Debates, shows e outras ações serão realizados no Teatro Cláudio Barradas, em busca de novos caminhos para a cultura paraense. O evento acontece após vários acontecimentos em torno da cultura em Belém do Pará. Entrada franca.
O “Chega-te a Nós” será realizado no Teatro Cláudio Barradas, de 16 a 18 de agosto, com iniciativa do Movimento Chega, que questiona e exige políticas públicas voltadas à cultura no Estado do Pará. A decisão de realizar a programação deste final de semana foi tomada após uma série de ações realizadas em pouco mais de um mês em Belém do Pará.
Esta semana, por exemplo, artistas e produtores culturais participaram das Conferências Municipal e Estadual de Cultura que, aliás, geraram inúmeras polêmicas, com direito à denúncias contra a Fumbel. As duas conferências foram realizadas no Centur, em meio a uma série de outras ações que vem sendo feitas pelos artistas de Belém, em prol de novos horizontes para uma política cultural de estado, e que agora começam a desenhar um perfil mais sólido e com metas de trazer benefícios a todos. Passadas as batalhas, porém, fica claro que a guerra ainda não está ganha.
"Mater Dolores", de Jeferson Cecim na programação |
Chega-te - Fazendo referência tanto ao nome do movimento, quanto ao título que se dá a um elixir popular vendido pelas erveiras do Ver-o-Peso, o Chega-te a Nós (no Ver-o-Peso é Chega-te à Mim) será realizado no Teatro Cláudio Barradas, que se torna, a partir desta sexta-feira, mais um dos palcos de atuação para esta cena.
Hoje, das 16h às 18h, haverá um debate sobre Política de Estado para a Cultura, cenário atual e desafios a sua implementação. Será também realizada uma aula sobre o tema com a professora doutora em Ciência Política Marise Morbach. Depois da aula introdutória, será dado continuidade ao debate para tirar os primeiros encaminhamentos quanto as propostas do Movimento.
Das 18h30 às 20h30, será realizado um workshop gratuito com o coreógrafo, diretor e mestre de Butoh, Tadashi Endo, oferecendo 50 vagas. O objetivo é também chamar atenção para um setor que o movimento também exige atenção, o da formação.
No sábado, 17, o Movimento convida todos os artistas a levarem sua arte para a programação. O dia será colaborativo, mas é preciso fazer inscrições pelo Facebook ou no próprio teatro. Às 17h haverá a performance “Mater dolores - Desvãos da memória” , com Jeferson Cecim. À noite, das 19h às 21h, será a vez de mais um debate, com o tema “As novas faces da indústria cultural", com o professor doutor em Filosofia, Ernani Chaves. Em seguida, continuação do debate para construção de proposições que comporão a carta oficial do movimento.
No domingo, a partir das 14h será produzida a carta com as propostas do Movimento CHEGA! Que será entregue à sociedade e aos governos Municipal e Estadual. A partir das 16h, mais uma rodada livre de apresentações artísticas será realizada, encerrando com um show de Renato Torres e Gláfira Lobo.
É preciso fazer inscrições para as apresentações, também pelo facebook, mas para este domingo, já estão garantidos, das 16h às 18h, uma oficina de Desenho, com Nelson Carvalho; ás 17h, um bate papo sobre ancestralidade, a força motriz do tambor e roda de raiz, com o Coletivo Casa Preta; às
18h, apresentação do espetáculo Fio de Pão, In Bust e, a partir das 19h30, Performance Pedro Olaia, show de
Herlon Chagas Neto – Voz, violão e percussão e apresentação de
Gláfira Lobo e Renato Torres com o show Canções e Circo.
Mais informações: 91 8517-5995/8417-5387.
Reunião em praça pública, ao lado do Da Paz |
Uma breve retrospectiva - Há mais de um mês, artistas paraenses iniciaram um movimento demonstrando sua insatisfação com as ações do governo voltadas à cultura.
No dia 09 de julho, artistas subiram no palco do Teatro Margarida Schivasappa do Centur, onde acontecia mais uma das apresentações da Mostra Terruá Pará e leram para o público que lotava a casa, uma carta onde se posicionaram contra forma com que o governo do estado vem desenvolvendo a política na área da cultura.
Para o movimento, não há uma forma democrática de se tratar a cultura e nem há iniciativas que contemplem a diversidade cultural do estado. Criticaram o próprio Terruá Pará e o Festival de Ópera, como carros chefes das ações de governo para a cultura. Na semana seguinte iniciaram uma série de reuniões para em seguida saírem ás ruas. No dia 16 de julho saíram da frente do Teatro Cuíra, no bairro da Campina, em direção á Secult, na Av. Magalhães Barata. A caminhada terminou em protesto em frente à sede da Secretaria de Estado de Cultura.
O protesto na abertura do Festival de Ópera |
Houve reação do governo. Por meio de uma entrevista concedida à imprensa, o secretário Especial de Promoção Social, Alex Fiúza de Melo disse que toda política cultural do estado deve obedecer critérios meritocráticos para a distribuição de recursos. Ele afirmou ainda que é muito difícil que haja consenso com relação aos investimentos culturais, já que existem razões subjetivas para avaliar a qualidade das iniciativas artísticas no Pará.
No dia 08 de agosto, após mais algumas reuniões realizadas em praça pública para retirar propostas de encaminhamento ao movimento, os artistas realizaram novo protesto, desta vez, na abertura do XII Festival de Ópera do Theatro da Paz, que estreava “Elixir de Amor”. A noite foi agitada com uma grande manifestação artística na Praça da República, em frente ao Theatro da Paz, reunindo artistas de várias áreas, inclusive da cultura popular. A data foi eleita pelos artistas como o Dia do Chega.
Dentro do teatro, lotado, algumas pessoas tentavam entender o que acontecia do lado de fora. A manifestação, porém, não chegou a atrapalhar a apresentação dos artistas que trabalhavam na ópera. De acordo com o movimento, não era esta a intenção, embora o festival seja utilizado pelos manifestantes como um exemplo do mal uso dos recursos públicos de investimentos à cultura.
Paulo Chaves na coletiva do Festival de Ópera (01/08) |
O secretário de cultura Paulo Chaves defende o festival de ópera como uma ação coerente e que traz, como benéfico, a formação para cantores, músicos e técnicos que trocam experiência com profissionais que são convidados para trabalhar no evento trazendo a experiência de ouros estados.
Este ano, alegou o secretário na coletiva concedida à imprensa no dia 1º de agosto, dos mais de 300 profissionais envolvidos, apenas 50 são trazidos, por sua excelência profissional, para atuar no festival.
Enquanto isso, o Movimento Chega, em sua página de discussão no Facebook, alega que não se quer o fim do festival, mas sim um investimento mais democrático dos recursos da cultura, que possa trazer benefícios a artistas e produtores culturais que trabalham de forma independente e que, na maioria das vezes, só tem os editais do governo federal, nos quais a concorrência se dá com artista de todo o país, para desenvolver seus projetos.
Indo além do Festival de Ópera e do Terruá Pará, a iniciativa do movimento, neste final de semana, ganha importância maior, pois pretende ampliar mais a discussão e esclarecer melhor onde se pretende chegar. Os artistas à frente do Chega, profissionais com um currículo de atuação consistente e coerente ao longo de décadas, começam uma mobilização mais de base, com objetivo de levar informações às categorias artísticas de diversas vertentes e tirar dali outros encaminhamentos.
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