O Festival de Artes Integradas - Festcineamazônia Itinerante vai até dia 25 de agosto, passando por cidades de Rondônia, no Brasil, e da Bolívia, encerrando em Pimenteiras. O repórter Ismael Machado, convidado do evento, há uma semana acompanha a itinerância, que segue por rios e estradas, com patrocínio BNDES, Governo Federal através da Lei Rouanet, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual, apoio cultural da Santo Antônio Energia, além de Parceria Institucional da Fundação Banco do Brasil. Abaixo, mais um texto da série que o jornalista está enviado ao Holofote Virtual.
Surpresa recebe Festcineamazônia
Por Isamel Machado
Thiago dos Santos Flores abandonou por alguns momentos o barco Dourado, onde mora com a família. Aos nove anos o que o menino queria era entender o funcionamento da filmadora ali ao lado. Cercando o cineasta Ricardo de Almeida e o auxiliar Christyan Ritse, Thiago absorvia-se ao ver as imagens captadas. Menos de cem metros adiante, a imensa tela branca anunciava o que viria a seguir.
O distrito de Surpresa, uma pequena comunidade ribeirinha de Rondônia, receberia a primeira noite da etapa de rio do Festival de Artes Integradas-Festcineamazonia. Era o dia 12 de agosto e a itinerância começara há apenas três dias.
A equipe chegou ao distrito no final da manhã. Enquanto o major Lindoval Leal e a sargento Ana Gonzalez, do Corpo de Bombeiros de Porto Velho, iam a uma escola local dar uma palestra com instruções básicas de primeiros socorros, outro grupo fazia a divulgação do evento noturno. Leal e Ana Gonzalez acompanham o Festcineamazonia.
No início da noite, todos começam a sentir os efeitos da presença intensa de mosquitos, os conhecidos carapanãs. Seria impraticável qualquer ação, não fosse a chegada de uma equipe local de borrifação, já que os mosquitos sequer se intimidam com os repelentes que lambuzam os corpos.
Em maioria o público é formado por crianças. Muitas vêm da comunidade Sagarana, uma aldeia dos índios Uruari. Com 62 famílias, a comunidade fica distante apenas 15 km de Surpresa.
Oh quanto riso, música e cinema
Na programação da noite, o cardápio é o mesmo dos dias anteriores. O cantor Bado faz a abertura, seguido pelo poeta português José Luís Peixoto. Para homenagear a grande quantidade de crianças, Bado cantou uma música infantil, chamada ‘Passarada’, que não estava originalmente no repertório programado por ele para a noite.
O maior sucesso da noite, no entanto, é o palhaço argentino Martinez que, ao final, foi cercado por uma dezena de crianças e adolescentes que querem uma fotografia ou simplesmente um abraço de Martinez.
A família do índio Maxin subiu na garupa da moto e se apertou para acompanhar a programação. A mãe Regina olhava sorridente para os filhos Michele, de seis anos e Walison, de três anos. Os dois queriam ver a atração circense.
A expectativa na noite era a exibição do curta de ficção ‘O homem que matou Deus’. Produção francesa do diretor Noé e filmada no distrito de Surpresa e na aldeia dos Sagarana, o filme inseriu atores índios e moradores da comunidade como figurantes.
A assistência de direção também foi local. “Foi uma boa experiência, mas ainda precisamos de mais apoio para filmar, mas sei que é uma porta que se abre”, disse Celso Suruéu, 21 anos, o assistente de direção. “O homem que matou Deus” foi selecionado para a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Além de ‘O homem que matou Deus’, ainda houve a exibição de curtas como a animação nordestina ‘Vida Maria’ e o paraense ‘Matinta’.
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