25.9.18

Fórum Circular discute Centro Histórico de Belém

Fotos: Otávio Henriques e Cláudio Ferreira
Provocar reflexões que tenham como premissa a recuperação do patrimônio existente nos bairros mais antigos de Belém, mas com foco nas pessoas e por meio de processo democrático. Esse é o principal objetivo do Fórum Circular - Patrimônio, Cidadania e Sustentabilidade que abre nesta quinta-feira, 27 e segue até dia 30 de setembro, no Mercedários/UFPA, no bairro da Campina, em Belém do Pará. 

A programação começa com uma atividade extra do Iphan, pela manhã, às 9h, e segue à noite, às 19h, com a palestra "Experiência Circular", com Makiko Akao, idealizadora do projeto e parceiros convidados, além da apresentação do Quarteto de Cordas da Escola de Música da UFPA.   O Iphan vai apresentar, na manhã desta quinta-feira, 27, uma proposta de normativas de intervenções nas áreas de tombamento federal de Belém. 

"Vamos discutir com moradores e usuários dos bairros da Cidade Velha e Campina as normas de preservação do centro histórico de Belém, de modo que a população possa opinar e sugerir parâmetros e diretrizes para a normativa que está sendo elaborada pelo Iphan, com a participação da Universidade Federal do Pará, bem com de órgãos da PMB e do Governo do Estado", diz Cyro de Almeida Lins, superintendente do Iphan.

À noite após a palestra de Makiko Akao, o reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, e a equipe gestora do projeto participam da cerimônia para fincar a bandeirola do Circular no Prédio dos Mercedários, um dos mais antigos do contexto histórico de Belém, datado de 1640. O encerramento da noite, conta ainda com apresentação de mais um número musical, do Quarteto de Saxofone também da EMUFPA.

“Será momento oportuno para entender e fortalecer a rede de parceiros, onde todos, moradores dos bairros, suas associações e movimentos locais assim como parceiros institucionais que têm apoiado o Projeto Circular estarão reunidos fisicamente pela primeira vez”, diz Dorotéa Lima, coordenadora do Fórum Circular.

De 28 a 30, a programação traz diversas mesas, relatos e debates sobre várias experiências de intervenções urbanas relacionadas ao patrimônio cultural,  organização social e economia da cultura. As discussões terão diversos eixos temáticos de interesse público, a partir dos quais serão produzidos indicativos para a criação de um plano de reabilitação do centro histórico de Belém. Os resultados serão sistematizados resultando em um documento a ser amplamente divulgado e entregue às autoridades municipais e estaduais.

“O Circular tem uma grande expectativa em relação a esse fórum. É um momento onde poderemos ter a dimensão concreta do tamanho e da força de nossa rede. Moradores dos bairros e suas associações, movimentos locais assim como parceiros institucionais que tem estado apoiando o Projeto Circula estarão todos se mobilizando em busca das soluções e viabilidades para o centro histórico de Belém”, diz Tamara Saré, coordenadora do Circular.

Parcerias e participação social

Na sexta, 28, pela manhã, a 1a mesa traz como tema “Cidade, patrimônio e participação social”, contando com as explanações sobre “O patrimônio cultural frente às grandes intervenções urbanas e as parcerias público-privadas”, com a Profa. Dra. Márcia Sant’Anna – Arquiteta e Urbanista, FAU/ UFBA e “Patrimônio cultural, planejamento urbano e participação social”, com a Profa. Dra. Natália Miranda Viera – Arquiteta e urbanista, FAU/ UFPE.

O debate será mediado pela Profa. Msc Alice Rosas - Arquiteta e Urbanista, UNAMA/Grupo SER Educacional, tendo como debatedores a Profa. Dra. Roseane Norat  - Arquiteta Urbanista,  Lacore –UFPA e o Prof. Msc. Michel Pinho - Historiador e fotógrafo, Fotoativa.

Na segunda mesa a discussão traz como tema “Potencialização do capital humano e produção de conhecimento sobre o centro histórico”, eu contará com os relatos da Profa. Msc. Josianne  Dias -  Terapeuta Ocupacional, atriz,  UEPA, sobre o Coletivo Aparelho, e do Prof. Esp. Flávio Nassar –  Arquiteto, Fórum Landi, FAU/ UFPA, sobre “A atuação do Fórum Landi no centro histórico de Belém”. A mediação será da Msc. Jorane Castro – doutoranda, diretora, roteirista e produtora, ICA/UFPA, tendo como debatedores Lucas Nassar – Arquiteto e urbanista, Laboratório da Cidade e o Prof. Abel Lins - Professor e tradutor, integrante da Rede da Sereia – moradores do bairro Cidade Velha.

Durante a tarde, a terceira mesa traz “Propostas e projetos com impacto na área do CHB”. 

Serão debatidos os projetos “Projeto Porto Futuro”, com Dina Elarrat, da Secretaria Nacional de Portos/MINTER e Danielle Abreu – Arquiteta e urbanista, da Companhia das Docas do Pará, e “Desenvolve Belém – Centro Vivo”, com João Cláudio Klautau - Administrador de empresas, Presidente da CODEM. A mediação será da Profa. Msc. Taynara do Vale Gomes – FACI Wyden, tendo como debatedores a Profa. Dra. Roberta Rodrigues - Arquiteta e urbanista, da FAU/UFPA e a Profa. Dra. Natália Miranda Vieira – Arquiteta e urbanista, da FAU/UFPE.

A palestra "Patrimônio vivo: projeto de reuso e participação social", do Prof. Dr. Nivaldo Andrade- Arquiteto e urbanista, UFBA, IAB, será a última explanação do dia, antes da reunião dos grupos de trabalho. A mediação será de Cyro Almeida – Antropólogo, Superintendente IPHAN-PA, tendo como debatedores, a Profa. Dra. Helena Tourinho - Arquiteta e urbanista, Unama – Grupo SER Educacional e Zê Charone - Atriz e produtora do Grupo Cuíra de Teatro.
Patrimônio e desenvolvimento

O sábado, 29, inicia com a palestra “Campus Mercedários da UFPA”, com a Profa. Dra.  Roseane Norat - Coordenadora de Extensão -  Lacore/FAU/UFPA, Profa. Dra. Thais Sanjad - Coordenadora de Pesquisa - Lacore/FAU/UFPA e Flávia Palácios - Coordenadora de Ensino - Lacore/FAU/UFPA. A mediação será de Akel Fares - Arquiteto e Urbanista- CODEM, presidente CAU-PA, tendo como debatedores o Prof. Dr. Mariano Klautau - Artes visuais, Unama /SER Educacional e Miguel Chikaoka - Fotógrafo e educador, Associação Fotoativa, Kâmara Kó.

Na 4a mesa estarão as experiências de parcerias para a reabilitação de áreas protegidas e desenvolvimento local, no projeto Porto Digital, com Leonardo Guimarães - Arquiteto urbanista, Diretor do Porto Digital e “O caso de Penedo, a experiência do IPHAN AL”, com Mário Aloísio Melo – Arquiteto e Urbanista, Sup. IPHAN-AL.

A mediação será do Prof. Msc. Paulo Ribeiro- Arquiteto e urbanista, FAU UFPA/ FACI, tendo como debatedores o Dr. Cristiano Borba - Arquiteto e urbanista, Fundação Joaquim Nabuco, Direitos Urbanos PE, a Prof.MSC. Maria Cláudia Bentes Albuquerque, advogada, professora, presidente da Comissão de Direito Urbanístico e Planejamento Urbano da OAB-PA/, Comissão de Direito Urbanístico/ OAB.

À tarde, na 5a mesa, o tema será “Possibilidades de desenvolvimento socioeconômico”, com Antônia Ferreira - diretora presidente e responsável pelo Núcleo de Ações Educacionais Museu da Favela – RJ, Filipa Bolotinha - Economista, gestora de projetos e coordenadora geral da Associação Renovar a Mouraria (Lisboa-PO), Goretti Tavares - Profa. Phd. Faculdade de Geografia/UFPA, Roteiro Geo Turístico e Lorena da Rocha Martins - economista, Coordenador de Microcrédito do Banco da Amazônia. A mediação será do Prof. Phd. Sílvio Lima Figueiredo – Turismólogo, NAEA/UFPA, tendo com debatedores o Prof. Phd. Fábio Castro - Comunicação, Facom/ UFPA e o Prof. Dr. Valcir Bispo dos Santos – Economista, FACECON UFPA.

Turismo e ocupação no espaço público

O terceiro e último dia do fórum inicia com a sexta mesa que trará experiências de organização e participação social com atuação na defesa de interesses locais frente a projetos urbanos e turísticos, trazendo a experiência da Associação Renovar a Mouraria, com relato de Filipa Bolotinha – Economista, gestora de projetos, coordenadora geral/Renovar a Mouraria (Lisboa-PO) e um papo sobre Direitos  Urbanos, com o Dr. Cristiano Borba - Arquiteto e urbanista, Direitos Urbanos, FUNDAJ PE.

A mediação será de Armando Sobral  - Artista visual/Arte educador, tendo como debatedores Dr. Milton Kanashiro  - Embrapa/Rede Circular e Profa. Nádia Cortez Brasil – Apbel. Os grupos de trabalho, no final da tarde, abordarão Ações emergenciais, os indicativos para um plano de recuperação, requalificação e organização Social do Centro Histórico de Belém.

Os resultados do Fórum Circular serão produzidos em grupos de trabalho, sistematizados em relatório, amplamente divulgados na imprensa e mídias sociais e entregues/encaminhados às autoridades. 

O objetivo é que as propostas emergenciais para viabilizar melhorias na área sejam incorporadas a um plano de requalificação do centro histórico de Belém, a ser viabilizado pela gestão pública (União, Estado, Município), na expectativa que estas venham constituir políticas de Estado, integrar a legislação (PDU) e o planejamento governamental.

O Fórum Circular Patrimônio, Cidadania e Sustentabilidade é uma realização do projeto Circular Campina Cidade Velha, em parceria com a Associação Amigos de Belém. O evento conta com patrocínio do Banco da Amazônia e Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet. Copatrocínio da UFPA, IPHAN e Funtelpa - Cultura Rede de Comunicação. Apoio da IOEPA, Hotel Princesa Louçã, Sol Informática, Centro Cultural Sesc Boulervad, Mirante Designer, Papel da Amazônia e 
Rede de Parceiros do Circular. 

Circular avalia quatro anos de atuação

A ideia inicial era desenvolver eventos culturais que, ao envolver o público, trouxessem um novo sentido para os bairros mais antigos de Belém, além de proporcionar uma relação sensorial e educativa sobre o conceito de preservação do patrimônio por meio de um convívio entre moradores, gestores, população da cidade e poder publico. Assim surge o projeto Circular Campina Cidade Velha com o formato de realizar, de dois em dois meses, entre abril e dezembro, domingos com programações culturais no centro histórico de Belém. (Foto: Cláudio Ferreira).

O projeto será um dos temas da programação do Fórum Circular Patrimônio, Cidadania e Sustentabilidade. Na palestra de abertura, na quinta-feira, 27, Makiko Akao contará um pouco da trajetória do projeto. “Ao formatar o Circular, elaborei um plano de gestão para três anos de projeto, cuja missão era ser um interlocutor na transformação do perfil do bairro. Ao rever as metas propostas no plano inicial vejo que muitas ações foram realizadas, mas algumas não exatamente como queríamos e precisam de reajustes. O Fórum Circular é uma oportunidade de fazer essas avaliações”, diz Akao.

Em pouco mais de quatro anos, o Circular já realizou 23 edições e este ano apresenta o seu primeiro fórum. O projeto marcou presença na cidade, firmou inúmeras parcerias e passou a ser identificado pelas bandeirolas fincadas em casarões e prédios históricos que integram o projeto. 

Além das edições lançou quatro números da revista digital Circular, um documentário e formou uma rede de  mais 40 espaços culturais situados no centro histórico de Belém e ações de ocupação de espaços públicos que têm como premissa o Direito à Cidade, tema que estará presente nas discussões, trazendo experiências realizadas em outras cidades.

“Estão na pauta dos debates os projetos Núcleo de Ações Educacionais Museu da Favela, do Rio de Janeiro, e a Associação Renovar a Mouraria, de Lisboa, entre outros. A programação traz diversos outros temas que discutirão como essas e outras ações podem trazer melhorias para moradores e pequenos comerciantes no nosso Centro Histórico. Após todas essas exposições também teremos mais subsídios para desenhar o futuro do Circular, qual o papel que lhe cabe”, conclui Makiko.

Parceria entre Circular e UFPA reabre Mercedários

Construído em 1640 para receber os frades Pedro de La Rua e João das Mercês, o Mercedários estava há quase dois anos fechado enquanto se aguardava uma decisão judicial para definir quem assumiria a gestão do espaço. Vários projetos de ocupação foram apresentados até que a UFPA conquistou a missão. A notícia foi recebida de forma positiva pela comunidade dos bairros e gestores culturais que integram o Circular. 

O reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, diz que a realização do  Fórum Circular como primeira ação aberta ao público no prédio que também abrigará cursos de pós- graduação e onde também se desenvolverá ações na área do patrimônio, é uma oportunidade, entre outras coisas, para desde já estreitar os laços com a comunidade do entorno.

“O evento possibilitará um debate qualificado e consequente sobre o futuro do patrimônio histórico da cidade de Belém, reunindo a população interessada, especialistas e entes públicos que compartilham a responsabilidade e o interesse em garantir a proteção e a conservação de bens que são de enorme valor para toda a sociedade – o que está inteiramente alinhado com a vocação da UFPA”, diz Tourinho. 

O fórum vai reunir moradores, gestores de espaços culturais, convidados de outros projetos e do poder público com objetivo de discutir ações e políticas voltadas ao patrimônio e formas de ocupação de espaços públicos situados no centro histórico de Belém.

“Essa iniciativa realizada no auditório do Mercedários/UFPA marcará do melhor modo o início do nosso trabalho nesse prédio que é, ele mesmo, um patrimônio valioso a ser conservado e que será ocupado pela UFPA com atividades voltadas à valorização e proteção do centro histórico da cidade. Pela convergência de propósitos, estou certo de que esta será mais uma de muitas importantes parcerias da UFPA com o Projeto Circular”, afirma.

Serviço
Fórum Circular – Patrimônio, Cidadania e Sustentabilidade. De 27 a 30 de setembro no Mercedários/UFPA. Programação completa: www.projetocircular.com.br/forumcircular.

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