Enquanto o mundo entrava em guerra contra o nazismo, nos anos 1930, representantes da elite paulista simpatizavam com a ideologia de extrema-direita encampada por Hitler, na Alemanha. Essa triste história é contada em "Menino 23", documentário premiado de Belisário França, que será exibido em Belém, nesta quarta-feira, 5, às 19h, no Sesc Boulevard, com a presença do diretor, da professora Zélia Amador e de Marco Apolo (SDDH), que realizam um bate papo após a exibição, com mediação do jornalista Ismael machado.
Lançado em julho deste ano, o mote para o documentário surgiu em uma aula de história. Um professor soube por uma aluna que numa propriedade da família fora encontrado um tijolo com uma suástica.
A partir da descoberta de tijolos marcados com suásticas nazistas em uma fazenda no interior de São Paulo, o filme acompanha a investigação do historiador Sidney Aguilar e a descoberta de um fato assustador: durante os anos 1930, cinquenta meninos negros e mulatos foram levados de um orfanato no Rio de Janeiro para a fazenda onde os tijolos foram encontrados.
Lá, passaram a ser identificados por números e foram submetidos ao trabalho escravo por uma família que fazia parte da elite política e econômica do país, e que não escondia sua simpatia pelo ideário nazista. Meninos negros eram levados de um orfanato no rio de janeiro para uma fazenda no interior de São Paulo.
O documentário resgata um passado que o Brasil enquanto nação se esforça para esquecer: o flerte indisfarçado com o nazismo e demais regimes totalitaristas em voga na primeira metade do século XX. “Tínhamos o segundo maior partido nazista fora da Alemanha”, anota um dos historiadores ouvidos por Franca.
"A família de fazendeiros era das mais respeitadas do local. Pessoas de bem, como aliás temos ouvido muito nos últimos tempos. Vi o filme duas vezes e vale a pena. é uma história forte, que diz muito sobre o nosso histórico de preconceito e violência, que reverbera nos nossos dias de hoje", diz o jornalista Ismael Machado.
Dois dos meninos dessa época sobreviveram e fazem parte dessa história. Sobreviventes dessa tragédia brasileira, Aloísio Silva, 83 (o “menino 23”), e Argemiro Santos, 92, assim como a família de José Alves de Almeida (o “Dois”), revelam suas histórias pela primeira vez.
Menino 23 é um documentário produzido pela Giros. Vencedor de dois prêmios no 26º Cine Ceará – Festival Ibero Americano de Cinema. É um filme importante para entender a complexidade do racismo no Brasil e perceber quão sutis foram as circunstâncias que fizeram com que Getúlio Vargas aderisse aos Aliados, capitaneados pelos Estados Unidos, em detrimento do Eixo, bloco liderado pela Alemanha, na Segunda Guerra Mundial.
Serviço
"Menino 23", nesta quarta-feira, 5, às 19h, no cine do Centro Cultural Sesc Boulevard - Rua Boulevard Castilho França, em frente a Estação das Docas, pertinho do Ver-o-Peso. Entrada fanca.
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