9.7.21

Um tour virtual pela história de Sebastião Tapajós

Um dos mais importantes violonistas do país, o paraense Sebastião Tapajós, um mestre do violão amazônico e latino, é homenageado na exposição que leva o seu nome e que pode ser acessada de qualquer lugar do planeta, pela internet, numa galeria virtual durante todo o verão paraense. Para passear pela história do músico acesse o site (vanesaabarros.com.br). O projeto é um dos selecionados pelo edital de artes visuais da Fotoativa e Secult-Pa, com apoio da Lei Aldir Blanc”
.

"Postura, violão apoiado na perna esquerda, disciplina, estudo, um tímido sorriso. Uma pessoa simples, sensível, artista gigante que com seu talento e paixão pelo violão, levaria nossa Cultura e apresentaria seu inconfundível dedilhar de Santarém para o mundo inteiro. Grande Tião!". A descrição não é mas bem caberia a essa foto atual de Sebastião Tapajós, aos 78 anos, mas na verdade é um comentário da cantora Lucinnha Bastos, sobre uma foto em que vemos Sebastião Tapajós, aos 16 anos, empunhando seu violão.

Violonistas, intérpretes, artistas e produtores participam da exposição como autores dos textos legenda das imagens. Além da intérprete, também tecem comentários sobre fotografias e outras imagens, os violonistas Igor Capela, Delcley Machado, Nilson Chaves, Nego Nelson, Sergio Abalos, e ainda, Gilson Peranzzetta, Billynho Blanco, Carmem Ribas, Jane Duboc, Luiz Pardal e Lourdes Garcez, entre outros. 

Para Paulinho Moura, 7 cordas, por exemplo, "Sebastião Tapajós tem uma importância enorme no mundo da música popular brasileira e na música mundial. Ele fez com que o Choro fosse conhecido lá fora. Ele é um divulgador do Choro, apoiador do Choro. Ele é meu mestre”, diz ele em um dos trechos do texto na exposição, acerca de uma foto em que o músico se apresenta com o Charme do Choro, grupo formado em Belém, por instrumentistas mulheres.

Ao todo são 30 imagens em fotografias, recortes de jornais e revistas, além de capas de discos e outros documentos estão na exposição virtual, que nos revelam encontros de Sebastião Tapajós com Waldir Azevedo, Astor Piazzola, Ednardo, Belchior, Billy Blanc, além de fatos da carreira mais recente e encontro com as novas gerações da música e do choro, gênero que marca sua trajetória de mais de 60 anos.

A curadoria da exposição é da fotógrafa Vanessa Barros, com produção executiva de Carmen Ribas. Ambas possuem uma relação de amizade de longa data com o músico. Ribas vem tratando de alguns projetos com o violonista, e Vanessa, casada como o pianista Andreson Dourado, que toca com Sebastião Tapajós há alguns anos, teve oportunidade, por também morar em Santarém, morada do músico, acesso a seu baú de memórias.

Ela é de Altamira, mas foi morar em Santarém, em 2014, onde estudou Direito, mas antes mesmo de se formar, passou a se dedicar à fotografia. "Eu digo sempre que a fotografia me escolheu. E é muito difícil você morar nesta região e não se encantar e registrar essas belezas. E ao conhecer Sebastião Tapajós, fiquei mais encantada ainda, não tem quem não se encante com esse violão maravilhoso. Desde a primeira vez que eu o ouvi, foi assim. E com a proximidade que tivemos, acabei me interessando pela sua história. Descobri que ele tem amigos em cada canto desse país e do mundo. É muito incrível a sua trajetória”, diz.

Trajetória e reconhecimento

Aos 16 anos, em Belém

Sebastião Tapajós tem uma trajetória fascinante, que começa aos seis anos de idade. Aos dez, ele ganhou o primeiro cachê e, aos doze, passou a trabalhar como violonista, na banda santarena “Os Mocorongos”. Aos 16 anos,  veio para Belém, onde teve aulas particulares de Teoria Musical, até ir para o Rio de Janeiro fazer um curso intensivo de Técnica Violonística.

Autodidata, foi influenciado por João Pernambuco e Dilermando Reis, dois notáveis do violão no Brasil, que ele ouvia em Santarém em emissoras de rádio de Ondas Curtas. Para seguir carreira profissional ele precisa evoluir em seus estudos e na falta de um curso superior no Brasil, já nos anos 1960, foi estudar violão na Europa. 

Em Lisboa consolidou o violão erudito ampliando seu repertório como compositor e em Madri, no Conservatório de Cultura Hispânica, dominou técnicas de guitarra latina. Em 1967, ele recebeu a cadeira de violão clássico do Conservatório Carlos Gomes de Belém, mas o evento que deu impulso decisivo à sua carreira foi a execução da obra-prima de Villa-Lobos, o Concerto para Violão e Pequena Orquestra, com a Orquestra Sinfônica Nacional no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. 

A partir daí, seguiram-se vários convites para concertos no Brasil e no exterior. Em junho de 2020, Sebastião Tapajós, ao receber o título de Doutor Honoris Causa, pela Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), declarou: "A música é minha alma, meu porto seguro, minha vida".

AGENDE-SE

Exposição Virtual Sebastião Tapajós. Projeto selecionado pela Lei Aldir Blanc – Edital de Artes Visuais Fotoativa e Secult-Pa. 

Acesse a galeria: 

www.vanessabarros.com.br

Acesse também o podcast com a curadora:

https://open.spotify.com/episode/7muV9FUF3M1Ytf6njxSyjI

Nenhum comentário: