22.8.13

On The Road aquece a noite no Café com Arte

Ilustração de Fábio Vermelho
A festa que faz alusão àquela turma descolada que fez e aconteceu no final dos anos 1950 e início dos anos 1960, será realizada hoje, com programação toda especial, concebida pela jornalista Bianca Levy. Acredito que vá deixar marcas na história do entretenimento que faz diferença em Belém do Pará, pois reunirá alguns dos mais talentosos artistas da cidade, que trazem em sua trajetória a produção independente de suas artes. Não podia ser diferente, já que Bianca também carrega em suas veias a sina e a determinação da autenticidade. Jovem, formada recentemente, ela se lança a seus desejos e pega firme no trabalho.

O clima Beatnik no Café com Arte começa às 22h, mas o Holofote Virtual, que já fez algumas parcerias com a jornalista, conversou com ela, o que nos rendeu uma entrevista cheia de graça, antecipando os detalhes dessa vibe, mais adiante.

“Sempre chega o dia em que a estrada te chama, e quando isso acontece não dá pra pensar duas vezes. Seja a estrada do místico, do louco, do arco-íris, dos peixes, qualquer estrada, o importante é ir”. É assim que Bianca iniciou o release de divulgação da festa, que vai ajudá-la a pegar a estrada e o céu neste mês de setembro, “rumo às esquinas de poesias concretas de SP”, cita Levy.

Jeferson Cecim veste seus bonecos admiráveis
Os Beats da noite ficam por conta da banda Zeromou, do músico Marcel Barretto, além dos DJs Fábio Vermelho (Rockabilly/garage), Monique Malcher (Classic Rock), Gaby Magalhães (Eletrônico/Indie), Azul (MPP) Jack Nilson (Brazillian Nuggets) e Ranny Baby (Rock and Roll/ R&B). 

Juntam-se à trip, os Vagabundos Iluminados Jeferson Cecim, e sua boneca Baby, trazendo uma performance picante; A fotógrafa viajeira Desiree Giusti, com uma exposição de fotos feitas em Cuba; e o ilustrador Fábio Vermelho mostrando os seus “Weird Works”.

Para quem quiser fazer as malas- ou mesmo guardar um souvenir da viagem, a bagagem pode ser escolhida no bazar, que conta com livros, filmes, CDs, LP’s, roupas e objetos retrôs a um preço camarada. On the Road começa a partir das 21h, com ingresso antecipado a 10 contos. Na portaria custa R$10 até as 23h; em seguida R$ 15.

O Café com Arte fica na R. Rui Barbosa, quase esquina da Braz de Aguiar, em Belém do Pará. Agora vamos saber mais sobre o que está por trás da iniciativa de Bianca, que nos dá mais detalhes sobre cada uma das atrações da noite.

Bianca, em busca de sonhos concretos
Holofote Virtual: Você está em ritmo de despedida...

Bianca Levy: Tô indo pra São Paulo em busca de novas oportunidades, histórias, experiências (força motriz de qualquer jornalista). Profissionalmente vou continuar trabalhando com jornalismo, e participar de seleções de mestrado na área de Artes e Comunicação. Mas também vou pra Sampa pra me apaixonar... (risos). Conhecer e viver coisas novas, respirar outra cidade e com esse distanciamento compreender melhor Belém.

Holofote Virtual: Humm, então a ideia da festa é angariar fundos?

Bianca Levy: Pois é, a festa vai ser meu passaporte de viagem (risos). O que eu angariar nela, somado com um dinheirinho que eu to juntando, vai garantir o meu sustento na fase inicial da viagem, principalmente no período de seleções de mestrado, que vão me exigir uma dedicação maior aos estudos. Como não sou de família rica e nem tenho bala na agulha – jornalista é liso, como tu bem sabes, vi na produção de uma festa a alternativa para levantar uma grana e de quebra reunir colegas, amigos e artistas tão queridos.

Holofote Virtual: Você que fez a curadoria da programação? Quais teus critérios de escolha?

Bianca Levy: Sim. De cara a ideia foi juntar artistas com trabalhos instigantes que eu acompanho e admiro, seja na música, fotografia, atuação, ilustração, etc, e que pudessem transmitir esse clima de ‘freneticidade’ e novidade que toda viagem tem. Daí eu fui agregando elementos aparentemente díspares, mas que vendo como todo, eles acabam formando uma colagem beatnick (risos). Aí entra o trabalho da Desiree Giusti, com fotografias lindas feitas em Cuba; as ilustrações loucas do Fábio Vermelho; a performance erótica do Jeferson Cecim - que eu sou fã; as músicas lindas do Marcel Barrettoe (querido) e da Zeromou, banda que está começando agora, cheia de gás. 

Cuba, pelas lentes da fotógrafa Desiree Giusti
Holofote Virtual: Dentre os chamados pra compor a nigth, que destaque você daria a cada uma das atrações.

Bianca Levy: Nossa, essa é difícil! (Risos). Todos são maravilhosos e merecem destaque dentro do próprio contexto. Alguns artistas são novos, tão caindo na estrada agora, outros já trilharam um caminho. Acho que vale à pena conferir as exposições da Desiree e do Fábio, jovens artistas com trabalhos maravilhosos. 

Assim como é proibido perder a performance do Cecim, que é mestre na arte de manipulação de bonecos. E relacionado a música, abrir os ouvidos pra novos sons, novos trabalhos, como o do Marcel, que ta produzindo o primeiro disco, e da Zeromou, que despontou este ano. 

Holofote Vitual: Te conheci no ‘saudoso’ Caderno Por Ai, hoje acoplado a um outro Caderno, no Diário do Pará ... O jornalismo cultural é o teu caminho? Por quê? 

Marcelo Barreto, guitarrista e compositor
Bianca Levy: Caminho e carma (risos!). Não tem como desatrelar o jornalismo da arte e da cultura. Já passei por outras editorias também (cidades e polícia), e pude contribuir de outras formas, mas com tanta desigualdade e com o turbilhão de coisas que acontecem no nosso estado e no país, é um crime fazer um jornalismo puramente informativo. 

É função de todo jornalista aprofundar, compartilhar saberes, culturas e arte com a população para que ela possa ter cada vez mais criticidade, autonomia de si, do espaço em que vive e a partir da formação cultural poder questionar outras estruturas, como economia, política, etc. 

É isso que o jornalismo cultural faz e é nisso que eu acredito. No mais, eu não quero deixar de fazer nariz de cera, nem de contar boas histórias! (risos). 

Holofote Virtual: Foi bacana ter você no projeto dos 50 Anos de Guitarrada, gravação do DVD do Mestre Vieira. Que outros trabalhos fizestes por aqui e o que vais levar dessas experiências? 

Bianca Levy: Nossa, foi muito bom mesmo! Toda aquela loucura dos bastidores, a emoção da equipe quando o mestre subiu no palco e começou a tocar... tu chorando igual criança de felicidade... foi lindo, uma experiência e tanto! Queria ter participado mais de trabalhos assim, e essa também é uma meta na minha viagem. 

Bibi Levy, em alfa...
Fazendo a retrospectiva vejo que fiz coisas muito legais e tive sorte de começar a atuar ainda na faculdade. Aprendi dançar, cantar, assobiar e chupar cana de uma só vez (mais risos). 

Foram mais de três anos de jornal impresso; uma temporada na Rádio Unama, que foi uma delícia; alguns estágios em assessorias de comunicação e freelas em web jornalismo (que me foram muito úteis pra entender novos formatos). 

Apesar das dificuldades do caminho (que sempre tem), todas as experiências foram maravilhosas e já me são úteis, não só pela prática, mas pelo entendimento que eu adquiri em relação a minha profissão. 

Holofote Virtual: Falando nisso, depois da experiência na assessoria do DVD, onde quem estava à frente da comunicação, era a jornalista Jecyone Pinheiro, soube que ela te chamou pra um outro trampo, legal isso de quando uma porta abre a outra, né?. 

Bianca Levy: Sim, estamos na batalha fechando um projeto pra outubro (segredo, risos). O mais legal de trabalhar com uma galera mais experiente (pelo menos comigo foi assim), que ao contrário do que muitos podem pensar, eles te tratam com igualdade, estão abertos a ouvir as tuas ideias, a dialogar. Não há aquela prepotência de inicio de carreira, de querer ser melhor e pisar no pescoço dos outros, nem aquela necessidade de provar pra todo mundo que é bom... porque eles simplesmente são.

Holofote Virtual: É importante aprender com quem já está na estrada mais tempo...

Bianca Levy: Estas pessoas mais experientes, já levaram umas boas porradas da vida e não enchem mais os olhos com futilidades. Isso sem falar da experiência de causa, das dicas valiosas, do incentivo... É muito bom. Lembro do meu tempo de Diário, que o Queiroz (o Matusalém da redação) compartilhava o Carlton Red comigo e se encostava na minha mesa pra ver o que eu tava escrevendo. Ele dava dicas, conselhos, contava histórias sobre o começo do jornal, era um barato. Um dia ele leu um lead meu e falou “parabéns, totalmente literário!”. Aí eu pensei: “tô no caminho certo” (risos). 

Zeromou
Holofote Virtual: Notícia em primeira mão: O DVD do Mestre Vieira está pronto. E ficou lindo!! Vamos lançar em outubro. Vou me aproveitar e fazer o convite publicamente (risso). Já que você está indo pra São Paulo, topas fazer a divulgação disso por lá? (risos) 

Bianca Levy: Mas é lógico! (risos). Ai de ti se não me chamasses! Hahaha. Valeu pelo convite, Lu! Vamos logo esquematizar essa produção, que está na hora de São Paulo conhecer o rei da guitarrada!


Holofote Virtual: Legal, então começa logo a pensar no texto... Lembras de tudo? (mais risos)

Bianca Levy: Lembro como se fosse hoje. As movimentações nos bastidores, Michele e Carol correndo feito loucas, ingressos esgotados, a galera querendo entrar na marra, a emoção do início do show, a comemoração no Bar do Parque quando tudo acabou, a sensação de trabalho bem feito...pode deixar, que assunto é que não vai faltar nesse texto, nem nos que virão! (risos).

Holofote Virtual: Ah tá... muito bom. Agora, a pergunta que não quer calar (risos). Quando voltas? 

Bianca Levy: Haha, eis o grande mistério! Pode ser que eu volte em dois meses, pode ser que eu volte em dois anos, pode ser que eu nem volte. Eu comprei só o bilhete de ida (risos). Tudo depende do desenrolar da viagem. Essa incerteza boa é que dá vontade de ir pra frente. No mais, se a saudade apertar, nada que uma promoção da Gol não resolva, né? (risos).

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