Maria José Batista ocupa importante papel na cultura popular brasileira. A linguagem plástica da artista compreende a pintura, objetos, estandartes e até mesmo instalações a partir da reutilização de materiais, como garrafas pet, jornais e tecidos. Os motivos interpretados são as cenas da vida popular, dentro de uma ampla perspectiva social, histórica e cultural, em uma mistura de religiosidade, marginalidade e resistência.
Paraense e autodidata, sua história é de luta e perseverança, tendo na arte o maior estímulo para o crescimento interior e profissional. O interesse pela pintura vem de criança, influenciada pelo pai, artista plástico que a incentivou. A vida, porém, não foi fácil, e ela teve que trabalhar como empregada doméstica para sustentar os filhos.
A vontade de pintar não desapareceu, nem mesmo nos momentos mais difíceis e desesperadores. Foi quando ela ingressou nos primeiros cursos da Fundação Curro Velho, nos anos 1990, e a esperança de seguir a carreira artística retornou com força capaz de torná-la a artista de hoje, como grande expressão da arte naïf, numa pintura desvinculada da tradição erudita e convencional, e de característica espontânea e popular.
Lembro de suas primeiras exposições em pequenas galerias de Belém, despertando o interesse do circuito artístico da cidade. Assim, ganhou destaque em grandes galerias e hoje, suas obras de traços simples já integraram dezenas de exposições coletivas e individuais, inclusive na Bienal de Arte Naif em Piracicaba – SP, como convidada e com obras adquiridas por colecionadores nacionais e estrangeiros.
De Bubuia com olhos atentos à arte
De Bubuia - Foto Divugação |
O Bar De Bubuia, lugar de expressão da cultura underground na cidade, presta um tributo à escritora, reestrutura seu espaço para pequenas exposições, nomeando-o “Galeria Eneida”, e contempla, assim, a questão da construção de imagens-memória de Belém e da Amazônia, sempre tão caras à escritora.
Militante comunista, Eneida se deixou afetar pelo discurso histórico e político e resistiu ao Estado Novo, período no qual foi presa onze vezes. Seu nome também é ligado à boemia e ao carnaval, não sendo estranha às noites intermináveis dos bares e das rodas de samba em Belém, Rio de Janeiro e pelo mundo. E isso também tem a ver com o de Bubuia. Vai lá e confere!
Serviço
Exposição: Maria José Batista
Período: de 02 a 31 de outubro, a partir das 19h.
Local: Galeria Eneida, Bar De Bubuia. Rua Rodrigues dos Santos, 210 Cidade Velha.
Curador: Ney Ferraz Paiva
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