não subiam tanto como está agora devido ao aquecimento global, a mudança no clima e também ao empreendimento de Belo Monte, aí sobem muito as águas e os peixes se espalham e fica difícil a pesca para os pescadores, a agricultura familiar tá sentindo muito nesse aspecto de muita chuva e muito sol ao mesmo tempo”.
Não à toa, a floresta amazônica viveu em 2021 o seu pior ano em uma década. De janeiro a dezembro, foram destruídos 10.362 km² de mata nativa, o que equivale a metade do estado de Sergipe, segundo os dados mais recentes do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a região por meio de imagens de satélites.
Impactos e estado de emergência ambiental
Ao final da oficina, neste domingo, 20, será realizada uma mostra com o filme produzido pelos participantes, logo após terá um bate papo sobre o processo de aprendizado e construção audiovisual, além de contar com a apresentação cultural do Rap da Transamazônica e da associação dos grupos folclóricos de Altamira (AGFAL). O estudante de engenharia florestal, Jhonathan Prado, é um dos participantes da oficina e acredita que o audiovisual é uma ferramenta importante para o processo de fortalecimento das narrativas da sua região.
“Não precisa vir alguém de fora para contar nossa história, a gente mesmo tendo noção e conhecimento do audiovisual pode colocar nas nossas telinhas a nossa realidade, o que a gente vive aqui. Então o audiovisual chega até nós para fortalecer esse processo de ‘nós por nós’, nós mesmos contarmos as nossas próprias histórias”, diz.
Pequena retrospectiva dos três ano do festival
No primeiro semestre de 2021, na sua terceira edição, trouxe a pauta da inclusão digital a partir temática “Navegações Inclusivas”. E durante o segundo semestre, em sua 4° edição intitulada “Telas em Rede: Conectando Juventudes e Ancestralidade no Baixo Tapajós”, foi para o Oeste do Pará, realizando vivências na Aldeia Vista Alegre do Capixauã, dentro da Resex Tapajós-Arapiuns, e na comunidade de Vila Brasil, no Projeto de Assentamento Agroextrativista (PAE) Lago Grande, ambas no município de Santarém.
Como resultado desse processo, as juventudes do Baixo Tapajós produziram seis filmes por meio de smartphones, possuindo gêneros diversificados: Documentário, ficção e vídeo para internet, abordando temáticas que valorizam os seus territórios, exaltando as belezas naturais, as mobilizações locais e as boas práticas realizadas, como o reflorestamento e o turismo de base comunitária, contrapondo narrativas hegemônicas depreciativas a partir do protagonismo e emancipação da juventude por meio do audiovisual.
Serviço
A 5° edição do Festival de Cinema das Periferias e Comunidades Tradicionais da Amazônia - Telas em Movimento será realizada de fevereiro a setembro deste ano. Neste domingo, 18h, haverá Mostra em Altamira, com exibição de filmes locais e apresentação do Rap da Transamazônia e Carimbó do AGFAL. Na Praça da Independência, Rua da Orla, Recreio - Altamira-Pa. Gratuito e aberto ao público!
(Holofote Virtual, com informações enviadas pela assessoria de imprensa)
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