Guy Veloso |
A trajetória dos dois fotógrafos paraenses e suas histórias pessoais com a fotografia são contadas por eles mesmos nos volumes 5 e 6 da Coleção IPSIS de Fotografia Brasileira. Organizados pelo jornalista e curador Eder Chiodetto, e trazendo uma gama volumosa e importante de fotos que norteiam as carreiras de Elza Lima e Guy Veloso, os livros álbuns serão lançados nesta sexta, 24, e sábado, 25, no 7º Festival da Fotografia de Tiradentes, em Minas Gerais.
Guy Veloso tem 25 anos de carreira, mas a fotografia está na vida dele há mais tempo, desde a adolescência, quando aos 14 anos deu uma fugida de casa para ver uma exposição de Luiz Braga, na Galeria Angelus, do Theatro da Paz.
O fotógrafo paraense Luiz Braga e o francês Cartier-Bresson eram referências em suas saídas para fotografar, enquanto também fazia graduação em Direito, curso que mais tarde foi abandonado. “... eu fotografava principalmente a cidade e o Círio de Nazaré; do Círio, tenho fotos desde 1989”, diz Guy.
Elza Lima, mais de 30 anos de carreira, começou a registrar as filhas em crescimento. Queria garantir imagens de uma época que normalmente se apagam de nossas memórias com o passar do tempo. Até que foi fazer um curso na Fotoativa. “Miguel Chikaoka estava iniciando sua escola e eu participei de suas primeiras turmas. Em seguida, convidada por Miguel, fiz parte do projeto de documentação da cidade velha, projeto que impulsionou minha carreira”, conta Elza.
É o primeiro livro 'solo' de ambos. Tanto Elza Lima quanto Guy Veloso, fotógrafos reconhecidos no cenário da fotografia contemporânea brasileira, têm publicado em diversos outros livros, mas ainda não tinham uma obra dedicada inteiramente a eles.
“Todas as publicações, nestes 25 anos de fotografia, foram livros coletivos. É a primeira vez que uma editora e um curador importantes pegam o meu trabalho e copilam em uma só obra”, diz Guy.
“Acho muito gratificante ter meus primeiros 20 anos de fotografia publicado por uma da mais importante gráfica do Brasil, com a escolha de um dos mais atuantes curadores de fotografia do país. E para coroar tudo isso, fazer parte de um dos grandes eventos fotográficos da Terra Brasilis, onde conviverei dias de troca, de pensar a fotografia, suas implicações, contemporaneidade e capacidade em criar novos e críticos mundos”, complementa a fotógrafa, que já conta com mais de trinta anos de profissão.
O projeto dos dois volumes levou meses para ser desenvolvido. Desde a busca de material no vasto acervo dos fotógrafos, todo um cuidado com o tratamento e impressão, os textos que introduzem o universo fotográfico de cada um, uma viagem pela religiosidade de um Brasil profundo ao imaginário nas profundezas da Amazônia. Elza e Guy pesquisam a fundo a brasilidade em diversas suas manifestações. A publicação dos volumes 5 e 6 dedicados a suas trajetórias é justa e já se fazia há algum tempo necessária diante da extensão da obra de cada um.
Elza Lima |
“Mandei mais de 200 imagens fotografadas entre 1985 ao início do ano 2000, cobrindo assim os 20 anos de uma carreira que completa, em 2017, 33 anos”, diz Elza.
De gerações diferentes, mas contemporâneos no fazer fotográfico, Guy e Elza desenvolveram linguagens próprias que abordam temas densos. Ela evoca o onírico e faz uma narrativa de poética singular sobre a vida de ribeirinhos e caboclos amazônidas. Ele nos transporta para um mergulho inquietante e profundo na fé dos devotos de diversas religiões praticadas no Brasil.
“O Eder pediu que eu buscasse no meu acervo cerca de 400 fotos do tema religião. Levei quatro meses para organizar. Em nossa primeira conversa acordamos que a linha curatorial não seria só a religião, mas um recorte dela, no caso, o Transe”, diz Guy.
Após o lançamento, Elza Lima volta a se dedicar aos dois projetos que tem em andamento. "Do Olho do Peixe a Roda da Saia", que fará uma ligação entre as pescadoras do Porto do Milagre, em Santarém no Pará, e as Avieiras, pescadoras de Santarém em Portugal. O segundo tem o título de "Poema é Coisa de Ver". "É um vídeo instalação onde reinterpretarei um poema de Alphonsus de Guimarães”, revela.
Guy Veloso |
Guy Veloso segue seu trabalho de registro e pesquisa do projeto Os Penitentes.
“Tenho obsessão pelo tema, digo obsessão porque venho nesse processo já tem 16 anos.
Os Penitentes são aqueles grupos laicos familiares, a maioria deles secretos, que eu fotografo durante a Quaresma e a Semana Santa”, diz o fotógrafo. É o mesmo projeto que, em 2010, foi selecionado para a Bienal de Arte São Paulo. “Além disso, eu fotografo os cultos afro descendentes, com ênfase no transe, por isso foi muito fácil fazer esse livro com o Eder, seguindo esta linha artística”, conclui Guy.
O Festival de Fotografia de Tiradentes - Foto em Pauta inicia nesta quarta-feira, 22, e segue até domingo, dia 26. O festival conta com atividades ministradas por grandes nomes da fotografia no Brasil e no mundo, além de exposições, workshops, palestras, debates, leituras de portfólio, projeções de fotografias e atividades educativas voltadas para a comunidade local.
Confira a programação: http://fotoempauta.com.br/
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