A argentina Florencia Bernales e o paraense Henry Burnnet, a partir de um repertório eclético que envolve poemas de Edson Coelho, fazem show hoje e amanhã, às 20h, no Teatro Gasômetro, Parque da Residência, com ingressos a R$ 10. É a realização de um
sonho que começou há mais de vinte anos e pelo qual
três artistas se empenharam desde 2008:
A história começa no final dos anos 1980, quando se iniciou a parceria entre Henry Burnett e Edson Coelho. Parceria caracterizada pela ênfase direta na poesia, configurada não propriamente por melodias e “letras”, mas por melodias e “poemas”. Tal conceito rendeu músicas bastante peculiares, com acentos renascentistas e um intimismo que remete à música de câmara, mas de sabor “popular”.
Essas características ganharam unidade na voz de Florencia Bernales, a partir de um encontro providencial: Henry estava em Berlim, Alemanha, pesquisando a música da época em que Nietzsche escreveu, para uma tese de doutorado na Unicamp (Henry, 41 anos, é professor de filosofia na Universidade do Estado de São Paulo) e encontrou a soprano argentina Florencia Bernales num bar de tango.
Florencia acabara de se formar em canto lírico em Londres e seguia pesquisando uma de suas paixões: a música popular de vários países, sobretudo da América Latina.
Alguns anos depois, aconteceu, em Buenos Aires, a gravação do cd “Interior”, que, a despeito da ótima acolhida da crítica, no Brasil e na Argentina, nunca foi apresentado em show.
O disco, delicado e intimista, reúne melodias de Henry para letras próprias, poemas de Edson Coelho e para um poema do português Fernando Pessoa.
Cinco anos depois, esgotada a primeira tiragem, decidiu-se por nova prensagem, com um novo projeto gráfico e uma faixa bônus, inédita, “A fome”.
Henry veio de São Paulo, Florencia, de Buenos Aires e, finalmente, o tão sonhado show, hoje e amanhã, com a participação do músico paraense Renato Torres.
Uma oportunidade de fato imperdível.
O trabalho de Henry, desde o início, se pautou por desenvolver uma música urbana em Belém, sobre temas universais e sem a obrigação de compor ou não compor a partir de ritmos “regionais” ou quaisquer outros.
Com letras próprias marcadas pelo reflexão nos grandes temas (ele é pós-doutor em filosofia, com estudos especialmente acurados em cultura brasileira, com ênfase na música) desenvolveu uma obra reconhecida pelos pares de Belém, pelo público mais atento e por críticos nacionais abertos à produção transversal ao já estabelecido pela grande mídia.
Florencia é, ao mesmo tempo, técnica e emocionada, resultado dos estudos de canto clássico e de história da música, respaldados por uma paixão: a música popular, que já a levou a tantos países, inclusive várias vezes ao Brasil, e que a faz uma voz onde soam e ressoam Argentina, Venezuela, Peru, Inglaterra, Alemanha, deste e de outros séculos.
O espetáculo se completa com os poemas de Edson, nucleados na própria palavra, numa tradição que vem de Mallarmé e, na música, chega a Caetano e Arnaldo Antunes; e com as interferências do músico e compositor Renato Torres, que, sendo também poeta, faz bem a ponte entre palavra e música que tanto caracteriza o disco e o repertório do show.
Serviço
Show “Interior”. Florencia Bernales, Henry Burnett, Renato Torres. Hoje amanhã, 20h, no teatro Gasômtro (Parque da Residência). Ingresso, R$ 10.
(Texto enviado pela assessoria de imprensa)
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