Em 2019 completam 110 anos de nascimento e ainda os 40 de morte do escritor paraense, justamente no dia 16 de junho. O domingo então foi de homenagens, comemorando o Dia de Alfredo, criado pela Sociedade Amigos da Academia do Peixe Frito, tendo em vista dar popularidade e mais acesso às obras de Dalcídio Jurandir (1909-1979). Por ser uma espécie de alter-ego autor, com muitos trechos literários que parecem ter referências com a sua própria vida, Alfredo é reverenciado na data escolhida para homenageá-lo.
Alfredo é o personagem principal dos 10 livros que compõem o ciclo “Extremo Norte”, que inicia com o talvez mais conhecido título do escritor, “Chove nos Campos de Cachoeira”, que recebeu o Prêmio Dom Casmurro em 1940. A ideia foi do jornalista José Varella - importante articulador de pautas marajoaras e integrante da Sociedade Amigos da Academia do Peixe Frito, tendo como referência o “Bloomsday”, que celebra também, no dia 16 de junho, a literatura de James Joyce, com o personagem principal de “Ulisses”, chamado Leopold Bloom. Alfredo, assim como Bloom, foi escolhido para rememorar o seu criador.
Como parte das celebrações, também entrará em cartaz nesta próxima quinta-feira (20), no cine Líbero Luxardo, em Belém, o documentário “O chalé é uma ilha batida de vento e chuva”, de Letícia Simões, que refaz o percurso de Dalcídio pelos rios do Pará quando trabalhava como inspetor de escolas. Por meio de leituras de cartas, são apresentadas as paisagens e as memórias do autor; entrevistas com pessoas que viveram à época também são valiosas para reconstruir o legado dalcidiano em vídeo.
Em busca de mais leitores
Muito estudada e interpretada no meio acadêmico, a literatura dalcidiana ainda carece, porém, de incentivos para que mais leitores possam conhecer as histórias do autor, seja por livros ou outros meios de incentivo à leitura.
É o que constata André Fernandes, da Pará.grafo Editora, que juntamente com Girotto Brito, realizou campanhas para reedição de livros já esgotados de Dalcídio Jurandir, como “Ponte do Galo”, “Os Habitantes” e “Três Casas e um Rio” e em dezembro do ano passado, uma nova campanha também para reedição de "Chove nos Campos de Cachoeira" e "Chão dos Lobos" - que serão lançados na próxima Feira Pan-Amazônica do Livro.
“Dalcídio é muito importante para a literatura nacional, tal qual Jorge Amado, Clarice Lispector, e outros autores, mas ainda não tem o mesmo prestígio”, lamenta o editor. “Alfredo é muito importante nos livros e é também o nome do pai e de um dos filhos do escritor. Nos livros são mostradas fases do desenvolvimento dele, desde a infância no Marajó até a ida para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida, até a volta ao Pará. Ele é quem norteia a história”, comenta André Fernandes.
Além da reedição dos livros do autor marajoara, a instituição da data também reforça a necessidade de apoio para ações como a restauração do Chalé do autor, em Cachoeira do Arari, e a manutenção do Museu do Marajó, na mesma cidade e que preserva um acervo referente à cultura escrita por Dalcídio.
Documentário
- “O chalé é uma ilha batida de vento e chuva”, de Letícia Simões
- Cine Líbero Luxardo (Av. Gentil Bittencourt, 650)
- Dias 20 a 23, 25 e 26/06: 20h
- Ingressos: R$ 12,00 (com meia-entrada para estudantes)
Obras
Ciclo Extremo Norte:
- Chove nos Campos de Cachoeira (1941)
- Marajó (1947)
- Três Casas e um Rio (1958)
- Belém do Grão Pará (1960)
- Passagem dos Inocentes (1963)
- Primeira Manhã (1967)
- Ponte do Galo (1971)
- Os Habitantes (1976)
- Chão dos Lobos (1976)
- Ribanceira (1978)
Saiba mais sobre os livros em: www.e-paragrafo.com.br
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