Elixir traz aspectos da ópera búfala, diz Iacov |
Iacov Hillel esteve em Belém em 2002 para dirigir “O Palhaço”, de Ruggero Leoncavallo, no Festival de Ópera do Theatro da Paz. De volta à capital paraense para a 12ª edição do evento, ele é quem dirige a ópera “Elixir de Amor”, do compositor italiano Gaetano Donizetti, que faz nesta segunda-feira, 12, a partir das 20h, sua última récita para o público.
Na última sexta-feira, 09, Iacov deu uma palestra na Escola de Teatro e Dança da UFPA, fruto de uma parceria da universidade com o Governo do Estado, que busca ampliar as ações do evento. Os alunos da ETDUFPA ouviram a fala do mestre e puderam conhecer melhor o trabalho que ele desenvolve, além de saber mais sobre os bastidores de uma montagem no festival de ópera.
Para cada ópera, o diretor sempre pensa em uma procedimento diferente. Desta vez, para a comédia romântica de Donizetti, ele trouxe para o público uma história em clima de contos de fadas. Para isso ele conta com a experiência de Jose de Anchieta, cenógrafo com quem trabalha desde a adolescência em montagens diversas, por todo o Brasil, e que assina este ano a cenografia de Elixir.
“Existe a parte conceitual, firme, que tem a ver com o enredo da opera. ‘Elixir’ é uma ópera linda, tem até mesmo aspectos de ópera bufa, quando os personagens tem características exageradas. Mas temos que estudar o que podemos focar e agora pensei em enaltecer o ser humano e seus afetos. Quis fazer em Belém, um conto de fadas”, explica Iacov.
Dança, música, canto e teatro. Tem tudo na ópera! |
Ele conseguiu. Quem já foi ver a ópera, apresentada também no sábado, 10, constatou e entrou nesta atmosfera alimentada ainda pela iluminação também criada por Iacov. O diretor israelense, que chegou ao Brasil aos cinco anos de idade, é um nome importante na história do teatro brasileiro.
Além de dirigir espetáculos de teatro de prosa e de teatro para operas, ele também é responsável pelos projetos de light design dos espetáculos que monta. Em 1982, ganhou o prêmio Moliere de Teatro, sendo consagrado pela crítica.
“É uma honra sempre poder trabalhar no Theatro da Paz, um espaço de muita generosidade para o artista, com uma acústica perfeita, ele é sonoramente maravilhoso. Essa generosidade se repete com o povo de Belém e com os profissionais do teatro. O resultado é uma pintura de arte para teatro!”, diz o diretor, elogiando o trabalho da equipe de cenotécnica do teatro, comanda pelo experiente Ribamar Diniz, técnico do Theatro da Paz, que vem se destacando a cada ano de festival.
Hillel é exigente: nos ensaios com os solitas, por exemplo, além da voz, quer ver a performance teatral, a expressão do corpo em harmonia com a expressão vocal. Durante os ensaios de “Elixir”, ele mostrou como cada um deve atuar de maneira a alcançar a concepção cênica imaginada por ele.
Diretor exigente e talentoso |
“Esta sendo muito bom poder trabalhar com a Carmen Monarcha e com o Atalla Ayan, esses artistas maravilhosos, daqui mesmo de Belém. O coro também esta excelente, sob a regência do maestro Vanildo Monteiro”, disse o diretor.
Além da intensa atividade nos palcos, Iacov tambem é professor na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP).
“Elixir de Amor”, com música de Gaetano Donizetti (1797-1848) tem na Direção Musical e Regência, o Maestro Emiliano Patarra, diretor musical do Teatro São Pedro, em São Paulo, que está regendo a orquestra formada pelos músicos da Fundação Amazônia de Música (FAM).
O que virá - Depois do ar leve de Elixir, o festival ainda traz mais duas obras. Do autor italiano Giuseppe Verdi, o público assistirá “O Trovador”, que estreia dia 28, com récitas nos dias 30 de agosto e 1º de setembro, com regência será de Silvio Viegas, diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
“O Trovador” traz o ar romântico da cavalaria andante, passando-se na Espanha do fim da Idade Média, quando ainda eram realizados os torneios e os cavaleiros vestiam armaduras e cotas de malha. Dois arquitetos italianos são responsáveis pela criação, pintura e montagem do cenário, que faz alusão às referências arquitetônicas deixadas por Antonio Landi, arquiteto também italiano, autor de inúmeros prédios históricos e igrejas de Belém e recebe também homenagem pelos 300 anos de seu nascimento.
De difícil execução vocal, a ópera será encenada por Walter Fraccaro, que já cantou no Teatro San Carlo de Nápoles, no Teatro Metropolitano de Nova York e outros internacionais; Eliane Coelho, que também está no elenco, vem sendo apontada como a maior cantora brasileira desde Bidu Sayão e Rodolfo Giugliani, barítono brasileiro, uma referência quando o assunto é Verdi, além da mezzo soprano Denise de Freitas.
A terceira e última ópera da temporada será “O Navio Fantasma”, de Wagner, que terá estreia no dia 21 de setembro, com récitas 23 e 25 de setembro. É a primeira montagem de uma ópera de Wagner, no Theatro da Paz, sendo cantada em alemão.
Ambientada em uma aldeia pesqueira da Noruega, conta a história de um navegador holandês que é punido por Deus por blasfemar contra seu nome, perdendo-se de sua pátria para sempre, a menos que surja em sua vida uma mulher que lhe seja plenamente fiel.
Um conto de fadas, lindo de ver! |
No elenco, Rodrigo Esteves, que interpreta o holandês do navio, e também se revela como um dos melhores cantores brasileiros, vivendo atualmente na Europa; o cantor russo Denis Sedov, a soprano Tati Helene e o tenor Ricardo Tamura. Um grande desafio também para os músicos, a obra de Richard Wagner será executada pelas OSTP, com regência de Miguel Campos Neto.
DVDs, Master Class e Encerramento - As duas últimas óperas fazem parte das homenagens ao bi centenário de nascimento dos compositores Giuseppe Verdi e de Richard Wagner. Além disso, este ano o festival está lançando quatro DVDs, contendo as gravações das óperas Iara, Tosca, Carmina Burana e Espetáculos Selecionados, vai realizar, também, uma Master Class, no dia 26 de setembro, com Laura de Souza, na Igreja de Santo Alexandre.
Já o concerto de encerramento, aberto ao público, no dia 28 de setembro, no palco que tradicionalmente é montado em frente ao Theatro da Paz, contará com 100 músicos no palco, com a presença de Laura de Souza e Richard Bauer, especialistas em Verdi e Wagner, e da notável paraense Adriane Queiroz, que virá de Berlim direto para o evento. (Com informações de Dominik Giusti)
Serviço
XII Festival de Ópera do Theatro da Paz. Venda de ingressos para as óperas na bilheteria do teatro. Valores: Plateia, Varanda, Frisa, Camarote 1ª - R$ 60,00. Camarote 2ª e Proscênio PNE - R$ 50,00. Galeria - R$ 30,00. Paraíso - R$ 20,00. Horários da bilheteria: segunda a sexta-feira – 09h às 18h. Aos sábados – 08h às 14h e aos domingos – 08h às 12h. Nos dias de espetáculo até às 20h. Mais informações: 91 4009.8750.
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