29.7.23

Karen Tavares deixa sua marca autoral na música

Karen em 2021, no evento da FEMEA - Feira de
Música e Empreendedorismo da Amazônia.

A cena cultural de Belém perdeu uma grande cantora. Karen Tavares teve a morte cerebral confirmada na tarde deste sábado, 29 de julho. Deixa uma filha, familiares, amigos e um trabalho de luz própria.

Karen Laíse da Silva Tavares, ou artisticamente, Karen Tavares. Amiga, mãe, companheira. Além de uma grande interprete e compositora, também atuava como educadora popular. Como servidora pública coordenava o setor de humanização da Sesma.  Karen Tavares escolheu ser feliz. Cantou, cuidou e sorriu. Fez inúmeros amigos, amigas, amigues. Construiu uma obra que será ouvida por muitos e muitos anos, passará por gerações. 

A leucemia já havia sido enfrentada e vencida, há 15 anos, mas recentemente, surgiu um quadro de leucocitose elevada e anemia acentuada. Após os exames, o diagnóstico de Leucemia Mieloide Aguda foi confirmado. No início de julho foi internada, mas nunca perdeu a confiança e recebeu afeto e apoio dos amigos. Uma campanha para incentivar doação de sangue e de medula foi realizada, espalhando-se pelas redes sociais. Ao seu  lado, além de sua família, o fotógrafo e companheiro Marcelo Lélis. 

Por meio de seu Instagram, a cantora se comunicava com os amigos e fãs, sempre que possível. Na semana passada, postou dois vídeos em que canta "Águas de Oxalá", composição dos parceiros e amigos Diego Xavier e Carla Cabral. "Reza, choro que chora transmuta em força, o mundo que sonha sorri em cores, palavra e abraço são tuas armas", diz a um trecho da letra.

"Mandou Chamar" trouxe prêmio e reconhecimento

Karen, em registro do ensaio fotográfico para 
o álbum Mandou Chamar, de 2021.

Karen Tavares começou a cantar sambas no circuito musical de Belém, até que em 2017 algo novo desenhava-se, a partir de seu mergulho em composições de músicos paraenses, para mergulhar em sonoridades  amazônicas. 

Certa vez, convidada a se apresentar na Casa do Fauno, me disse em uma entrevista para o blog sobre o show: “é uma apresentação com sambas que venho cantando durante os anos que a música é meu trabalho. Porém, o atual momento é especial, pois estou começando a imprimir minha identidade musical”.

E assim foi. Em 2021, lançou nas plataformas, “Mandou Chamar”, produzido pela Lei Aldir Blanc de 2020, e premiado este ano como Melhor Álbum, na primeira edição do Prêmio Amazônia de Música, realizado no início de junho, no Theatro da Paz. 

Recebendo a premiação 
de Melhor Álbum no Prêmio 
Amazônia de Música.
Nas 11 faixas inéditas do disco, ela interpreta compositores paraenses e mergulha em ritmos brasileiros e amazônicos de influências afro e indígenas, como samba de roda, salsa, carimbó e lundu, e se aprofunda na mistura de batuques de influências exteriores, como marambiré, jongo, aguerê e pilón. 

Entre outras oportunidades, pude estar mais uma vez próxima, quando ela se apresentou, há um ano, mais exatamente no dia 7 de agosto, no 41º Circular Campina Cidade Velha, convidada do grupo Mercado do Choro, formado pelos amigos e parceiros musicais Diego Xavier e Carla Cabral. 

Uma edição solar e feliz. Estávamos de volta às ruas,  desobrigados das máscaras ao ar livre. Foi  celebração que se completou com a sonoridade e a voz inconfundível da cantora ecoando na Praça das Mercês, no centro histórico de Belém. 

O universo mandou chamar Karen Tavares, mas mesmo que ela tenha aceito o chamado, seguirá aqui, sempre muito presente, através de um trabalho que ela tanto trabalhou para realizar e o celebrou ao concretizar; e pelo qual, ainda em vida, recebeu reconhecimento. Karen é luz, onde quer que esteja agora.

Despedida

A família informou a pouco que o velório será a partir das 21h, na união Good Pax, na Tv. Lomas Valentina. E que o cortejo de despedida sairá às 10h, em direção ao cemitério Recanto da Saudade na R. Jardim Providencia, 798 - Águas lindas - Ananindeua-Pa.

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