26.6.12

Espetáculo vem ressignificar a capoeira na dança

Até o ano de 1930, a prática da capoeira ficou proibida no Brasil, pois era vista como uma prática violenta e subversiva. Na época, os capoeiras chegavam a ser presos se fossem pegos jogando. A partir daí, porém, um importante capoeirista brasileiro, mestre Bimba, apresentou a luta para o então presidente Getúlio Vargas. Ele gostou tanto do que viu que a transformou em esporte nacional brasileiro.  Antes praticada nos engenhos do nordeste brasileiro pelos escravos que vinham da região de Angola, a capoeria hoje é alvo de inúmeras pesquisas no país.

O resultado de um delas poderá ser visto pelo público nesta sexta-feira, 29/06, a partir das 20h, no Teatro Cláudio Barradas, quando estreia o espetáculo “Capoeirando na dança”, fruto da pesquisa desenvolvida no curso de Mestrado em Artes da UFPA, especificamente na área da dança.

O trabalho iniciou há três anos, a partir de uma incursão de campo realizada durante a Especialização de Lindemberg em Estudos Contemporâneos do Corpo, ainda na ETDUFPA. No decorrer desse período, as investigações foram intensas à respeito das movimentações da capoeira regional, sendo ressignificadas para a linguagem da dança contemporânea.

Lindemberg Monteiro
Tendo como principal fonte de inspiração a “cruz da sensibilização”, processo proposto pelo intérprete-criador e pesquisador Lindemberg Monteiro, o espetáculo apresenta pensamentos e reflexões, além de muitos devaneios sobre os movimentos da capoeira ressignificados para a cena contemporânea, fundamentado na conversão semiótica, um conceito proposto pelo pesquisador e professor João de Jesus Paes Loureiro.

Ele explica que a cruz da sensibilização é um tipo de coluna vertebral da pesquisa.  “Foi essencial pois nela os intérpretes conectam suas imagens e sensações. Mentalmente, eles respondem suas próprias perguntas sobre suas imagens e sensações transitando no contexto histórico do corpo negro no eito e sua cultura, interpretando-a em movimentos corpóreos da capoeira potencializados e ressignificados em seus corpos”, diz.

As ações corporais dos movimentos são convertidas para a cena também experimentando imagens que reproduzem a história vivenciada pelos escravos trazidos para o Brasil. Tais imagens são projetadas sobre os corpos dos bailarinos que se sobrepõe e se confundem às mesmas e que, aos sons percussivos, manifestam na cena, de forma especialmente visual e corpórea, a cultura negra a qual a capoeira está intrisecamente ligada.

Lindemberg, com Leidiana Ribeiro e Wilson Monteiro
Além dos intérpretes criadores Lindemberg Monteiro, Leidiana Ribeiro e Douglas Santos e da concepção percussiva de Wilson Monteiro.

O design visual vem assinado por Ézia Neves, luz deWallace Horst, confecção de figurino, de Susy Guerreiro, direção de arte, de Kleber Dumerval, assistencia de palco, de Raymond Santos e Allan Lima e maquiagem de Leidiana Ribeiro. A direção e concepção coreográfica é de Lindemberg Monteiro.

Serviço
Espetáculo “Capoeirando na dança”, Prêmio PROEX de Arte e Cultura. Estreia dia 29 de junho de 2012, em única apresentação, no Teatro Claudio Barradas (Jerônimo Pimentel nº 546). Ás 20h, com ingressos na bilhteria do teatro: R$ 10,00 (estudante: R$ 5,00).

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