Antes mesmo da reunião do G-20, que começou nesta quinta-feira (19), no Hangar, foi realizado, nesta quarta-feira, 18, na CasaMIa, o encontro “Conectando Culturas e Natureza: Iniciativas de Turismo Sustentável entre a União Europeia e o Brasil”, organizado pela Delegação da União Europeia no Brasil, com apoio da prefeitura de Belém e do Ministério do Turismo.
O evento reuniu, nesta quarta-feira (1), na Casa Mia, especialistas, autoridades e gestores para debater sobre o futuro do turismo sustentável, com destaque para o potencial amazônico. Na abertura, Stephanie Horel, oficial de programa da Delegação da União Europeia, trouxe à tona a experiência europeia no desenvolvimento de práticas turísticas sustentáveis.
Ela destacou a crescente resistência de algumas comunidades europeias ao turismo predatório, além de mencionar desafios relacionados à qualificação da mão de obra e à digitalização das operações turísticas. “Na Amazônia, viajei para algumas localidades e fiquei impressionada com o uso de Wi-Fi. Podíamos fazer pagamentos por Pix, o que demonstra um grande avanço na digitalização, mesmo em áreas remotas.”
O encontro contou também com a participação de estudantes, profissionais do setor, e gestores públicos brasileiros, como Ana Carla Machado Lopes, secretária-executiva do Ministério do Turismo. Paraense de origem, Ana Carla destacou a importância de ações integradas para transformar o estado em um destino turístico sustentável.
E o evento deixou claro que, para alcançar esse objetivo, é essencial promover uma cadeia produtiva transversal no turismo, que inclua desde o visitante que chega de avião até o ribeirinho que utiliza o tradicional barco “popopô” para se locomover, mas com uma ressalva, como observou Ana Carla Machado Lopes, secretária-executiva do Ministério do Turismo.Ela reforçou a necessidade de colaboração entre governo, empresas e comunidades locais para que o turismo na Amazônia se torne um exemplo de sustentabilidade para o mundo. “Queremos visitantes do Pará, do Brasil e do mundo, mas, como diz a música do Mosaico de Ravena, que venham um de cada vez. Afinal, não queremos nossos jacarés tropeçando em vocês, ou seja, que venham todos mas com respeito à diversidade local e para isso é importante que todos nós também estejamos preparados e unidos em boas práticas".
A secretária de Turismo de Belém, Julia Gorayeb, também enfatizou a necessidade de preparar a cidade para eventos locais, nacionais e internacionais: “Estamos trabalhando não só para a COP, mas para transformar Belém do Pará em um destino turístico inteligente, que cause impacto positivo para os visitantes e para quem mora aqui", disse, destacando que o progresso das obras de infraestrutura para o turismo na cidade, vai melhorar a vida dos moradores, além de motivar estudantes e profissionais a investirem na carreira turística.
Riquezas Amazônicas e turismo cultural
Inês Silveira, presidente da Fundação Cultural de Belém (FUNBEL), falou sobre a importância de recuperar o patrimônio cultural local, apresentando um panorama das ações desenvolvidas pela prefeitura nessa área. Ela destacou, também, diversas iniciativas da sociedade civil realizadas durante o Círio de Nazaré e como isso impacta a cidade com muita antecedência.
“O Círio atrai um turismo religioso, mas também um turismo cultural, que passa por ações como o Auto do Círio, a Festa da Chiquita e o Arrastão do Círio, do Arraial do Pavulagem. E nós, enquanto poder público, estamos juntos, apoiando e organizando a cidade para que todos tenham uma boa experiência.”
Izete Costa, mais conhecida como Dona Nena, relatou suas experiências com o turismo de base comunitária, a partir da fabricação de chocolate na Ilha do Combu. Hoje, duas cooperativas estão envolvidas na travessia de visitantes locais e turistas entre Belém e Combu, a partir da Praça Princesa Isabel, no bairro da Condor.
Desafios e oportunidades
Além das práticas locais, o evento trouxe a perspectiva europeia sobre a sustentabilidade no turismo. Marlene Bartes, diretora de Políticas da Comissão Europeia, reforçou a importância de tornar o turismo mais verde, digital e resiliente até 2030, com foco nas três dimensões da sustentabilidade: ambiental, econômica e social. “Precisamos garantir que o turismo beneficie não apenas uma parte de um país, mas ele como um todo, então as boas práticas são fundamentais.”Entre as iniciativas mencionadas, a Comissão Europeia propôs o uso de um mapa completo para ajudar as empresas de turismo a aderirem a práticas sustentáveis e informou sobre selos de certificação para acomodações e serviços que cumpram os critérios de ESG (ambiental, social e governança). Esses critérios são usados por investidores, empresas e outras partes interessadas para medir a sustentabilidade e o impacto ético de uma empresa:
Ambiental: Refere-se ao impacto que a empresa tem sobre o meio ambiente, incluindo práticas como gerenciamento de resíduos, uso de recursos naturais, emissões de carbono e esforços para mitigar as mudanças climáticas.
Social: Relaciona-se ao impacto da empresa nas pessoas e na sociedade, como as condições de trabalho, direitos humanos, diversidade e inclusão, e seu relacionamento com as comunidades locais.
Governança: Envolve a gestão e administração da empresa, incluindo questões como ética nos negócios, transparência, responsabilidade dos executivos e estrutura do conselho administrativo.
O futuro do turismo amazônico
O evento desta quarta-feira, reafirmou o papel estratégico de Belém no desenvolvimento do turismo na Amazônia, não apenas como uma porta de entrada para a floresta, mas como um polo cultural e gastronômico.
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