21.4.11

In Bust leva seu teatro com bonecos a onze estados em circulação com o Amazônia das Artes

Aníbal Pacha é Eugênio (com a porta), o faz tudo da trupe
O In Bust Teatro com Bonecos parte neste sábado, 23, para mais uma circulação do espetáculo Catolé e Caraminguás, desta vez pelos nove estados da Amazônia Legal, incluindo ainda apresentações em mais dois estados brasileiros no nordeste e sudeste do país. 

A programação faz parte do projeto Amazônia das Artes do Sesc, que contemplou o grupo e também a Cia. Experimental de Dança Waldete Brito que circularão pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e Maranhão, e ainda Piauí e Rio de Janeiro.

A seleção dos grupos aconteceu em setembro de 2010 em Cuiabá, durante o 4º Encontro de Curadoria e Programação das propostas de Teatro, Música, Dança e Artes Plásticas, para 2011, com objetivo de promover um intercâmbio cultural entre as cidades a serem visitadas.

Em ensaio há mais de um mês, o In Bust Teatro com Bonecos fez várias mudanças no espetáculo, montado em 2009, pelo edital Prêmio de Teatro Cláudio Barradas da Secretaria de Cultura do Estado (Secult).

Patick Perfeito (Charles Wesley)
“Catolés e Caraminguás” é uma adaptação do texto de Martins Pena “Os Ciúmes de um Pedestre ou o Terrível Capitão do Mato”, adaptado por Adriana Cruz para a linguagem de teatro com bonecos.

Inspirado na Comedia Dell’A, Catolés e Caraminguás inclui a dramaturgia de ator, onde os atores, na primeira versão, interpretavam uma família mambembe, que praticavam o teatro popular  de bonecos pelas ruas e praças públicas.

Na versão atual a trupe continua, mas não se trata mais de uma família e sim de uma companhia de teatro. Os nomes das personagens mudaram e alguns atores do elenco também. Aníbal Pacha que era antes Saul, agora é Eugênio Expansivo, e Charles Wesley, que interpretava seu irmão Koshiro, agora é Patrick Perfeito. 

Continua no elenco Michel Amorim, que antes respondia por Zulu e agora se tornou Cacau, o dono da companhia, sócio de Valentina Valores, personagem de Adriana Cruz. Além dela, também está estreando neste elenco, a atriz Vandiléia Foro, que interpreta Rita Romântica.

“Propomos estas mudanças porque o processo de montagem do espetáculo exige a construção do personagem a partir do próprio ator, o que chamamos a grosso modo, de dramaturgia do ator. E como entraram novos atores com a saída de Cristina Costa e Marilea Aguiar, foi preciso alterar inclusive as relações, por isso propomos acabar com a família e se estabelecer o grupo de teatro”, explica Paulo Ricardo Nascimento, na direção do espetáculo.

 A história dos bonecos é a mesma, mas a trupe agora é formada por dois sócios, Cacau e Valentina Valores e os agregados Rita Romântica, que cuida da visualidade do espetáculo; Patrick Perfeito, ator famoso renomado, mas em decadência e Eugenio Expansivo, o faz tudo da companhia.

Ele pensa muito, percebe os detalhes, por isso acaba trazendo muitas idéias para o grupo, embora não seja reconhecido por isso, gerando algumas confusões e conflitos com Patrick Perfeito e Valentina.

Vandiléia Foro já tinha visto a montagem anterior e conta como sua personagem surgiu na trama de catolé e Caraminguás.

“A Rita surge a partir de um jogo com Adriana e Aníbal em cena, na qual ela recebe uma pílula e fica muito falante, zonza e perdida. Achamos que não tinha nada a ver o remédio em cena e retiramos, mas a personalidade ficou”, diz.

Este é o primeiro trabalho dela com o In Bust. A atriz ficou afastada de Belém alguns anos trabalhando com o Grupo Galpão de Belo Horizonte e teve oportunidade de experimentar vários tipos de teatro, do palco italiano ao teatro de rua e isso a fez buscar caminhos diferentes em sua carreira.

Valores (à esq.) com Rita Romântica (Vandiléia Foro)
“O trabalho de rua me trouxe um grande exercício corporal, que caiu super bem ao Catolé, que exige esta coisa mais expansiva na interpretação, esse jogo mais triangular um com o outro em cena, algo que te dá abertura, é dinâmico”.

De acordo com ela, todas estas experiências apontaram para um escolha. “De não estar apenas em um grupo, mas de colaborar para um coletivo e fazer circo, boneco, dança e outras coisas”, diz ela que no ano passado atuou em “Eutanázio e o Princípio do Mundo”, espetáculo da Companhia Usina Contemporânea de Teatro, uma versão cênica para histórias extraídas do romance “Chove nos Campos de Cachoeira”, o primeiro livro do escritor paraense.

Adriana Cruz dirigiu a primeira versão de Catolé e diz que agora, em cena, tudo muda. “A mudança é de 180 graus, alterou minha visão para criar algo novo, não só o espaço muda, mas a intenção para com o espetáculo, o movimento que era de olhar o todo, agora muda para minhas atitudes dentro de cena com estes atores”, reflete. “Valentina é uma mulher de visão, ela quer que a companhia progrida, e por isso não aceita excessos e nem marasmos, ela orienta o jogo”, complementa.

A atriz e diretora, que também é responsável pela adaptação do texto de Martins Pena para o teatro de bonecos, diz que rodar pelos estados da Amazônia Legal vem ao encontro de todos os objetivos do grupo.

Cacau (Michel Amorim) e Valentina Valores (Adriana Cruz)
 “É sempre uma aventura. Já fizemos o Palco Giratório uma vez e estivemos em vários estados brasileiros. Esta será nossa primeira vez no Amazônia das Artes e será uma ótima oportunidade para chegar nestas cidades, já que estamos discutindo o Custo Amazônico e como é fazer teatro dentro da nossa região”, finaliza.

Serviço - As primeiras apresentações vão acontecer entre os dias 24 e 27 de abril, em Manaus (AM) - no Teatro José Lindoso, às 18h, (Henrique Martins, 427 – Centro) e em Boa Vista (RR) – no Hall de Entrada da Escola do SESC Roraima. 

Em maio o grupo chegará em Teresina (PI), Santarém (PA) e Palmas (TO), entre os dias 18 e 24. Em junho a caravana segue para Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO), em agosto, para São Luís (MA), Macapá e Cuiabá (MT). As agendas de setembro e outubro ainda estão sendo fechadas. Mais informações: 91 8110.5245.

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