5.10.22

Simões abre exposição individual "A Pele da Cor"

O artista faz a primeira exposição depois de dois anos de pandemia. Estarão expostas aproximadamente 40 telas produzidas em 2022. Na Galeria Silveira Athias - Av. Alcindo Cacela, 1858 - nesta quinta-feira, 6,  com vernissage às 17h30.


Simões e a Cor - Por Thiago Lima de Souza


Não há como negar que a cor sempre fora tema central da obra de Simões que, através do uso majestoso de suas pinceladas, produziu obras que sempre estabeleceram conexão emocional intrínseca com o expectador.

Nesse sentido, a evolução da obra do artista, após o período de confinamento imposto pela pandemia, nos revela um novo uso magistral dessa força policromática a trazer novas significações para o uso da cor, acentuando a potência cromática de suas telas e as qualidades emotivas de sua produção, aproveitando a herança dos cânones fauvistas de Matisse e Chagall que tanto marcaram seu trabalho. 

Porém, Simões vai além, perpassa pelo Orfismo de Delaunay, ao abandonar o figurativo e trabalhar o uso das formas, adentrando com profundidade e excelência no abstrato, fazendo jus ainda a sinestesia sensorial proposta por Kandinsky, que ao  incorrer no abstracionismo de sua produção, buscava unir Música e Cores, sendo afinal  inegável que a música, quando não acompanhada por letra ou voz, é uma forma de arte totalmente abstrata apta a despertar emoções, tal como as despertadas e referenciadas pela obra do artista paraense representada nesta exposição.

Não é à toa portanto que Simões preocupa-se em propor uma poesia sonora para acompanhar a análise de suas telas ao estabelecer uma trilha sonora para sua mostra, a ressaltar o vigor de sua obra,  revelando a contemporaneidade de sua nova produção e a importância que o artista enseja para a percepção de mais de um sentido, a complementar a imersão pela jornada sensitiva proposta.  

Não há como deixar de observar na nova fase do artista a influência  de forma contundente de uma das principais, fundamentais e mais marcantes correntes artísticas brasileiras, o concretismo, da qual sua obra faz grande significação, bebendo dos elementos modernistas que marcaram a produção da década de 50 em nosso país. 

Assim é que a obra de Simões revela-se atemporal, denotando-se o uso magistral da pele da cor  pelo artista através de seus pincéis a brindar o expectador com obras vigorosas,  que contém em seu cerne elementos e referências que perpassam de forma brilhante pela história da arte, da moderna à contemporânea,  proporcionado ao expectador  uma imersão a provocar e deleitar os sentidos que honra sobremaneira o entendimento de Kandinsky para o qual: “A cor é uma força que influencia diretamente a alma”.

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