Encantados S.A. iniciou sua temporada na última quinta-feira, 25, no Teatro Cuíra, onde faz mais duas apresentações, neste sábado, 27, e amanhã, 28, sempre às 20h. O espetáculo marca a estreia da jovem atriz Bárbara Gibson na direção de teatro.
Em quase duas horas de apresentação, a atenção do público fica em
sintonia com as tramas vividas por uma série de personagens
saídos dos livros de história. Assim temo João e Maria, Chapeuzinho Vermelho, a Madrasta de Branca de Neve, várias fadas, princesas e príncipes, além de mais vilões como o Capitão Gancho, entre outros, divididos em setores. Eles estão à procura de um boneco que se infiltraria na organização a que pertencem para revelá-la aos humanos. Mas se este sigilo fosse quebrado, eles sumiriam dos livros.
Do outro lado, Noque é um garoto solitário que convive com um brinquedo chamado Gigy. Ao ganhar vida, o boneco inicia uma aventura com o menino, pelo universo dos encantados. Tudo uma metáfora para falar de uma fase pela qual todos nós um dia passamos ou estamos por passar, a saída da infância para a pré-adolescência. Na dramaturgia, a transformação de Pinóquio, o boneco, em um menino de verdade, se quivale a esta fase da vida.
Quase 30 pessoas no palco, muita confusão, ações de desenho animado. Cenografia simples, figurinos coloridos, comicidade. A encenação é ritmada por uma trilha sonora, que entusiasma até a plateia, e um diálogo afiado, que apimenta a trama.
Pesquisada por Haroldo França e Ives Oliveira, que já integrou o elenco, a trilha dá o tom em cada entrada de personagens no palco. “Party in the USA, de Miley Cyrus é uma referência pop da entrada das princesas. O mambo do aniversário da Ariel é algo que a gente achou que caberia, assim como a versão do Louis Armstrong. La Vie en Rose embala o primeiro amor do Noque, a Mariazinha. O Ruby Boy, da Gang do Eletro, é a trilha de quando a Jasmine conta que encontrou o príncipe negro das aparelhagens”, exemplifica Leandro Oliveira, da sonoplastia.
Para conhecermos mais sobre este espetáculo, entrevistamos Bárbara Gibson, 22. Ela falou de sua nova experiência
dentro do teatro, contou como foi o processo de criação de Encantados e
se diz muito feliz neste momento.
A atriz já tem uma trajetória. Aos 9 anos, ela já estava contracenando com Zê Charone e Cacá Carvallho, em “Quero Ser Anjo”, um filme de Marta Nassar, rodado em 1998, em pleno Círio de Nazaré. Desde aquela época, Bárbara já mostrava atitude e segurança na atuação. Tinha um ar de certeza nela, o mesmo que ainda possui.“Voltarei aos palcos da cidade ainda esse ano, dessa vez como atriz. Continuamente escrevo textos para teatro e pretendo começar a dirigir um novo espetáculo em breve. Teatro. Teatro. Teatro. A minha vida é teatro”, dispara.
Holofote Virtual: O teatro parece ter te ganho...
Bárbara Gibson: As artes cênicas sempre me fascinaram. Tenho a sorte de ter pais que gostam muito de assistir espetáculos teatrais e sempre me incentivaram a acompanhá-los. Quando eu era criança, adorava montar palquinhos improvisados nas reuniões familiares e brincar de fazer teatro.
Em 1997 fui convidada para fazer alguns comerciais de televisão e tive a oportunidade de ser dirigida pelo Cláudio Barros, que notou o quanto eu gostava de atuar e me aconselhou a procurar a Escola de Teatro e Dança da UFPA. Me matriculei no curso de teatro infanto-juvenil em 1998 e nunca mais parei de atuar. Fico muito feliz de ter descoberto a minha vocação profissional bastante cedo. Fazer teatro sempre foi e sempre será a maior paixão da minha vida.
Holofote Virtual: Daquela experiência do teatro Infantil da Escola, muita gente continuou no teatro. O que aquilo determinou pra ti?
Bárbara Gibson: Sim, várias pessoas da minha turma de teatro infanto-juvenil continuaram! A Ana Marceliano, o Ícaro Gaya, a Paloma Lira, a Juliana Porto, a Luciana Porto e vários outros. A importância das artes na minha infância é não pode ser medida. Com o teatro, desenvolvi a minha capacidade de imaginação, de comunicação, de observação. E tive a oportunidade de dar vida a personagens incríveis, como a Dorothy (O Mágico de Oz), a Narizinho (O Sítio do Picapau Amerelo) e o Puck (Sonho de Uma Noite de Verão). Posso dizer que o teatro me proporcionou uma infância mágica.
Holofote Virtual: Podemos dizer que o GTU é um tipo de escola?
Bárbara Gibson: O GTU é um grande fomentador de talentos em Belém. Qualquer pessoa da cidade pode se inscrever para participar do grupo: desde atores experientes, com 15 anos de estrada, até pessoas que nunca fizeram teatro na vida.
Holofote Virtual: E como foi a experiência com o cinema, não gostarias de fazer mais?
Bárbara Gibson: Adorei a minha experiência com o cinema e adoraria fazer mais trabalhos nessa área. Nada supera o meu amor pelos palcos, mas definitivamente topo fazer qualquer trabalho relacionado à atuação.
Holofote Virtual: Encantados é a tua estreia na direção?
Bárbara Gibson: O "Encantados S.A" é o primeiro espetáculo que dirigi oficialmente. Comecei a me aventurar pelos campos da direção/dramaturgia ano passado e não poderia estar mais feliz. Tenho muito a aprender, porque dirigir definitivamente não é fácil (ainda mais uma peça com quase 30 atores), mas nunca me senti tão realizada profissionalmente. Quando o espetáculo estreou, chorei uns cinco minutos na cochia. Não consegui conter a emoção.
Holofote Virtual: Pois é, você lida com muitas pessoas, como é a relação com o grupo?
Bárbara Gibson: Essa natureza heterogênea torna a dinâmica do grupo muito interessante. Trabalhamos com a lógica da coletividade, procurando estimular ao máximo a participação de todos, nas fases de montagem dos espetáculos (no desenho dos figurinos, na construção do cenário, no desenvolvimento da dramaturgia, na concepção das cenas).
Para mim, o GTU tem sido uma espécie de estágio intensivo. Entrei no grupo em 2010 como atriz e, em 2011, graças ao projeto de extensão "Jovens Encenadores", comecei a dirigir. Pude aprender muito, em pouquíssimo tempo.
Holofote Virtual: Encantados é uma história do crescer, mas como surgiu a criação dessa dramaturgia metafórica do espetáculo?
Bárbara Gibson: No início do processo de montagem da peça, eu e o Haroldo França conversamos muito sobre questões que nos interessavam, até decidirmos que o tema "crescimento" poderia ser um mote muito interessante para o espetáculo. Pedimos aos atores que nos contassem histórias sobre a infância deles, sobre as aventuras que viveram ao lado dos seus brinquedos favoritos, sobre as dificuldades de crescer.
A partir desses relatos, surgiu a história de Noque: um garoto solitário que encontra em Gigy, seu boneco de pano, um grande amigo. Os seres encantados permeiam a aventura porque fazem parte do nosso imaginário em todas as fazes de nossas vidas. O espetáculo demonstra que podemos crescer sem ter que abandonar a infância ou deixar de acreditar na magia dos seres encantados.
Holofote Virtual: Você está dividindo a direção e dramatugirgia de Encantados, com o Haroldo França, que está morando agora em São Paulo. Como foi a relação de vocês na construção disso?
Bárbara Gibson: O Haroldo França é um jovem ator, diretor e dramaturgo com um talento artístico incomensurável. Escrever e dirigir o "Encantados S.A." ao lado dele foi umas experiências mais prazerosas da minha vida. A nossa parceria criativa deu certo desde o primeiro instante e se repetirá muitas vezes no futuro.
Holofote Virtual: Não é primeira apresentação do espetáculo. Há alguma mudança nesta versão que participa do edital Pauta Mínima?
Bárbara Gibson: Desde que estreamos ano passado, procuramos manter a peça sempre atualizada. Os agentes secretos encantados sabem, por exemplo, que domingo é dia de votação no mundo dos humanos. Eles não vão deixar de comentar sobre isso no espetáculo. ;)
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