1.8.11

Novidades do circuito alternativo de cinema em Belém

As férias de julho foram boas. Mesmo para quem não conseguiu se liberar do trabalho, pois tanto na cidade como nas praias, a diversão e o gosto da cultura paraense estiveram presentes. Mas agosto chegou e há muita, mas muita programação cultural prevista para a capital paraense. Abaixo uma prévia do que há de novo na área do audiovisual, em três espaços já tradicionais do circuito alternativo de exibição e a programação da Paracine, que está completando um ano de debates e difusão do cineclubismo pasraense.

Imperdíveis as próximas duas semanas no Cine Líbero Luxardo, que exibe de 03 a 07 e de 10 a 14, "O Mágico", de Sylvain Chomet (As Bicicletas de Belleville). Trata-se de uma animação baseada na história original de Jacques Tati (80 min. – 2010 - França/ Inglaterra) e que conta a história de um artista em fase de decadência.

Com seu momento de glória sendo roubado por estrelas emergentes do rock, ele é forçado a aceitar tarefas cada vez mais obscuras, como se apresentar em bares falidos e festas no jardim, ele conhece uma jovem fã que muda sua vida para sempre. Longa premiado, além de ter sido indicado como Melhor Filme de Animação no Oscar, no Globo de Ouro e no Cesar 2011. Tudo este ano. Foi vencedor do Satellite Awards. Veja o trailer

O Cine Líbero Luxardo fica na Av. Gentil Bittencourt, 650, Térreo – Centur. As sessões são sempre às 19h, de quarta a domingo, com ingresso a R$ 5,00. Às quartas-feiras tem Projeto Plateia, com- entrada franca para estudantes. Informações: 91 3202 4321 - cinelibero@gmail.com / cineliberoluxardo.blogspot.com.

Já no Cine CCBEU, os próximos filmes são: "Mãe e Filho" de Aleksandr Sokurov, nesta quinta, 04, e na próxima, dia 18, "A Rotina Tem Seu Encanto" de Yasujiro Ozu. As sessões do Cine CCBEU são quinzenais, sempre às quintas-feiras, às 18h30, em seu Cine-teatro (Padre Eutíquio, 1309), com entrada franca. A realização é da APJCC e CCBEU , com apoio do Cineclube Amazonas Douro.

PARACINE - Para quem gosta de um debate sobre audiovisual mais apimentado, anota aí. A Paracine - Federação Paraense de Cineclubes está completando um ano de fundação e está comemorando a data com a realização do III Diálogos Cineclubistas, que debaterá questões relacionadas à prática Cineclubista no Estado do Pará.

Estão previstos os seguintes temas: Crise estética, ética, poética, ideologia do movimento Social Cineclubista, Direitos do público & autor, cultura digital, cinema nacional, crítica, educação, festivais de cinema e construir também a II JOPACINE (Jornada Paraense de Cineclubes).

A programação inicia em agosto e vai até outubro, com as seguintes datas: Em agosto, no dia 06, no Parque dos Igarapés. No dia 19, em Corijuba, na Escola Bosque. Em setembro, dia 02, no IFPA de Santarém e no dia 08 de outubro, na sede da SPDDH, em Belém. Tudo das 8h às 13h. Mais informações: paracineclubes@gmail.com e http://paracineclubes.blogspot.co.

IAP - No Instituto de Artes do Pará a agenda também é muito boa, trazendo produções paraenses, do Amapá, além de filmes polêmicos como um que chegou a ser censurado no Acre por tratar de temática homossexual. As exibições, no IAP (que fica ao lado da Basílica de Nazaré), acontecem todas as segundas-feiras, às 19h, com entrada franca.

No dia 08, será exibido “Marília”, direção de Ronaldo Salame (13 mim, Ficção), que traz no elenco o inesquecível Walter Bandeira, fazendo par com Tati Braun, cujos personagens transitam no limite entre a paixão e loucura. Bela atuação de  Walter, que foi um grande ator e um dos maiores intérpretes do Pará. Falecido em 2009, o artista nos deixou na saudade.

Yeyé Porto, como Úrsula (foto: Marcelo Lélis)
No mesmo dia será exibido “Miguel Miguel”, de Roger Elarrat (Ficção/Cor/52 minutos), boa oportunidade para quem não conseguiu acompanhar a minissérie pela TV Cultura do Pará que a exibiu em cinco sábados. Quem viu no lançamento, em setembro do ano passado, a versão na íntegra, sabe que é este o seu melhor formato.

Baseado na obra homônima de Haroldo Maranhão, o filme conta a história de amizade de dois casais de amigos, a qual é abalada pela morte de Miguel. Quinze anos depois, Varão e Úrsula recebem a notícia de que o amigo dado como morto havia falecido de novo.

No dia 15 de agosto, é a vez dos filmes “Louceiras do Maruanum”, de Ana Vidigal e Anderson Virino (documentário/Cor/VER TEMPO), produção do Amapá que mostra, de perto, a comunidade afro-descendente daquele estado. Também nesta segunda-feira, será exibido “Quilombos da Bahia”, do baiano Antonio Olavo (documentário/Cor/98minutos). O filme revela centenas de comunidades negras, muitas delas seculares, que vivem espalhadas por todo o estado da Bahia.

No dia 22 de agosto, entram em cena os filmes seelcionados pela ACCPA - Associação de Críticos de Cinema do Pará, com “A Hora do Lobo”, de Ingmar Bergman (drama/Cor/84 minutos), onde um pintor e sua esposa vão morar em uma ilha bastante afastada da sociedade. Lá, em meio a intensos conflitos psicológicos, o casal conhece um misterioso grupo de pessoas que passam a trazer angústias ainda maiores às suas vidas, levando-os a relembrar fatos passados e questionar a própria lucidez.

Proibido no Acre - No dia 29, serão exibidos dois curtas que transitam no universo da homo e da trans-sexualidade. O primeiro, “Eu não quero voltar sozinho” (17min.), de Daniel Ribeiro, traz uma história de amor entre homossexuais.

O diretor apresenta a inocência da descoberta do amor entre dois adolescentes gays – Leonardo (Guilherme Lobo), um deficiente visual que muda de vida totalmente com a chegada de Gabriel (Fabio Audi), um novo aluno em sua escola.

Além do sentimento despertado pelo novo amigo, Leo precisa lidar com o ciúme da amiga Giovana (Tess Amorim). O filme já foi incluído no programa Cine Educação, em parceria com a Mostra Latino-Americana de Cinema e Direitos Humanos.

O curta, que acabou de ganhar mais um prêmio, pelo júri popular no Rio, no Festival Gay de Cinema, chegou a ser  censurado, em junho deste ano, no Acre. Uma professora o escolheu e o exibiu a seus alunos. "E aconteceu o episódio surrealista: alunos que viram o filme, demonstrando ignorância, falta de informação ou pura homofobia, "confundiram" o curta com o famoso kit anti-homofobia - que acaba de ser vetado, como sabemos, pela presidente Dilma Rousseff", diz a reportagem no site Dolado.

O site informa ainda que os produtores do filme foram seelcionados pelo Edital da Eletrobrás para realizar a versão em longa-metragem de "Eu Não Quero Voltar Sozinho", "com a mesma história, mas ampliada e aprofundada, contendo novos personagens e novos debates. Touché!"

O segundo filme da última segunda-feira de agosto será “Diário de Márcia”, de Bertrand Lira (documentário, 20mim), o relato pessoal e intimista de Márcia, transexual paraibana, sobre o dilema de viver o universo feminino num corpo de homem, enquanto espera retirar o último vestígio do sexo que atormenta sua existência.

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