15.12.09

Desafios e experimentações no set de Ribeirinhos do Asfalto

Equipe coloca o blog do filme no ar a partir de hoje. Na foto ao lado, Jorane Castro e Adriano Barroso acompanham a prova de figurino, com Andrea Rezende e Mauriti.

Foto de Marcelo Lelis.

No quadro magnético da base de produção do curta “Ribeirinhos do Asfalto”, situada em ponto privilegiado na Cidade Velha, no Fórum Landi da UFPA, um alerta: Faltam 2 dias para as filmagens.

Isso causa frisson na equipe, mas é importante para ativar a adrenalina necessária com a qual todos estarão em contato durante os sete dias de filmagens, de 17 a 23 de dezembro, em Belém, Combu, Ananindeua e Marituba.

De estética documental, o novo curta da cineasta Jorane Castro oferece riscos e desafios à equipe formada por mais de 40 pessoas, sem contar com os 40 figurantes, selecionados apenas duas semanas antes do início do set.

Mais de 150 pessoas se candidataram. Na última segunda-feira foram feitos os testes de figurino, de Antonio Mauriti e maquiagem, que será assinada pela premiada maquiadora Sonia Penna (Madame Satã).

O elenco, definido há pouco mais de uma semana, é formado por Dira Paes e Adriano Barroso, já experientes. Barroso também assina a direção de elenco.

na foto, Célio Cavalcante. Ao fundo, o elenco reunido

Mas tem também os jovens atores Ana Letícia, vinda do curso de teatro da Unama, que viverá Deisi, filha de Rosa (Dira Paes) e Everaldo (Adriano Barroso).

E ainda Ives Oliveira, da graduação de teatro da Escola de Teatro e Dança da UFPA, que será Nazareno, o cobrador de ônibus.

No elenco ainda, mais um desafio, o menino Guilherme, que será Anderson, também filho do casal, e irmão de Deisi. Ele é morador do Combu e foi descoberto pela equipe de produção. Um ponto à favor, foi o fato de que ele sabe pilotar um barco, habilidade da personagem que vai viver no filme.

Nas participações especiais, nomes do circuito profissional de atores paraenses. Estão confirmados, Anne Dias, que será Dália, a prima que Rosa vem visitar em Belém; Andréa Rezende; Paulo Marat; Marcelo Vilela; Marton Maués e Marcelo Siqueira, o Feijão, do grupo "Os Palhaços Trovadores" (dirigido por Marton). Completam este elenco, Diego Costa, Rosilene Cordeiro e Emerson de Souza.

A produção, iniciada há pouco mais que um mês, tem direção do produtor Luís Laguna, que também assinou a mesma função no filme “Matinta”, de Fernando Segtowick. Rui Santa Helena, cenotécnico de tantos filmes do cinema paraense, assina pela primeira vez, a Direção de Arte.

Na produção, temos Wanderson Lobato (Quero ser Anjo) e Camilla Leal (Matinta). Teo Mesquita (Miguel Miguel), resolve a produção de set, é o nosso Platô. No still, o fotógrafo Marcelo Lélis (Miguel Miguel e Matinta).

Na direção de fotografia, Pablo Baião (Tropa de Elite 2, Matinta), com assistência de Pedro von Kruger. No som, Márcio Camara, que trabalha com Jorane desde "Mulheres Choradeiras" . Ele tem como assistente o paraense Mario Ribeiro.

Enfim, já não faltam dois dias, mas apenas um para começarmos a filmar. Nesta quarta-feira será feita a última reunião de equipe e de figuração.

A ficha técnica completa será publicada no blog do filme que já está no ar. É através da internet que o público interessado poderá acompanhar tudo que estará acontecendo no set de filmagem. O endereço é http://ribeirinhosdoasfalto.wordpress.com.

Na semana passada, entre muita correria e coisas para serem resolvidas, entrevistei a diretora Jorane Castro sobre a concepção do filme. As repostas dela estão logo abaixo. Confiram!


Como surgiu a idéia deste roteiro?
Jorane Castro: A idéia do roteiro surgiu da diferença que existe entre a cidade e as ilhas. São universos tão distantes e tão próximos que me pareceu um bom motivo para fazer um filme.

Além de ser muito rica cinematograficamente. Mas “Ribeirinhos do Asfalto” é um filme de personagens, apesar de ter sido provocado por uma situação estética.

Em linhas gerais quais os direcionamentos do filme?
Jorane Castro: A ação do filme se desenvolve em apenas um dia. Mas este dia muda a vida de todos os personagens principais. O filme mostra as relações humanas entre pessoas que tem que lutar pela sobrevivência, enfrentando a dura realidade, longe de conceitos como bem e mal. A relação entre estes personagens, na realidade do Brasil contemporâneo, é o motor da história.

O que é colocado em discussão?
Jorane Castro: Como enfrentar as dificuldades da vida na cidade grande? Como conseguir alimentar a sua família todos os dias? Como sobreviver em meio a tantas adversidades? Como permanecer humano? Estes são alguns questionamentos colcoados pelos personagens desta história.

Qual é a concepção estética dele?
Jorane Castro: Ribeirinhos do Asfalto é uma ficção. Mas será filmada sob forma de documental. Vamos iluminar pouco, filmar em locações sem alterações e vamos trabalhar com figuração local.

O filme vai ser feito na urgência, apesar de já ter sido bem planejado. Será também feito com improvisações e adaptações à realidade do local escolhido. O set será um lugar onde se vai decidir muita coisa, narrativamente e esteticamente.

Tecnicamente, qual
o formato escolhido?
Jorane Castro: Vamos captar em formato digital. A câmera será a maior parte do tempo na mão. Queremos imprimir um ritmo dinâmico ao filme.

na foto ao lado,
Jorane sob as lentes de Marcelo Lelis

Na ilha do Combu, o filme será em plano seqüência, mais lento, outro tempo. Na cidade, a câmera será mais frenética. Esta será a forma de fabricação do filme, mas que se baseia na vida de pessoas, eles que são o foco.

É um filme de personagens, de atores... O ator é quem leva o espectador do início ao fim da trama.

No início do processo houve uma conversa com a atriz protagonista do curta, Dira Paes. Ela fez considerações à respeito do roteiro. Como foi o papo?
Jorane Castro: Acatei algumas colocações da Dira, sim. Pois eram muito interessantes e traziam mais força à personagem que ela irá interpretar.

A leitura dela fez com que as características da personagem ganhassem em densidade. Não há como recusar uma oportunidade de melhorar o filme.

Este processo que aconteceu com a Dira é uma prática profissional minha. Acredito que o cinema é um trabalho de equipe, que todos podem acrescentar algo ao filme, num processo coletivo de criação. Eu não vejo o roteiro como uma obra definitiva, mas como uma base, e sempre que posso o modifico se for pra melhor.

O roteiro já sofreu várias alterações...
Jorane Castro: Este processo vai continuar nos ensaios com o elenco, durante a filmagem e até na montagem.

Acredito que o filme melhora com a colaboração de todos. Na minha opinião, é assim que se deve fazer cinema.

Os filmes brasileiros, sendo a maioria financiada com dinheiro público, através de renúncia fiscal, deveriam ser experimentações de linguagem.

Talvez seja esse nosso maior compromisso. Por isso gosto da participação de todos, mesmo que a decisão final seja minha, como diretora e responsável pelo filme.


PATROCÍNIOS E APOIOS
O curta "Ribeirinhos do Asfalto" foi selecionado pelo Prêmio Petrobras Cultural e tem patrocínio do Banco da Amazônia através da Lei Rouanet. Apoio: Associação dos Moradores do Conjunto Beija Flor, Núcleo de Produção Digital do IAP, Cerpa, Viação Forte, Sol informática, Forum Landi (UFPA), Praticagem da Barra, Guarda Municipal de Ananindeua, Prefeitura Municipal de Ananindeua, Ver-o-Pêso Hotel, Polícia Militar, Ctbel, Fundação Yamada, TRANMAPA - Transportadora Marítima de Cargas do Pará - LTDA e Secretarias Municipais de Economia, de Saúde e de Saneamento.


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