20.12.12

Black Soul Samba faz a festa de aniversário



O coletivo completa três anos com homenagem às duas décadas do movimento manguebeat. Além do show especial do grupo Lauvaite Penoso, o samba marcante da cantora Gigi Furtado chega pra dar o tom do universo da música brasileira, característico da Black Soul Samba. Tudo nesta sexta, 21, e mais cedo, a partir das 18h, no Palafita. 

Há 03 anos a noite de Belém começava a compartilhar do conceito de música negra para além do rap, funk e hip hop. A pesquisa musical realizada pelo Coletivo Black Soul Samba iniciava seu trabalho de realizar festas com todas as vertentes da música negra, principalmente suas raízes fincadas na música brasileira. Samba, axé, batuques, carimbó, tropicália, todos carregam o sotaque que a mãe África vem reverberando nas noites de sexta na capital do Pará.

Do início com os DJs Uirá Seidl, Homero da Cuíca, Kauê Almeida, Eddie Pereira e Fernando Wanzeler mostrando seus sets repletos da musicalidade universal, até os shows de artistas de renome nacional como Saulo Duarte (Ce/SP), Andréa Dias (SP), Jana Figarella (Pe) e Jimmy Luv (SP) entre outros, foram cerca de 110 festas. 

Sempre conceituais, as noites da Black Soul Samba também levaram importantes tributos e homenagens à ícones da música brasileira como Luiz Gonzaga – interpretado por Adílson Alcântara; Gilberto Gil – interpretado por Olivar Barreto; Caetano Veloso e Tropicália – interpretados por Rande Frank; Tim Maia – com Roguesi; e Clara Nunes – com a diva paraense Gigi Furtado. E é Gigi quem volta ao palco do Palafita para comemorar este aniversário de 03 anos, emprestando sua voz a sambas clássicos e ao melhor de Jorge Ben e da própria Clara Nunes.

Rodrigo, da Lauvaite Penoso
A festa desta “Black do fim do mundo” passeia ainda mais pelo cancioneiro brasileiro e celebra também os 20 anos do movimento manguebeat, considerado o segundo movimento musical contemporâneo mais importante, depois da Tropicália. Quem leva a tônica de Chico Science e Mestre Salustiano é o grupo de Icoaraci, Lauvaite Penoso, aportando na Black com todas as cores de rios, pontes e overdrives.

O sotaque do mangue - A Banda "Lauvaite Penoso" buscou através da música falar sobre o cotidiano nos movimentos culturais das baixadas de Belém e Icoaraci, junto à mistura de outros pontos fortes do que cada integrante da banda carrega consigo. Seu repertório autoral foi desenvolvido com bases na cultura popular amazônica e brasileira, com influências que vão do carimbó ao tecnobrega e das guitarradas ao maracatu.

A expressão “Lauvaite Penoso” vem das brincadeiras de pipa e rabiola, comuns na periferia de Belém. De acordo com o grupo, empinar uma pipa é voar com ela, explorar novos espaços, experimentar novos vôos! É a primeira viagem de muitas crianças pobres das baixadas de Belém que encontram nesta brincadeira nada mais que Liberdade. "Lavaite Penoso é o nosso grito, é a nossa brincadeira perigosa, já que todos têm que sobreviver em periferias violentas, trabalhando para se sustentar e ainda assim fazer música”, explicam os integrantes. 

Com uma cozinha carregada no batuque, o grupo tem Gabriela Maurity e Rodrigo Ethenos na voz e percussão, Gleideson Carréra na voz, percussão e efeitos, Johnny Craveiro com voz, violão e guitarra, Diogo Craveiro com guitarra e voz, Jassar Protázio no baixo e voz, e Júnior Dusik na bateria e sampleador. Para o aniversário da Black o grupo montou um repertório especial todo voltado ao manguebeat.

Criado na década de 90, O objetivo do movimento surgiu de uma metáfora idealizada por Fred Zero Quatro ao trabalhar em vídeos ecológicos. Como o ecossistema mangue é chave na biodiversidade global, o Manguebeat precisava formar uma cena musical tão rica e diversificada como os manguezais. Devido a principal bandeira do mangue ser a diversidade, a agitação na música contaminou outras formas de expressão culturais como o cinema, a moda e as artes plásticas.

O Manguebeat influenciou muitas bandas de Pernambuco e do Brasil, desde a própria Nação Zumbi,  Eddie, Mestre Ambrósio e Mundo Livre S.A, até o Cordel do Fogo Encantando e o músico Otto, entre tantos outros; sendo o principal motor para Recife voltar a ser um centro musical, e permanecer com esse título até hoje.
Samba, suor e “parabéns a você”

Gigi
Sambista e cantora lírica Gigi Furtado é uma das consagradas intérpretes da música negra em Belém. Elza Soares, Chico Cézar, Jorge Ben e Paula Lima estão no repertório da cantora, montado com arranjos especiais, trazendo todo o batuque afro para cada música interpretada. 

No show desta sexta Gigi também presta homenagem especial a cantora Elen Oléria, vencedora do concurso nacional The Voice Brasil. No decorrer do espetáculo este repertório vai sendo todo alinhavado e costurado durante a apresentação, levando o público a uma atmosfera musical, proporcionando momentos de entretenimento e boa música. Além é claro, do carisma evidente de Gigi Furtado, que interage de maneira efetiva, dando dinâmica diferenciada ao show.

Acompanhada da banda “Cavaleiros de Jorge”, com quem divide o palco há mais de três anos, Gigi está a frente de um laboratório comprometido com o fazer musical. Composta por André Andrade no violão, André Brasil na bateria e Alexei Moreira no baixo, os “Cavaleiros de Jorge” serão os responsáveis por todo o swingue brasileiro do show de Gigi, que entoará também o “parabéns à você” ao coletivo Black Soul Samba.

Sonoridade, pesquisa e conceito - Vindo de Manaus, o nome “Black Soul Samba”, foi trazido pelo DJ Homero da Cuíca, que realizou a primeira BSS na capital do Amazonas, antes das festas de Belém. De acordo com Uirá Seidl, um dos produtores e DJ da BSS, era a peça que faltava para dar vida ao coletivo. 

“O nome nos deu inclusive o insight para a festa sair um pouco daquele padrão comumente associado as festas de black music, onde focam quase exclusivamente no hip hop e o funk. Tivemos então a convicção que deveríamos ampliar o escopo da sonoridade do evento, e estender  o termo ‘black music’ para o que de fato é : ‘música negra’. Samba, reggae, afrobeat, muitos estilos, inclusive o blues, são frutos diretos da cultura negra. Os reflexos dessa cultura na música brasileira são indizíveis, e é indissociavelmente ligada a África. Até o tropicalismo não existiria, se não fosse a cultura africana”, acredita.

Buscapé Blues
Mas não foi só, o ano de 2012 foi marcado ainda pela presença cada vez maior do som paraense nas festas. Nilson Chaves, Arthur Espíndola, Buscapé Blues, Curimbó de Bolso, Juliana Sinimbu, Pipira do Trombone, Pio Lobato, Nazaré Pereira, Joelma Kláudia, Rádio Cipó, MG Calibre, Eloi Iglesias e CaBloco Muderno foram alguns dos paraenses que deixaram suas marcas nas noites de sexta no Palafita, alargando o conceito da musicalidade negra e principalmente mostrando às novas gerações que o som produzido no Pará é universal. 

Se não bastasse, a Black Soul Samba também tem contribuído para a integração das artes, investindo nos cenários assinados por Aldo Paz e levando exposições fotográficas e de audiovisual em momentos pontuais, incluindo a apresentação de malabares circenses, performances e feiras de acessórios da Madame Bijoux, que também estará nesta próxima sexta.

Na festa deste 21 de dezembro, as trombetas do apocalipse soarão música brasileira com samba, soul e todo o colorido da black music. E é bom aproveitar, pois os DJs Uirá Seidl, Kauê Almeida, Homero da Cuica, Fernando Wanzeler e Eddie Pereira retornam apenas em fevereiro de 2013; isso é claro, se o mundo não acabar depois deste aniversário.

Serviço
Aniversário de 03 anos da Black Soul Samba. Nesta sexta, 21, no Palafita - Rua Siqueira Mendes ao lado do Píer das 11 Janelas, Cidade Velha. A partir das 18h. Ingressos: R$ 5,00 das 18h às 20h (promocional sem meia-entrada) e R$10 ( valor normal com meia-entrada) após às 20h.

(Texto enviado por Dani Franco - jornalista - assessora de imprensa da Black Soul Samba)

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