26.2.20

Mangueirosa encerra com Gretchen e muito samba

Fotos: Treme Filmes
Depois do Ver-o-Rio, onde a cantora Gretchen enlouqueceu a galera, o bloco Filhos de Glande levou mais de 30 mil pessoas pela Avenida Marechal Hermes, até a Casa Mangueirosa, onde a festa seguiu com música paraense até a madrugada desta Quarta-feira de Cinzas. 

Criado em 2007, o Filhos de Glande logo passou a fazer desfiles temáticos. São 14 anos trazendo como símbolo a Cobra Grande, ser mitológico da Amazônia. Iniciando seus cortejos pela Cidade Velha, há dois anos ela marca presença no Circuito Mangueirosa, trazendo sempre muitos sambas e repertório de carnaval.  

Já homenageou, entre outras personalidades, Che Guevara, Mussum,  Chico Buarque, Tim Maia, Reginaldo Rossi, Jorge Ben Jor, Chacrinha e Gilberto Gil. Em 2020 veio com o slogam Elza é Deusa, numa homenagem mais do que legítima à cantora Elza Soares. Assim, o dia prometia muito, quando iniciou às duas da tarde, e não decepcionou ninguém. Choveu, mas como aqui ninguém é tapioca, a chuva veio e passou! As pessoas ficaram.

A cantora Gretchen, musa dos anos 1980,  anunciada pelo Circuito Mangueirosa a poucos dias antes do inicio do evento, como uma das atrações da Terça-feira Gorda, entrou em cena por volta das 17h30. Trouxe um repertório diversificado. Não faltaram os sucessos Conga, conga, conga e Je Suis La Femme, o melô do Piri-Pipi, Bum bum no chão, entre outros, além de um hit de todos os carnavais, Minha Pequena Eva (Eva).

Ela, que já tinha cumprido uma agenda extensa em São Paulo, Rio de Janeiro e Recife, encerrou seu carnaval em Belém e disse que agora isso deve se tornar tradição nos demais anos. “Eu tenho muito carinho pelos paraenses que sempre prestigiaram meu trabalho. Tenho uma filha de nove anos que é paraense e sou amiga da Fafá. Todos os anos eu tenho uma agenda intensa no carnaval e agora já tá certo que venho encerrá-la sempre aqui!”, anunciou.

Gretchen, conhecida como rainha dos memes na internet e seguida por uma legião de adolescentes no Instagram, levantou a bandeira das mulheres e rebolou muito, como era de se esperar. A cantora se apresentou com o saxofonista paraense Esdras de Souza, que a acompanhou também nas outras capitais. “Estão dizendo que a gente tá namorando, o que vocês acham?”, brincou a artista que em seguida deu um selinho no músico, sem que o “suposto” romance tenha sido confirmado.

O público vibrou com a Guitarrada das Manas, com Thais Badú e Antônio Oliveira, abrindo passagem para a Orquestra Carnafônica do Filhos de Glande, com  Joelma Kláudia, Marisa Black, Samliz e Nega Rô, que mandaram sambas conhecidos, repertório autoral e músicas que renderam homenagem a Elza Soares. 

Já depois das oito da noite, a bateria show da Bole Bole seguiu com o bloco Filhos de Glande, pela avenida Marechal Hermes, embalados pela voz da cantora Juliana Sinimbú e Um Sebastião. O cortejo também contou com o coletivo de drags “As Themonias”. Na Casa Mangueirosa teve Keila, que convidou Bruno BO e Maderito. Antes e depois do ao vivo, a festa contou com os DJs Azul, Roberto Figueiredo e William Love.

É possível ter carnaval de rua em Belém e muito mais

Foi o carnaval da música paraense e das mulheres também. Dançamos e pulamos ao som do carimbó, do banguê, lambada e brega, além do tecnobrega. Foram mais de 50 artistas envolvidos. A campanha Não é Não contra o assédio às mulheres garantiu mais respeito durante toda a programação, que também estava atenta ao meio ambiente. Os quatro dias de shows e cortejos de blocos, renderam  mais de uma tonelada de lixo recolhidos para reciclagem. O lugar foi entregue limpo e não registrou violência, além de ter gerado mais de 500 empregos diretos e 1.200 indiretos.

A realização do Circuito Mangueirosa nos mostrou o quanto o Complexo Ver o Rio pode ser um espaço incrível para a realização de eventos culturais, pois com investimentos e planejamento há como oferecer segurança e infra estrutura para receber públicos grandes, reunindo crianças, jovens e idosos, além de fomentar a economia da cidade. 

Construído na gestão de Edmilson Rodrigues (1997-2004), atualmente Deputado Federal, o espaço que tem potencial turístico, localizando-se às margens da baía do Guajará, mas vem passando por mais de uma década de abandono. Podemos reverter isso unindo a expertise da produção cultural, com investimento do poder público e da mídia, que ajuda a trazer o público. O evento já conta com a parceira da prefeitura e do Governo do Estado, por meio da secretaria de cultura. Financeiramente foi realizado, em parte, com patrocínio do programa Natura Musical, por meio da Semear, a Lei de Incentivo Estadual à Cultura.

O evento também teve repercussão na mídia local e nacional, com matérias na Rede Globo e Globonews e em sites como o G1 e Brasil de Fato. Nas redes sociais, teve muita repercussão, embora nem todo mundo esteja compreendendo, ainda, o significado deste carnaval que acredita na cultura paraense como vetor de turismo para a cidade. E uma coisa  ficou evidente: é possível “Ocupar as ruas com cultura, alegria, segurança, respeito ao meio ambiente”, disse a jornalista Adelaide Oliveira, que apresentou e mediou o palco toda a programação. “Temos um lindo futuro pela frente se todo mundo contribuir”, concluiu ela ao comentar uma postagem no face book.

Criado em 2019 pelas produtoras Lambada Produções, Melé Produções, Se Rasgum, Bando Mastodonte, Meachuta e Bloco Filhos de Glande, o Circuito Mangueirosa está de parabéns. Todos os artistas envolvidos e o público que compareceu, também, e eu estou muito feliz em ter participado mais de perto este ano, somando numa equipe de comunicação nota dez. Desejo vida longa ao projeto, e que ele siga nos inspirando em outras iniciativas, ensinando que é a união que faz e traz a força!

Para saber mais: www.mangueirosa.com.br

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