A confraternização no final das apresentações |
O site do evento previa isso dias antes da terça, que teve no cardápio musical a banda Molho Negro, Olivar Barreto, Aíla e João Golsalves e os Populares de Igarapé-Miri, além da Banda ARK e de Felipe Cordeiro, as últimas atrações da noite que, eclética, foi aquecida pelo calor humano e ritmos contagiantes do Pará.
De 14 de maio a 30 de julho, em 12 terças-feiras seguidas, sempre com seis shows em cada, somando as 72 atrações selecionadas entre as mais de 300 inscritas. A comissão artística que vinha acompanhando todos os shows, além do diretor do espetáculo, o produtor Carlos Eduardo Miranda, que esteve presente, ontem, no Teatro Margarida Schivasappa, devem divulgar o resultado ainda neste final de semana.
Apenas 12 irão integrar o show oficial do Terruá Pará, que será apresentado em São Paulo, sem data definida ainda para acontecer.
A tarefa da comissão será árdua. O próprio Miranda disse a Raul Bentes e Beto Fares, da rede Cultura de Comunicação, que está mais uma vez impressionado com a diversidade da música do Pará e que não será nada fácil definir o novo show do Terruá.
Aila, Arthur Espíndola, Luê, Calibre e mais... |
Vamos divulgar logo isso”, informou o produtor aos radialistas que comentaram a mostra nos intervalos dos shows, durante a transmissão pela TV, rádio e Portal Cultura.
Miranda vem acompanhando a cena musical paraense há um tempo. Em meados dos anos 2000, ele esteve por aqui, à convite de Ney Messias, então presidente da Funtelpa, e participou do festival cultura de verão, realizado em Algodoal, onde grande parte das atrações selecionadas para esta primeira Mostra Terruá subiram no palco, montado na praia em frente à vila dos pescadores.
Algodoal, desconfio, é uma espécie de terra natal do Terruá Pará.
De lá pra cá, a cena, que já era madura, se destacou, de maneira diferenciada, e o Terruá somou ao impulso inevitável provocado pela mídia brasileira, que descobriu, “de repente”, a música paraense. No início sofreu críticas e gerou polêmica, mas foi em clima de confraternização que a mostra encerrou, ontem, no Teatro Margarida Schivasappa.
Felipe Cordeiro na noite de aplausos
Felipe Cordeiros encerrando a mostra |
A programação contou ainda com a misturada de lambada, guitarrada e latinidades dos Populares de Igarapé-Miri. Tudo já ia ás mil maravilhas até que no final virou catarse. E se a banda ARK ‘causou’, surpreendendo com seu tecnomelody com sotaque de rock anos 1980, Felipe Cordeiro deixou o público estarrecido.
Postura de star, agora com menos bigode, é verdade, mas com performance cada vez maior e segura no palco, em apenas 20 minutos, ele levantou a plateia que já havia se inflamado com os shows que vieram antes.
A apresentação de Felipe Cordeiro na mostra Terruá, o reafirmou como artista admirado do público paraense. Digo reafirmou, pois a multidão que, em abril de 2012, super lotou a Praça do Carmo, no centro histórico de Belém, para o lançamento de seu primeiro CD, já havia dado este recado.
Os Cordeiros e banda arrebentaram! |
A diversidade presente no resultado musical do show de Felipe também esteve exposta em sua banda. O cantor tem a seu lado um dos melhores produtores e compositores, fomentador da música paraense, o guitarrista Manoel Cordeiro, apresentado pelo filho como marajoara, nascido em Ponta de Pedras no Marajó, mas com cidadania amapaense, bragantina e belenense.
Felipe tem também Betão Aguiar, no baixo, que é filho do cantor e pesquisador Paulinho Boca de Cantor, do grupo Novos Baianos; tem o baterista Márcio Teixeira (bateria), ex-parceiro da banda de seu pai nos anos 1990; o tecladista Otto Ramos, produtor musical e articulador cultural do Amapá e Márcio Jardim (percussão), um dos criadores do Trio Manari, ao lado de Nazaco e Kleber Benigno. Enfim, foi uma grande noite!
Mostra deu certo, mas pode ficar melhor
Pedrinho Callado fazendo pose! |
Na época, mais uma vez, o Terruá sofreu críticas que devem até ter contribuído para o lançamento de um edital em 2013, um passo importante do projeto em direção à democratização de seu processo de seleção.
O público local foi conquistado e os artistas envolvidos, conquistados. Mas em um estado de dimensões como o Pará, muitos artistas que moram em municípios mais distantes ficaram de fora ou quiçá souberam do processo de seleção.
Para ser mais democrático seria interessante realizar audições e inscrições em pelo menos uma cidade de cada região do Pará.
Quem sabe uma espécie de seletiva no interior no Estado para a II Mostra Terruá Pará seja um bom caminho? Fica a sugestão. E um desejo: de que o Terruá funcione como ferramenta de mapeamento da produção musical, com objetivo de criar políticas de governo contínuas, incentivando projetos que joguem seus holofotes sobre as outras linguagens artísticas, fomentando, assim, a cadeia produtiva da cultura.
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