Intitulado "Quando o Jazz Encontra a Ópera", o concerto será da Amazônia Jazz Band, com arranjos jazzísticos para árias famosas de óperas mais famosas ainda. No dia 31 de outubro, às 20h, no Theatro da Paz, dentro da programação do XI Festival de Ópera. Os ingressos estão sendo vendidos na bilheteria do teatro.
Entre apresentações e ensaios, a Amazônia Jazz Band já vem ensaiando há dois meses consecutivos para apresentação de um concerto que réune dois gêneros musicais, o o jazz, que tem uma história recente, surge nos EUA, no início do século XX, e a ópera, de origem medieval, vinda da Europa do século XVI.
No repertório estão árias de óperas assinadas por Wagner (1813-1883),
Giacomo Puccini (1858-1924), Giuseppe Verdi (1813-1901). Além disso,
também será executada a versão original de “Os Palhaços”, de Nino Rota
(1911-1979)."A expectativa de todos os músicos é grande,
ainda mais quando se trata de uma apresentação no Teatro da Paz e dentro
deste magnifico Festival de Ópera", diz o maestro e regente da Amazônia Jazz Band, Nelson Neves.
O espetáculo promete fortes emoções, com os arranjos, encomendados especialmente pela direção do Festival, assinados por especialistas em jazz, como Serguei Firsanov, Alcir Meireles, Tynnôko Costa e Nelson Neves, o atual regente da Amazônia Jazz band.
Seguei Firsanov, compositor e pesquisador na área de educação musical, técnico e afinador de piano, com mestrado em viola pelo Conservatório de Nijny-Novgorod (Gorky) (1975), fez arranjos para Richard Wagner (1813-1883) em Tannhauser: Marcha dos Convidados e para Charles Gounod (1818-1893), em Fausto: Coro dos Soldados.
Alcir Meireles arranjou para Giacomo Puccini (1858-1924), em La Bohème: Quando m’en vo. Músico que já navegou em vários estilos musicais como o erudito.
Participou do Grupo de Sopros do Conservatório Carlos Gomes, do Coro de Flautas, do Grand Coral e de recitais e concertos, como solista, em Belém e outras cidades do país, além de ter forte incursão pelo jazz, integrando o Mini Paulo Quarteto Jazz. O arranno para Georges Bizet (1838-1875), em Carmen: Canção do Toreador, também é dele.
O Maestro Tynôko Costa, escolheu “Rigoletto: La Donna e Mobile” e “Aida: Marcha Triunfal”, ambas de e Giuseppe Verdi (1813-1901). Em sua trajetória de maestro ele também sempre flertou com outros estilos musicais e já acompanhou, por exemplo, grandes nomes da MBP como Cauby Peixoto, Emílio Santiago, Eliana Pittman, Wilson Simonal, Pery Ribeiro. Na música erudita, acompanhou o vibrafonista norte-americano Bill Molenholff, a cantora Ora Reed e o saxofonista Miles Sandres. Atualmente se dedica a realização do projeto de música instrumental JAZZ-O-PESO, voltado a preservação patrimonial da cidade de Belém.
O regente Nelson Neves estava morando há 12 anos nos EUA, onde dividiu o palco tocando ao lado de músicos como: John Fedchock, Fred Hemke, Pat LaBarbera, Mike Metheny, Paul Haar, Bill Molenhof, Paul Mckee, entre outros. Seu mais recente trabalho foi participando de uma turnê pela Europa onde atuou como pianista e diretor musical da Queen Victoria Jazz Band. Em janeiro de 2012, retornou a Belém-PA a convite da Secretaria de Estado de Cultura – SECULT, para assumir o trabalho de Diretor Musical e Maestro da Amazonia Jazz Band.
Na entrevista que segue ele fala de seu retorno a Belém e explica mais osbre a mistura destas duas linguagens que se ecnotrarão no festival. De de linguagem flexível, o jazz pode se adaptar a qualquer estilo musical. “Basta que se use a sua linguagem com todas as suas características apropriadamente”, diz o maestro que fez arranjos para Giacomo Puccini (1858-1924) em “O Mio Babbino Caro” e “Turandot: Nessun Dorma”.
“O público terá a oportunidade de assistir e escutar a Amazônia Jazz Band, executando árias de óperas famosas com um sotaque jazzístico, o que vai valer a pena conferir”, complementa o diretor musical do espetáculo.
Holofote Virtual: Como você iniciou sua carreira musical?
Nelson Neves: Minha carreira musical começou aqui em Belém quando ainda estudante de
piano no Conservatório Carlos Gomes. Fui escolhido para acompanhar um
famoso cantor de Ópera chamado Rio Novello no Teatro da Paz. Outro
evento significante foi quando fui o solista com a Orquestra Sinfônica
do Teatro da Paz tocando o “Divertimento para Piano e Orquestra”, de
Marlos Nobre, durante o “Encontro de Artes” com o próprio compositor na
regência desta obra. Depois destes eventos, tive a oportunidade de
seguir para o Rio de Janeiro para estudar com o pianista e professor
Miguel Proença.
Em 1984, voltei a Belém e ingressei no CCG como
professor de piano e outras matérias, mas paralelamente a carreira de
professor, sempre me apresentando como solista em recitais de piano e
música de câmara com os mais variados grupos, como por exemplo como
pianista e ao mesmo tempo solista da Amazônia Jazz Band em diversas
turnês pelo Brasil e América Latina.
Holofote Virtual: Neste tempo em que você esteve nos EUA chegou a voltar
pra tocar em Belém?
Nelson Neves: Depois da minha ida para os EUA, estive de volta a Belém
em 2001 como convidado da Amazônia Jazz Band para tocar durante o
Festival Internacional de Música da FCG. Depois desta data não pude
voltar mais em função das minhas atividades la nos EUA. Tive a
oportunidade de tocar não só dentro das universidades que passei, mas
também fora delas, o que me deu a chance de ficar bastante conhecido
dentro e fora das universidades.
Além de conseguir meu Mestrado e Doutorado, trabalhei dando aula nas
universidades Americanas, sempre envolvido com o Jazz dentro e fora das
universidades, fui sempre o pianista principal de todas elas e também
atuei como band-leader. Trabalhei também como diretor musical e pianista
de varias peças de Broadway, pois estando lá, sempre estive envolvido
com esta vertente musical. Ou seja, sempre estive envolvido em muitas
atividades musicais que contribuiram imensamente na minha carreira e
para o meu desenvolvimento musical. Só para dar uma ideia de alguns
lugares em que me apresentei: Columbia, MO; Lincoln, NE; Chicago,
Colorado, Iowa, Kansas City, Jefferson City, MO; Greensboro,NC; etc...
Holofote Virtual: Você sempre teve uma forte ligação com o jazz...
Nelson Neves: Apesar de ter estudado música clássica durante muitos
anos, o Jazz esteve presente no meu desenvolvimento musical desde o
começo. O primeiro contato foi com os arranjos para piano de hinos e
música gospel, e depois escutando bastante discos de jazz (coisa que até
hoje faço), lendo sobre o assunto, assistindo shows e concertos de
jazz, e até mesmo procurando contatos com os músicos de jazz.
Devo
ressaltar que tanto a música clássica como o jazz fizeram parte da minha
formação musical, cresci com essas duas vertentes musicais acontecendo
ao mesmo tempo. Não havia regido a Amazônia Jazz Band, fato este que
aconteceu com a minha chegada no princípio do ano dos EUA.
Holofote Virtual: Quais foram suas pesquisas de Mestrado e Doutorado?
Nelson Neves: Meus temas sempre foram sobre o jazz. A minha tese de
Mestrado foi sobre: “A Grandeza do Piano Jazz: qualidades comuns nas
realizações de Art Tatum e Bill Evans” e a minha tese de Doutorado foi
sobre “Uma análise abrangente dos elementos de jazz na música de piano
de Marlos Nobre através de obras selecionadas”.
Holofote Virtual: A agora o jazz encontra a ópera... Como vocês
organizaram isso?
Nelson Neves: Primeiro foi feita uma seleção de Arias famosas de óperas
para que pudéssemos escolher quais entrariam no concerto. Então, nós
como arranjadores, fizemos uma reunião com o Dr. Gilberto Chaves
(diretor do festival) para selecionar e definir este repertório que
inclui: “Marcha dos Convidados” de Richard Wagner, “La Donna e mobile”
de Giuseppe Verdi, “O Mio Babbino Caro” de Giacomo Puccini e “Nessum
Dorma” do mesmo autor, e em que teremos a participação do coro do
Festival, isto só para citar algumas das obras que serão executadas. A partir dai, cada arranjador se encarregou de duas obras para serem
arranjadas e assim o programa foi fechado.
Esta ideia de trazer o Jazz para dentro do Festival, foi uma ideia
bilhante, pois o público terá a oportunidade de conviver dentro do
Festival com as duas correntes musicais que em minha opinião caminham
juntas. Elas tem linguagens próprias, mas que de um certo tempo
começando com o movimento Impressionista, os compositores começaram a
usar em suas músicas elementos do jazz.
O jazz hoje é uma das vertentes
fortes da música do séc. XX e XXI, e com certeza um dos caminhos a
serem percorridos e usados por todos aqueles compositores de vanguarda
ou que tenham em mente uma música de caráter universal.
Serviço
Os ingressos para ver a Amazônia Jazz Band estão à venda na bilheteria do Theatro - R$ 20, 00 e R$ 10,00. Mais informações no site www.festivaldeopera.pa.gov.br ou pelos telefones: 4009.8750 e 4009.8758. Patrocínio: Secult, Governo do Estado. Realização: Theatro da Paz. Apoio: Academia Paraense de Música.
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