24.4.11

Quase cem anos e que venham muito mais

O Cine Olympia, a um ano de seu centenário, ganha um dia especial, neste domingo, 24 de abril, para comemorar o 99º aniversário. 

A programação, que tem entrada franca, fundo musical com temas de filmes, com Alan Navegantes e seus teclados, apresentação do Gran Coral Metropolitano interpretando músicas famosas do cinema e de Salomão Habib, que interpretará 14 trilhas de filmes adaptadas para violão, com imagens de filmes na tela do cinema. Encerrando tudo, a exibição do longa “Inverno da Alma”, indicado a quatro Oscars este ano - incluindo melhor filme e melhor atriz – que ficará em cartaz até o dia 08 de maio.

Em homenagem a este que é o cinema mais antigo do Brasil em funcionamento ininterrupto, muito se falou. Entre o que li  destaco, abaixo,  a primeira parte da reportagem de Yáscara Cavalcante, publicada no sábado, dia 23, na capa do Caderno Magazine, de O Liberal.

A jornalista ouviu três pessoas importantes nesta luta pela preservação da memória do cinema, os críticos Pedro Veriano, que já lançou um livro dedicado ao cinema (Cinema no Tucupi), Luzia Álvares Miranda  e Marco Antonio Moreira, que além de crítico, atualmente é responsável pela programação do Olympia. Todos eles fazem parte da ACCPA - Associação dos Críticos de Cinema do Pará e da história deste cinema.

Quase um século de história

Por Yáscara Cavalcante
Caderno Magazine (O Liberal)

Hoje (24) a cultura paraense está em festa. O Cinema Olympia, mais antigo em atividade no Brasil, completa 99 anos. Histórias de quem viveu o auge do cinema, filmes de maior sucesso exibidos na sala e as homenagens que o quase secular templo cultural têm recebido são só algumas das maneiras de celebrar mais um ano de sua existência, marcada na memória dos paraenses e de cinéfilos de Norte a Sul do país.

Mesmo fechado no dia 16 de fevereiro de 2006 por um dos herdeiros da família Severiano Ribeiro, Luís Severiano Ribeiro Neto, o Cine Olympia jamais encerrou suas atividades, embora tenha tido a programação interrompida por curto período de tempo. Claro que o brilhantismo e o grande movimento desde sua fundação, em 24 de abril de 1912, pelos empresários Carlos Teixeira e Antonio Martins, donos do Grande Hotel (onde hoje está o Hilton Belém) e do Palace Theatre (na mesma quadra), foi perdendo espaço.

Mas até hoje, ainda há quem não deixe de frequentar o cinema, ou simplesmente trazê-lo na lembrança, como o casal Luzia Álvares e Pedro Veriano, que começou a namorar exatamente no dia18 de março de 1957, dentro do Olympia, onde foram assistir a estreia de “Sinfonia Carioca”.
O filme, uma comédia premiada nos festivais da época e que conta a história de uma interna de um colégio, com irresistível vocação para o teatro e qie passa a viver na casa do avô, cuja irmã, uma solteirona, reprova o procedimento da sobrinhaneta, decidindo interná-la num hospício.

Luzia e Pedro, que quando se conheceram tinham, respectivamente, 17 e 21 anos, contam que marcaram de se encontrar no cinema. Contudo, como estava muito lotado, eles acabaram indo namorar no anfiteatro da Praça da República. “Não deu para ficar lá (no cinema) e nós acabamos indo para o anfiteatro”, lembra Luzia, doutora em Ciência Política e jornalista. Ela casou com Pedro Veriano, médico, em 1961, e ao longo desses 50 anos de união não deixou de frequentar o cinema, assim como o marido.

Pais de quatro filhas e avós de dez netos, Pedro e Luzia têm uma relação que vai além do amor à cultura. O casal tem na memória uma série de filmes que considera inesquecíveis e prepara um projeto para resgatar o histórico cultural do cinema. “As lembranças que temos são muitas. Os filmes de arte são os que mais nos vêm à cabeça. Posso dizer até

Quase um século de histórias Prestes a completar cem anos, o Cine Olympia guarda lembranças dos milhares de cinéfilos que por lá passaram que não consigo destacar os melhores filmes que já assisti no Olympia”, observa Luzia.

A jornalista destaca as produções de Federico Fellini, um dos mais importantes cineastas italianos, eternizado pela poesia de seus filmes, que, mesmo quando faziam sérias críticas à sociedade, não deixavam a magia do cinema desaparecer.

Os filmes do mexicano Luis Buñuel, conhecido como revolucionário do cinema espanhol, inclusive com trabalhos feitos em parceria com Salvador Dalí, também são inesquecíveis para Luzia, que ao lado do marido prepara um livro sobre o Olympia.

Na publicação, o casal espera apresentar um acervo de fotos, cujo levantamento já vem sendo feito. Ao Cine Olympia, Luzia Álvares gostaria de dar um presente de aniversário: “Queria que o Olympia fosse tombado como um documento da política e da cultura desse Estado e que, principalmente, ele recebesse um projeto de recuperação de suas formas originais”, desabafa a cientista política.

O terrrace do Grande Hotel e o Olympia (1920)
PATRIMÔNIO - Para o programador do Cine Olympia desde 2006, Marco Antônio Moreira, o Olympia não é só um cinema, mas um Patrimônio Histórico e Cultural do Pará. “Daqui a um ano, o Olympia faz cem anos.

Quantas gerações não passaram por ele? Não se trata só de uma sala de cinema. Por isso, acho que ele deveria ser mais valorizado, pois é muito importante que ele seja mantido. É cinema mais antigo do Brasil em funcionamento e quem sabe um dos mais antigos do mundo”, destaca Marco.

O programador, também um dos mais ativos críticos de cinema do Estado, observa que já existe um projeto para comemorar o centenário do Olympia. E toda a sociedade paraense pode ajudar a reforçar o projeto, intitulado “Você e o Cine Olympia”, que visa formar um vasto acervo fotográfico de momentos vividos pelo público no cinema.

Para participar, é preciso enviar uma foto de qualquer época, de qualquer ano, do cinema. Pode ser uma imagem interna ou externa, da fachada. A imagem pode exibir pessoas, amigos, familiares ou qualquer outro personagem tendo o Olympia como palco. Depois, basta enviar a foto para o endereço eletrônico cinemaolympia@belem.pa.gov. br. A intenção é montar um grande painel para valorizar os espectadores e exibi- lo no hall do cinema.

PROGRAMAÇÃO

Hall do Cinema Olympia

16h - Fundo musical com temas de filmes com Alan Navegantes e seus teclados

17h - Apresentação do Gran Coral Metropolitano interpretando músicas famosas do cinema.

Sala de exibição

17h30 - Salomão Habib interpreta trilhas de filmes adaptadas para violão com imagens de filmes na tela do cinema.

18h30 - Exibição do longa “Inverno da Alma”, inédito em Belém

Para saber mais sobre a história do Cine Olympia, clique aqui.

Nenhum comentário: