19.3.19

Cleber Cajun conta história na Casa dos Palhaços

Fotos: Gilberto Guimarães 
“Escola de Passarinhos” ganha apresentações, neste final de semana em Belém. Inspirada no livro “Meu pai sabe voar”, de Daniela Pinotti e Marcelo Maluf, a contação de história ganha livre adaptação de Cleber Cajun, na Casa dos Palhaços, em duas sessões, no sábado, 23, às 20h, e no domingo, 24, às 18h. Ingresso R$ 20,00.

Criatividade todo mundo tem, mas é preciso de asas para voar. E assim, não à toa, durante a contação de história "Escola de Passarinhos", surgem várias delas, cada uma feita com materiais como papelão, plástico ou tecido, trazidas pelo pai do menino Julio, o personagem principal. Um dia na escola, ele é indagado sobre a profissão do pai e sem saber o que responder diz que ele sabe voar, mas foi para casa intrigado e disposto a descobrir a razão de tantas asas. 

Trazendo um trabalho multifacetado que envolve contação de histórias, com encenação repleta de recursos plásticos e sonoplásticos, Cleber Cajun consegue transformar uma contação de história em um teatro criativo. O ator é uma das gratas surpresas da nova geração de artistas paraenses, despontando na cena teatral em Belém.

“Sou multi, conhecido assim, como um coringa que está em todas as linguagens, sou apaixonado por literatura, cinema, teatro e o teatro me oportuniza aprendizado de vida, é minha escola mais profunda. Gosto de borrar as bordas do teatro com as artes visuais. Eu gosto de fazer tudo, nem sei se faço bem, mas eu gosto de fazer”, diz.

A rua é seu melhor palco, e o brinquedo cênico, para ele, é possibilidade de tocar o coração das pessoas, suas memórias, despertando consciência, abrindo janelas para a imaginação, num outro nível de entendimento da vida e para todas as idades. “Acho que não existe uma faixa etária, de peça infantil ou não, porque acredito em textos  e peças universais. Todo mundo consegue se identificar com a trajetória de uma criança, porque já foi criança”, diz Cajun.

Das artes visuais ao encantamento pelo teatro mágico

Cajun se formou em Artes Visuais, pela UFPA, mas antes passou por uma iniciação teatral na Fundação Curro Velho, que depois o levou em busca de uma formação técnica em artes cênicas. 

"Eu me considero Cria do Curro, um lugar especial pra mim, atualmente sou professor lá, é um vinculo emocional que me acompanha. Fiz o curso de artes visuais, mas me apaixonei muito pelo fazer teatral. E eu já queria participar de grupos, espetáculos, mas ninguém me convidava, era novo, recém chegado a este mundo. Então resolvi fazer eu mesmo, criei texto, dirigi e encenei minhas próprias peças, e formei o grupo 'Cias Extraordinárias', com alguns amigos'", conta.

Foi esse desejo de aprender mais que o levou a São Paulo, onde conheceu e passou por um processo com o Pessoal do Faroeste, grupo criado por Paulo Faria, há mais de 20 anos, e que conta com uma sede, a Luz do Faroeste. O ator, que é paraense, vem de uma geração reconhecida por sua atuação politica no campo da cultura do teatro entre os anos 1960 e 1980, em Belém, a que pertence, também, Marton Maués, com quem Cajun teve oportunidade de estudar, fazendo o curso técnico da Escola de Teatro de Dança da UFPA.

O ator, diretor, Mestre e Doutor em Artes Cênicas, Marton Maués, é também fundador do grupo Os Palhaços Trovadores, pioneiro na pesquisa do teatro de clown na região norte. O grupo também mantém há alguns anos uma sede no bairro do Reduto, em Belém, onde Cajun vai apresentar “Escola de Passarinhos”.

“Minha experiência com Marton e Palhaços Trovadores foi muito importante, profundo, foi um marco, digo que sou contador de historia, palhaço, ator, bailarino, performer, desenhista e grafiteiro e os mestres sempre nos dão sua contribuição. Admiro muito também o trabalho de Paulo Faria, trabalhei no projeto do Pessoal do Faroeste, morei dentro do teatro. Devo bastante coisas a eles, são mestres que devem ser homenageados  reverenciados”, diz Cajun, que é herdeiro dessa geração de atores, ligados a um movimento social e político do fazer teatral.

Para Marton Maués, Cleber Cajun segue o caminho da Palhaçaria. “Ele foi um ótimo aluno, montamos um espetáculo com a turma dele, o Teatro em Caixas, com máscaras e cenas criadas pelos próprios alunos, mas depois do curso técnico ele se engajou num processo de pesquisa. Chegou a participar do meu grupo, e vem se apresentando sempre como palhaço no ‘Palhaçadas de Quinta’, projeto nosso, e agora tê-lo novamente na Casa dos Palhaços, com este trabalho, é muito legal”, comenta o professor.

"Pretendo me aprofundar cada vez mais e seguir neste caminho do lúdico, do fantástico, do realismo mágico”, finaliza Cajun. Quem quiser conhecer mais desse trabalho multifacetado, depois de ver "Escola de Passarinhos", pode ir conferir a exposição “Cigarras Elétricas”, que o artista apresenta no Sesc Boulevard, até dia 27 de abril, com textos de Alexandre Sequeira, curadoria de Carol Abreu. Artista convidado é Igor Oliveira com mediação de Juliene Martins.

Serviço
“Escola de Passarinhos”, na Casa dos Palhaços, no sábado, 23, às 20h, e no domingo, 24, às 18h. Na Trav. Piedade, n.  533 – Reduto/Campina – Próximo à Praça da República. Mais informações: 980411304.

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