A coleção Ipsis de Fotografia Brasileira, iniciativa criada em 2013 para prestigiar a fotografia nacional, inicia o ano lançando dois nomes do notável cenário da fotografia paraense: Elza Lima e Guy Veloso. O lançamento nos dias 24 e 25, respectivamente, durante a realização do 7º Festival de Fotografia de Tiradentes, em Minas Gerais, tem direito a um bate papo com os fotógrafos e com Eder Chiodetto, responsável pela organização, pesquisa, organização e textos das publicações.
Criada em 2013 com o propósito de homenagear a produção nacional de Fotografia em livros de imbatível qualidade e preço acessível, a coleção Ipsis de Fotografia Brasileira apresenta a produção de fotógrafos referenciais que pesquisam a brasilidade em suas diversas manifestações. Araquém Alcântara, Nelson Kon, Cristiano Mascaro e Thomaz Farkas compõem os 4 primeiros volumes.
E agora os volumes 5 e 6, com Elza Lima e Guy Veloso. Ela, com um trabalho intenso permeado de inovações, ambos desenvolveram linguagens próprias que abordam temas densos, que evoca o onírico e faz uma narrativa de poética singular sobre a vida de ribeirinhos e caboclos amazônidas. E Guy, com seu trabalho, que nos transporta para um mergulho inquietante e profundo na fé dos devotos de diversas religiões praticadas no Brasil.
Premiados e reconhecidos dentro do cenário nacional da fotografia, nem Ela e nem Guy possuíam uma publicação inteiramente dedicada a suas obras. A fotografia entrou na vida de Elza antes mesmo que tivesse consciência dela quando, ainda criança, descobriu fascinada dentro de um armário uma foto que o bisavô havia trazido da Europa.
Elza Lima -Salinas, Pará, 1989 |
Ao retratar o interior da região amazônica ela relembra o rico imaginário vivenciado na infância ampliado com a leitura de clássicos, de obras sobre a Amazônia e de mitologia: “Acredito que um bom fotógrafo está sempre respaldado no imaginário. Meu trabalho é muito voltado para o sonho.”
Uma cultura imaterial existente, riquíssima, que emociona e transcende,assim Guy Veloso define as manifestações religiosas que fotografa há 30 anos, com especial destaque aos penitentes que cometem auto-flagelo, um dos destaques da 29a Bienal de Arte de São Paulo.
Trabalho dedicado, vivenciado, fruto de uma pesquisa aplicada, que abriu um diálogo tão intenso entre autor e objeto fotografado que findou numa rara e extraordinária situação:“virei meu próprio tema”, diz o fotógrafo.
© Guy Veloso - Tambor de Mina, Belém, Pará, 2011 |
Cuidadosamente selecionados por Eder Chiodetto, renomado curador da área de Fotografia e organizador da Coleção Ipsis, Elza e Guy são representantes de peso da fotografia contemporânea documental com trabalhos expressivos que abordam de forma distinta, singular, aspectos de nossa cultura.
Eder define o trabalho de Elza como uma "poética fluída e especial, que cria a possibilidade de fabular por meio das composições labirínticas que intercalam diversos planos, fato que confere grande originalidade à obra da artista".
Sobre a produção de Guy, o curador destaca a intensidade da imersão alcançada pelo fotógrafo com o tema de seu trabalho que ultrapassa a própria fotografia e remete ao transe, criando uma transcendência entre o autor e sua área de pesquisa. A ideia do "transe", aliás, foi a chave que o curador propôs ao autor para selecionar obras de seu imenso acervo.
Através das escolhas de Eder Chiodetto, a Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira contribui para o enriquecimento da área lançando o primeiro livro dos autores que ainda não possuíam publicações dedicadas exclusivamente às suas obras.
Serviço
Lançamento da Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira, volumes 5 e 6 no 7º Festival de Fotografia de Tiradentes, informações na fanpage do evento.
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