17.12.22

Psica abre com força popular e swing de Liniker

O festival está celebrando uma década dedicada à cultura periférica e amazônica e pretende dar um salto para sua consolidação em 2023. Na abertura de ontem, houve cortejo reunindo movimentos como a Marujada de São Benedito, os Pássaros Juninos, a bateria do Bole-Bole, as Themônias, o Auto do Círio e o Batalhão da Estrela. O ponto auto da noite, que encerrou com DJs e com a aparelhagem Super Pop, foi o show de Liniker, que entrou no palco já próximo da meia noite. 

Há dez anos, o festival Psica surge com o ideal de abrir os espaços e os caminhos para a música preta, feita por pessoas da periferia, em todo o país, e da Amazônia, artistas que ficam muitas vezes invisibilizados ou, ainda que sejam geniais, seguem enfrentando um preconceito. Foi com a ideia de mudar algo, que o festival também recebeu o nome de Psica, que significa má sorte, uma espécie de feitiço que se joga contra os adversários, mas no caso do festival, a história é outra. 

“O nome surge do nosso regionalismo, falar do que a gente vive aqui na Amazônia, esse nome é uma forma de reverter o que aqui se entende como uma mandinga pra jogar azar no outro. Revertemos isso e jogamos uma psica boa na galera. Entendemos que esse nome se encaixa perfeitamente no festival, por causa dessa regionalidade”, diz Gerson Júnior, criador e diretor do Psica.

O produtor acredita que a realização desse evento que celebra os 10 anos do Psica é um momento de virada do festival para um outro patamar. “Em 2023, o Psica quer entrar no calendário nacional. Os olhares de todas as regiões estão voltados pra gente. Por isso estamos entregando o evento deste ano da melhor forma possível , queremos nos consolidamos como uma potência da Amazônia”, diz .

O projeto surge de forma independente e assim segue, buscando apoios como este ano, conta com o Governo do Estado, por meio das secretarias de cultura e turismo, Prefeitura de Belém, Hotel Princesa Louçã e Na Figueredo. “É um corre muito grande, a gente trabalha muito. E contamos com o público, o nosso maior patrocinador, além de outras fontes também, mas esse ano a entrega é muito maior e por isso estamos nos dedicando de corpo e alma”, comenta. 

Para o Psica, o maior retorno de tudo isso é o público. “A gente vê esse retorno, no público que consome o Psica. Ele é diverso e se sente bem em estar aqui. Abrimos as portas para grupos minoritários, pessoas pretas, mulheres, por exemplo, para que se sintam o mais acolhidos possível.  Então sabemos que o nosso discurso funciona quando a gente olha pro nosso publico”, conclui Gerson.

Fitas coloridas, cortejo e tambor

No final da tarde desta sexta-feira, o Arraial do Pavulagem levou cortejo, levantamento de mastro e muita alegria e cantoria para a abertura do Festival Psica 10 Anos, no Espaço Náutico Marine Club, situado à beira do rio Guamá. “É um prazer sempre enorme tocar no Psica. É uma galera que provoca inclusão, recebe todo mundo muito bem e a expectativa é sempre a melhor possível. Quando construímos o ‘Arrastão’ de junho, na Praça da República, nosso princípio era arrastar as pessoas para assistir o show e nós reproduzimos isso hoje junto a vários grupos”, disse Ronaldo Silva, fundador e músico do Arraial do Pavulagem.

Em seguida vieram Os Tambores do Pacoval, grupo da comunidade de Pacoval, no Marajó. “Hoje foi um dia histórico para nós que viemos de uma comunidade para o maior palco da sua história até o momento. Estamos muito agradecidos ao Psica, isso nos incentiva a tocar mais. Todos aqui começaram a tocar criança, em contato com os mestres, como o mestre Diquinho, que é um grande artista, poeta e produtor de boi bumbá e um série de outras manifestações artísticas. Temos muito orgulho do nosso movimento. Hoje, nosso bairro se transformou por causa do carimbó e dos Tambores do Pacoval”, diz Airton Favacho, integrante do Tambores do Pacoval, da comunidade do pacoval. 

A programação seguiu com o show do Baile do Mestre Cupijó, que levantou o público com um show de saxofones no palco, a marca registrada de Cupijó, saudoso mestre do município de Cametá. Logo depois o show da cantora e baterista “Layse e Os Sinceros” nos levou ao embalo de bregas, merengues e canções de amor sensual. Em cada apresentação, toda a representatividade que tanto se preza no conceito do projeto. Até domingo, o público de certo vai ter muitas outras gratas surpresas como ontem tive com a Liniker.

Explosão de personalidade e musicalidade

Dona de si, ela faz o público literalmente delirar por ela. A cantora levou sucessos do premiado álbum “Indigo Borboleta Anil” e hits da carreira. Groove swingado, sua banda maravilhosa. Mesmo nas canções mais lentas, é difícil ficar parado. Liniker foi generosa e atenciosa com seu público, mas a imprensa não teve tanta sorte. A cantora tinha um tempo curto, segundo informou a produção, e não recebeu os jornalistas após sua apresentação, como era a expectativa também do blog, mas disse muito no palco, com posicionamentos políticos e mostrando-se emocionada no reencontro com Belém. Foi aqui, o ultimo show da turnê do novo álbum.

“Estou muito feliz de voltar a Belém, é uma cidade que eu gosto muito. Não via a hora que a turnê chegasse aqui. É muito doido como sendo uma cantora independente, às vezes é difícil que a gente chegue com um show do Norte. Estou feliz de voltar a Belém em uma edição tão bonita quanto essa do Psica, principalmente por saber que é um show gratuito. Acho que é muito legal quando os festivais conseguem, para além de trazer artistas do Brasil inteiro, fazer um evento para que a cidade seja inclusa e aproveite”, comemorou a cantora.

Também compositora, atriz e artista visual, ex-integrante da Liniker e os Caramelows, banda com a qual lançou os primeiros trabalhos, ela desponta soberana para o mundo e, mais recentemente, fez história ao tornar-se a primeira artista transgênero do Brasil a receber um Grammy Latino. Liniker recebeu o prêmio de ‘Melhor álbum de música popular brasileira’ pelo disco Indigo Borboleta Anil, disputando a premiação com Caetano Veloso e Marisa Monte. 

O que rola no sábado

Festival Psica continua neste sábado (17), com shows de Urias (MG), Gaby Amarantos(PA), Baco Exu do Blues (BA), Lia de Itamaracá (PE), Nic Dias (PA) e outras dez atrações. O Espaço Náutico Marine Club, localizado no bairro do Guamá, espera cerca de 10 mil pessoas no segundo dia de evento. Os passaportes para os dois dias, assim como os ingressos individuais, estão à venda em festivalpsica.byinti.com. O Psica tem abertura dos portões às 17h.

Sereia do Mar (Marapanin), Desalmado (SP), Molho Negro, Rejeitados pelo Diabo, Rock da Meury, Quebrada Queer (SP), Tonny Brasil + Maderito & Banda Bundas, Melissandra (Marabá) e Kratos (Castanhal) + Íra também animam a noite. Seguindo a ordem de uma aparelhagem sonora por dia de evento, quem encerra a programação é o Mega Príncipe New Tech, em celebração a música periférica e nortista. Os DJs Edilson e Edielson compartilharam a expectativa de tocar no 10º Festival Psica.

Confira o line-up completo

Daniela Mercury - Baco Exu do Blues - Liniker - Gaby Amarantos - Lia de Itamaracá - Mega Principe New Tech - Super Pop Live - Surreal Crocodilo - Viviane Batidão - Luedji Luna - Flora Matos - BK - Nic Dias - Urias - Madame Saatan - Arraial do Pavulagem & Batalhão das Estrelas - Rock da Meury - Mc Naninha - Molho Negro - Tony Brasil + Maderito & Banda Bundas - Badsista - Victor Xamã - Arthur da Silva - Baile do Mestre Cupijó - Sereia do Mar - Quebrada Queer - Reggaetown Convida Bruno BO, Negro Edi & Bruna BG - Layse & Os Sinceros - DJ Eric Terena - Tambores do Pacoval - Kratos + Íra - Filhos de Maiandeua - Sisa - Daniel ADR - Rawi - Desalmado - Cerebro de Galinha - Melissandra - Rejeitados Pelo Diabo - Dj Jon Jon

Sobre a Psica Produções

O Psica, muito além de um festival multicultural, é um movimento artístico preto e periférico nascido na Amazônia que vem alcançando influência em todo o Brasil. A Psica Produções também é responsável por um selo, a Psica Gang, que reúne 17 artistas da música e das artes visuais e que este ano assinou contrato de distribuição musical com a Warner Music Brasil.

Festival Psica 10 Anos

16 a 18 de dezembro

Local: Espaço Náutico Marine Club - Avenida Bernardo Sayão, Nº 5232 - Guamá

Ingressos

Passaporte Psica

Lote 4: R$180,00 (meia estudantil / solidária)

Shopping Bosque Grão Pará - Loja Imaginarium (Piso 1)

Boulevard Shopping - Loja Imaginarium (Piso 1)

Realização: Psica Produções

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