1.6.12

Obra-prima de Luchino Visconti no Cine Estação

Com projeção em película, um dos melhores filmes de todos os tempos: “Violência e Paixão”, do mestre italiano Luchino Visconti, com Burt Lancaster, Silvana Mangano e Helmut Berger estreia nesta sexta-feira, 01, com sessões às 18h e 20h30, e fica em cartaz até o dia 10/06, no Cine Estação das Docas. Imperdível.

O filme foi realizado dois anos antes da morte de Visconti, ocasião em que se encontrava já com a saúde debilitada devido ao infarto sofrido durante as filmagens de “Ludwig”, que o prendeu a uma cadeira de rodas até a sua morte, em 1976. 

“Violência e Paixão” narra a história de um professor aposentado que leva uma vida solitária, cercado de livros e de muitos quadros de pintores famosos. Certo dia, ao receber dois representantes da Galérie Blanchard, de Paris, conhece a marquesa Bianca Brumonti (interessada em alugar um apartamento do palazzo); Lietta, sua filha, acompanhada de seu namorado, Stefano; e Konrad, amante da marquesa. 

A despeito da resistência oferecida pelo professor, este termina sendo envolvido pela senhora Brumonti e seu grupo. Quando os quatro se instalam no tal apartamento, eles transformam a monótona vida do professor num verdadeiro inferno.  Espécie de testamento estético e moral de Visconti, “Violência e Paixão” (Gruppo di famiglia in un interno) deixa de lado a suntuosidade de “Ludwig”, mas não abre mão do intimismo que marca a carreira do diretor, aliado aos desconcertantes diálogos escritos em parceria com Enrico Medioli e Suso Cecchi d'Amico; diálogos e mise-en-scène apoiados no contraste entre a rebeldia da juventude e os dissabores da velhice. 

Como cenário, a Itália dos anos 70 representada num suntuoso apartamento em Roma, em confronto direto entre a tradição cultural e a vulgaridade dos novos ricos, juntamente com os supostos revolucionários de espírito livre e o terror fascista fora daquele espaço, representado pelo marido ausente.

“Violência e Paixão” venceu o Prêmio Nastro D'Argento em cinco categorias, levou o Prêmio David di Donatello de Melhor Filme e Ator, e ganhou o troféu de melhor filme no Prêmio David Europeu, todos em 1975.

Visconti (1906/1976) - Logo em seu primeiro trabalho, uma amostra do que poderíamos esperar durante toda a sua existência cinematográfica: qualidade. Em “Obsessão”, de 1943, Visconti fez uma adaptação não autorizada do livro “The Postman Always Rings Twice”, de James Cain. Por causa do não pagamento dos direitos autorais da obra original, o filme foi proibido nos Estados Unidos até a década de 70. 

Em 1948, com “A Terra Treme”, Visconti explora as dificuldades sociais da época ao narrar a história de um jovem pescador que decide trabalhar por conta própria. Mas, ao desafiar um império, descobre os tristes caminhos daqueles que não têm recursos para seguir em frente. Visconti trabalhou aqui apenas com atores amadores. 

Em “Belíssima” (1951), o diretor dava os últimos passos neo-realistas, antes de realizar uma de suas obras-primas: Rocco e Seus Irmãos (1960), drama social elevado ao máximo da estética e narrativa, contanto a história da família que vai morar em Milão e deve, com o tempo, se adaptar à nova vida. “Noites Brancas”, de 1957, oferece novas dimensões narrativas para a obra de Dostoiévski. 

“O Leopardo” (1963) trouxe a Palma de Ouro em Cannes às mãos de Visconti, através da história de Dom Fabrizio Salina, um nobre príncipe que vive a decadência da nobreza e a ascensão da burguesia durante a Itália do ano de 1860. Aqui o luxo, grandiosidade e a fama já faziam parte de seus trabalhos, pois tudo ficou maior, mais rico. 

Com “Morte em Veneza”, de 1971, a polêmica característica de sua filmografia toma ares maiores. 

Baseado na obra de Thomas Mann, conhecemos a história de Gustav Aschenbach, um músico que vai passar férias no exterior e acaba vivendo uma paixão avassaladora e inesperada, confrontando-o com seus próprios ideais. “Ludwig” (1973) foi a sua antepenúltima obra, e também aquela que marcou o início de uma série de problemas em sua vida pessoal. 

A versão picotada de apenas duas horas, lançada pelos produtores na época, deu lugar a uma mais recente, nos anos 80, completa, se aproximando mais do que Visconti tinha em mente ao realizar o trabalho, com aproximadas quatro horas de duração. “Violência e Paixão” (1974), quase uma autobiografia, foi relançado no Brasil no ano passado, ficando meses em cartaz no Cine Sesc São Paulo. 

O canto do cisne, O Inocente (1976), foi dirigido já em cadeira de rodas e teve de ser finalizado após o falecimento de Visconti. A obra de Luchino Visconti remete ao um cinema de histórias marcantes, uma exaltação a beleza, grandiosidade e decadência. Um dos grandes nomes do cinema italiano e um dos mais importantes nomes da história do cinema mundial.  https://mail.google.com/mail/u/0/images/cleardot.gif 

Serviço
Violência e Paixão (Itália/França, 1974) De: Luchino Visconti. Com Burt Lancaster, Silvana Mangano e Helmut Berger. 120m. Drama. 18 anos. Exibições nos dias: 1º (sexta): 18h e 20h30 2 (sábado): 18h e 20h30 3 (domingo): 10h, 18h e 20h30 8 (sexta): 18h e 20h30 9 (sábado): 18h e 20h30 10 (domingo): 10h,18h e 20h30 Ingressos: R$ 7,00 (com meia-entrada para estudantes). Realização: OS Pará 2000, Secretaria de Estado de Cultura – Secult e Governo do Estado.

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