18.2.13

Paisagens, falas e sons do nordeste na tela do IAP

O Cineclube Alexandrinho Moreira exibe, hoje, em sua sessão semanal, às 19h, um longa de Marcelo Gomes, cineasta pernambucano que esteve em Belém recentemente, ministrando por lá um curso de direção de cinema. “Viajo porque preciso, volto porque te amo" é um road movie experimental, que também tem na direção o cineasta parceiro de Marcelo, Karim Aïnouz e O Céu de Suely), com quem ele trabalhou em “Madame Satã” e “Cinema, Aspirinas e Urubus”. 

O longa teve sua estreia no 66º Festival Internacional de Veneza e já recebeu inúmeros prêmios, entre eles, os de Melhor Direção e Melhor Fotografia, no Festival do Rio 2009, e Prêmio do Júri de Melhor Filme, no 12º Festival de Cinema Brasileiro em Paris.  Em 2010, o filme chegou a ser exibido em Belém, dentro da programação do Amazônia DOC. 

Na história temos José Renato (Irandhir Santos), 35 anos, um geólogo que para realizar uma pesquisa, terá que atravessar todo o sertão nordestino. Sua missão é avaliar o possível percurso de um canal que será feito, desviando as águas do único rio caudaloso da região. À medida que a viagem ocorre ele percebe que possui muitas coisas em comum com os lugares por onde passa. 

Desde o vazio à sensação de abandono, até o isolamento, o que torna a viagem cada vez mais difícil. Por um lado é um típico filme de estrada traduzindo em bom português. Por outro, é absolutamente inovador no quesito montagem. 

Os dois cineastas montaram o longa a partir de imagens que já tinham sido feitas para um documentário curta-metragem sobre a região. Vemos então cenas registradas na Bahia, Sergipe, Ceará, Alagoas e Pernambuco.

O montador Karen Harley faz um trabalho brilhante, reunindo registros em super-8, 16 mm e digital numa concisão narrativa que emociona, movida pela trilha sonora de Chambaril e a voz de Irandhir, que apesar de invisível está presente o tempo todo. 

Irandhir Santos (Besouro, A Pedra do Reino), que interpreta Renato, inicialmente, narra com voz é monótona as sequencia. Sua fala é quase mecânica, onde limita-se a fazer um ou outro comentário pessoal no meio do registro da jornada de 30 dias. Aos poucos, porém, conforme a sensação de isolamento e tristeza cresce na paisagem, o personagem vai deixando de ser o geólogo e passando a ser Renato, homem que sofre a saudade da esposa, deixada para trás. E não demora para que a verdadeira história do narrador seja desvendada. Vale conferir!

Serviço
A sessão tem entrada franca, ás 19h. O cineclube Alexandrinho Moreira fica no Instituto de Artes do Pará, na Pça Justo Chermont, ao lado da Basílica de Nazaré.

Nenhum comentário: