Simões e a Cor - Por Thiago Lima de Souza
Nesse sentido, a evolução da obra do artista, após o período de confinamento imposto pela pandemia, nos revela um novo uso magistral dessa força policromática a trazer novas significações para o uso da cor, acentuando a potência cromática de suas telas e as qualidades emotivas de sua produção, aproveitando a herança dos cânones fauvistas de Matisse e Chagall que tanto marcaram seu trabalho.
Porém, Simões vai além, perpassa pelo Orfismo de Delaunay, ao abandonar o figurativo e trabalhar o uso das formas, adentrando com profundidade e excelência no abstrato, fazendo jus ainda a sinestesia sensorial proposta por Kandinsky, que ao incorrer no abstracionismo de sua produção, buscava unir Música e Cores, sendo afinal inegável que a música, quando não acompanhada por letra ou voz, é uma forma de arte totalmente abstrata apta a despertar emoções, tal como as despertadas e referenciadas pela obra do artista paraense representada nesta exposição.
Não há como deixar de observar na nova fase do artista a influência de forma contundente de uma das principais, fundamentais e mais marcantes correntes artísticas brasileiras, o concretismo, da qual sua obra faz grande significação, bebendo dos elementos modernistas que marcaram a produção da década de 50 em nosso país.
Assim é que a obra de Simões revela-se atemporal, denotando-se o uso magistral da pele da cor pelo artista através de seus pincéis a brindar o expectador com obras vigorosas, que contém em seu cerne elementos e referências que perpassam de forma brilhante pela história da arte, da moderna à contemporânea, proporcionado ao expectador uma imersão a provocar e deleitar os sentidos que honra sobremaneira o entendimento de Kandinsky para o qual: “A cor é uma força que influencia diretamente a alma”.
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