Cores vibrantes, iluminação perfeita e uma visualidade pela qual o festival prezou durante os três dias. Tudo isso estava ali estampado no show de Daniela Mercury, que fez duas horas de apresentação, quando o previsto era uma hora e meia. Estava encantada com o festival e sua proposta de conceito musical periférico e de valorização da cultura popular e afro amazônica.
A cantora trouxe bailarinos e cantou músicas do álbum mais recente, "Baiana". “Ninguém vai parar um segundo, não vai dar nem pra respirar”, avisou. "Hoje eu vim aqui reforçar essa iniciativa que é o Psica. Fiquei encantada, já são 10 anos fazendo um festival feito dessa forma, com arte da melhor qualidade, trazendo uma turma que muitas vezes não tem visibilidade. E tem gente de todo lugar do Brasil, gente que teria dificuldade de chegar aqui na região norte. Eles fazem isso com esforço e sem patrocínio. São ‘loucos’ igual a mim, vão pra rua e o que importa é fazer acontecer”, disse a cantora, que também fez uma previsão para um futuro próximo.
“Eles vão se consagrar. É um grande festival, com uma infra estrutura fantástica e ainda fizeram um dia inteiramente gratuito. É assim que você vai ensinando como a cultura é transformadora e que não tem nada mais importante pra gente se reconhecer enquanto ser humano do que a cultura”, disse a rainha do axé, como a identificam na Bahia.
Em determinado momento, um deles entra em cena com as vestimentas de Omulu, encantando e arrancando aplausos fervorosos da plateia. Além dos bailarinos, as percussões também são presentes e marcantes em todo o show. Baixo, guitarra e teclado também estão ali, mas dispostos de forma discreta no palco.
Na plateia, na área vip estava Flora matos que cantava todo o repertório, chamando a atenção de Daniela que a chamou para uma participação inusitada. No repertório recheado de sucessos, não faltou "Banzeiro", música de Dona Onete gravada por Daniela em um clipe que se tornou um hit no carnaval de Salvador, em 2018. A partir daí, ela que já conhecia a artista paraense, desde o primeiro disco, ficou fã.
A rainha do axé encontra a rainha do chamegado
“Dona Onete é maravilhosa, foi um dia encantador e inesquecível pra mim. Relembrei vários sucessos dela, cantamos, fiz o treme. São musicas maravilhosas”, comentou Daniela revelou que gostaria de colocar mais músicas do Pará no carnaval da Bahia. “E vou inserir isso de forma mais ampla, eu acho importante, porque a gente, em Salvador, começou a valorizar a musica local e estimulou que outros lugares também fizessem o mesmo. Eu sinto felicidade em ver isso florescer em todos os cantos”, disse a cantora.
O Ministério da Cultura e a redemocratização
“Vejo com muita esperança. Margareth Menezes e eu somos amigas há mais de 30 anos e ela é genial, artista de potência nordestina, mulher na luta pelos Direitos Humanos. Ficamos nós duas sendo cogitadas para ministério e a gente se perguntava: quem vai? A gente estava colada, mas quando ela foi para a transição, eu disse olhe, segure aí, que eu vou ajudar de outro jeito. Aqui fora vou estar no palco e na sociedade civil organizada, a gente precisa se organizar pra ter outras condições de trabalho, a gente aprende muito ao longo da vida . Então estou muito feliz e muito esperançosa. Margareth tem uma força positiva para assumir o ministério junto com essa equipe que a gente tá vendo se formar”, comentou.
Daniela Mercury também ressalta a necessidade de estarmos atuantes, representando o nosso papel enquanto sociedade. “O povo é soberano então precisa participar. E eu vejo que todos esses movimentos periféricos em inserção na democracia. Essa redemocratização deu um susto pra gente perceber que não dá pra ficar descansado e deixar que os representantes (políticos) tomem conta. Foram seis anos nada democráticos, mas a partir de Lula, podemos avançar, aperfeiçoar e derramar cultura pra todo lado, fazer ocupação artística. Esse é o caminho”, concluiu.
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