10.8.13

Geraldo Teixeira expõe “Geometria do Tempo”

A inspiração para esta nova série vem de azulejos e grades que ornamentam residências da Belém antiga e que, sob o olhar do artista, foram reconstruídos, proporcionando novas percepções sobre as formas do tempo nas fachadas das casas, e na textura das estamparias dos tecidos expostos nas ruas do comércio da capital paraense. A exposição, que teve vernissage para convidados, ontem à noite, poderá ser visitada de 13 a 31 de agosto, na Galeria ELF - Gov. José Malcher, Passagem Bolonha, número 60, em Nazaré - sempre de terça a sexta-feira, de 10h às 19h e sábado de 10h às 17h. 

Da fusão de elementos, Geraldo Teixeira extrai a matéria-prima da sua criatividade. No ateliê do artista, as obras surgem das generosas pinceladas em várias camadas de acrílica sobre placas de madeira. Os trabalhos, 21 ao todo nesta exposição, foram executados em técnica mista sobre placas, que lhe abrem a possibilidade de aglutinar elementos com acrílica, pigmentos, folhas de ouro e a encáustica, processo em que se usa cera quente, tendo como tema a azulejaria de Belém.

“Toda a referência desta atual fase vem da azulejaria e das pinturas parietais. Este é um tema que já venho trabalhando desde 2005 e por enquanto ainda me interessa bastante pelo seu desdobramento, então na exposição ‘Geometria do Tempo’ eles estão, mas já de forma desconstruída”, disse o artista em entrevista ao Holofote Virtual que você vai ler na íntegra mais abaixo. 

As cores fortes, contrastantes, referem-se à mistura colorida que se vê na cidade, ao brilho do sol que queima e esbanja uma luz intensa e calorosa. 

As pinturas trazem a marca de um artista já consagrado e que já está próximo de completar quatro décadas de atividades ininterruptas.

Assim, Geraldo recolhe da cidade recortes de imagens que o tempo coleciona e que já não percebemos com facilidade, pela falta do exercício do olhar investigativo. 

Transforma suas percepções em arte e o resultado encanta olhares e provoca o agradável sentimento que provém da apreciação de uma obra de arte genuína, autêntica, que fala do tempo sem a saudade, mas como uma chamada para se viver melhor, observando o presente, antes que ele se vá das nossas lembranças. 

Vivendo e trabalhando em Belém, Geraldo iniciou sua carreira em 1975 e já participou de várias exposições individuais e coletivas no Brasil, Estados Unidos e Europa. Possui obras em acervos de vários museus brasileiros e é fundador da Associação dos Artistas Plásticos do Pará. Já foi curador geral do Salão Paraense de Arte Contemporânea- SPAC e é detentor de prêmios em vários salões de arte, entre eles o Grande Prêmio do XI Salão Arte Pará, em 1992.

Geraldo trabalha também no campo tridimensional, utilizando madeira, alumínio, ferro e vidro usando como tema a construção náutica, característica dos rios da Amazônia especificamente os “cavernames” (conjunto de peças que dão forma ao casco da embarcação - estrutura). E trabalha também com Arte Pública, produzindo obras em grandes dimensões. 

Holofote Virtual: Além de seu interesse pela azulejaria, em sua pesquisa, você também se dedica a obras em tamanhos grandes, em espaços púbicos. Como anda esta produção, onde podemos visualizar suas obras neste formato? 

Geraldo Teixeira: Sempre gosto de desafios dos grandes formatos ,mas em função de espaço ,sempre trabalho a partir de encomendas algumas dessas obras estão aí pela cidade ou em espaços fechado como condomínios...etc, duas que gosto muito , uma no mangal das garças e no jardim das esculturas do museu da UFPa. 

Holofote Virtual: Tua trajetória inicia nos anos 1970. Até os anos 1990, mais ou menos, chamávamos tudo de artes plásticas. Hoje em novas plataformas e ferramentas, a arte expandiu seus conceitos. Temos as artes visuais. Como você percebe tudo isso e como esta revolução tecnológica está na tua obra? 

Geraldo Teixeira: Com as mudanças tecnológicas os campos se ampliam, agora acho que tudo não passa de rótulos, necessidades de códigos de entendimento de tudo e de todos, somos artistas, seja plástico ou visual, de fato isso não ocupa meu tempo. 

Holofote Virtual: A ELF Galeria é um reduto tradicional das artes plásticas em Belém. Por lá, seja onde já tenha sido sua sede antes, já passaram artistas de várias gerações, principalmente os artistas dos anos 1970 e 1980, que pra mim são um marco na história da arte no Pará... Quantas vezes você já expôs lá? 

Geraldo Teixeira: É sempre interessante trabalhar com a ELF porque antes de ser um espaço profissional é, como você disse, um reduto de amigos artistas que já estamos juntos algumas décadas, não lembro de todas as vezes, mas com certeza são muitas. 

Participar deste movimento dos anos 70-80 ainda na primeira sede da ELF, em um momento que nós ainda nem certeza tínhamos se ser artistas, a galeria cumpriu um papel de fomentadora deste movimento, e aí estamos para contar o resto dessa trajetória. 

Holofote Virtual: Como você traduz o seu trabalho no momento atual? 

Geraldo Teixeira: Sempre gostei de estar envolvido com os processos culturais, fui presidente da associação de artistas em um tempo que se acreditava em união e não em egos inflados. Hoje continuo trabalhando bastante no meu atelier, e por lá fico 10 12 horas por dia. Meu trabalho dificilmente segue um planejamento específico, mas minha FACTORY-ATELIER está sempre com as caldeiras em fervura.

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