Em Recife, no sábado à noite (Foto: Flora Pimentel) |
Acabou há pouco o ensaio da banda Os Dinâmicos, que vai tocar esta noite, com Mestre Vieira, na festa “Guitarradas da Folia”, em Barcarena. O músico chegou nesta madrugada de Recife, onde no último sábado, tocou na primeira noite do 18 º Rec Beat. Logo cedo, em Belém, ele pegou um barco e seguiu para a sua cidade.
Barcarena fica a mais ou menos a 1h e meia de Belém, saindo do Ver-o-Peso. As saídas, da feira cartão postal da cidade, acontecem de uma em uma hora e são feitas em barcos pequenos ou de lanchas, e custam menos de R$ 10,00. Ao longo da viagem, a paisagem, claro, é ribeirinha e inspiradora, uma outra realidade, bem a frente da metrópole amazônica. Vemos as casas palafitas, crianças se jogando no rio, açaizeiros e uma quantidade variada de espécies de árvores frutíferas da Amazônia. A imagem nos sugere logo o som das guitarradas.
Foi à beira desse mesmo rio, em Barcarena, que Mestre Vieira nasceu, em 1934, filho de um português, que não gostava de samba, mas que teve gosto em ver o filho aprender a tocar banjo e depois bandolim, instrumento típico do Fado, música lusitânia. Foi assim que o pequeno Joaquim de Lima Vieira acabou chegando a guitarra nos anos 1960 e uma década depois deu inicio a uma jornada que o tornaria ícone de um estilo criado por ele, precursor da atual lambada e hoje conhecido como guitarrada.
Unanimidade popular, Mestre Vieira neste carnaval será homenageado pelo maior bloco do município, o Bica Grande, por seus 50 anos de carreira. Uma banda de música contratada de fora vai puxar o bloco, a partir desta tarde de segunda-feira Gorda. O show mais esperado, porém, só vai acontecer por volta das 23h.
Com Os Dinâmicos (agosto/2012) - Feira da Música de Fortaleza |
O grupo “Os Dinâmicos” é formado por Luis Poça (teclados), Idalgino Cabral (baixo), Lauro Honório (guitarra base) e Dejacir Magno (vocal), músicos que gravaram com Mestre Vieira os LPs mais antigos, além de Jairo Gomes, atual baterista. O primeiro LP, Lambada das Quebradas foi lançado em 1978, mas gravado dois anos antes, em 1976 pela gravadora Continetal. A música carro chefe, porém, Lambada da Baleia, foi feita em 1974, logo depois do episódio ocorrido com o encalhe de um filhote de baleia na beira do rio que banha a frente da cidade. Mestre Vieira descreve na letra o que foram aqueles dias na pequena cidade do nordeste paraense.
O LP acaba de ser lembrado no show levado para Recife, no Rec Beat, com direção de Pio Lobato, com apoio da Funtlepa – Rede Cultura de Rádio e TV. Na formação vocal, está a radialista e cantora Ana Clara, que teve ao lado ainda Natália Matos e Camila Honda.
“Pra mim é uma honra a possibilidade de cantar com o Mestre Vieira. Já tinha acontecido no especial de aniversário dele na Rádio Cultura, mas agora a participação vai ser mais intensa, em mais músicas. É muito bom participar disso junto com o Pio Lobato e o Vovô, com quem canto na banda Massa Grossa, mais a oportunidade de estar pela primeira vez com o Príamo Brandão num projeto, que é um músico que admiro. Dividir os vocais com a Camila e a Natália também é ótimo, são duas meninas super talentosas. Temos nos divertido nos ensaios”, comentou a cantora antes de embarcar pra Recife na semana passada.
Há quem o chame de Jimi Hendrix e B.B. King da Amazônia |
No Rec Beat o público ouviu trabalhos do cancioneiro de Mestre Vieira (foto ao lado: Renato Chalú), produzido entre os anos 1980 e 1990. As músicas originais foram digitalizadas e podem ser ouvidas no site: www.mestrevieira.com.br.
É carnaval e se a Mocidade Independente de Padre Miguel soubesse, teria convidado nosso guitarrista maior pra integrar o seu desfile de ontem na Marquês de Sapucaí.
É carnaval e se a Mocidade Independente de Padre Miguel soubesse, teria convidado nosso guitarrista maior pra integrar o seu desfile de ontem na Marquês de Sapucaí.
Os acordes de guitarrada ao lado de Evandro Mesquita teriam feito sem dúvida nenhuma um enorme sucesso, afinal, a postura de Mestre Vieira é total rock’n roll. Ele fez até uma música para o Rock in Rio de 1985 e quem vai ao seu show, nunca perde por esperar o desfecho, quando ele toca a guitarra nas costas e ao final finge jogá-la ao público. Impagável!
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