15.11.21

Poemas e cartas dos amigos à Maria Sylvia Nunes

“Daquela estrela à outra – cartas a Maria Sylvia” vai ser lançado nesta próxima quinta-feira, 18, com um bate papo, às 19h, pelo canal de Youtube do site Benedito Nunes. É um livro de memórias, como pontuam Andrea Sanjad e Nelson Sanjad, organizadores da obra que sai pela editora Guardaletras, e que vão bater um papo com Wlad Lima, Marco Antônio Moreira e João Augusto Ó de Almeida. Haverá participação especial do poeta Age de Carvalho. 

O livro “Daquela estrela à outra – cartas a Maria Sylvia” reúne textos escritos para esta importante personalidade da cultura paraense, falecida no inicio de 2020. Capricorniana, nascida em 7 de janeiro de 1930, além e diretora de teatro, foi professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde lecionou História do Teatro, História do Espetáculo e Teoria do Teatro. Em 1952, casou-se com Benedito Nunes. Ficaram juntos por 60 anos e as trajetórias de ambos se cruzam a todo momento na história, revelando grandes contribuições à cultura paraense. Neste livro, passeamos por algumas dessas histórias, mas com todos os holofotes voltados a ela, Maria Sylvia Nunes. 

A maioria dos autores optou por se remeter à Maria Sylvia, por um gênero literário bastante apreciado por ela, a carta. Alguns autores estabelecem uma conversa direta com a mestra, outros a retratam, contam de sua personalidade. Todos revelam, de uma maneira ou de outra, a importância dela em suas vidas, pessoais e profissionais. Foram seus alunos, amigos ou pessoas que estiveram junto a ela em algum momento. Em suas memórias, toda uma história é contextualizada e revelada por meio trajetória de Maria Sylvia. São textos escritos com afeto, afinco, amor. Há memórias também nas fotografias já célebres e outras relíquias. 

Do casamento com Benedito ao Norte Teatro Escola

Ainda estou lendo o livro, que recebi na semana passada, portanto não há pretensão alguma aqui em resenhá-lo, mas sim, compartilhar algumas anotações em meio a leitura, para divulgar o lançamento nesta semana. Divido em seis partes, a abertura nos convida a entrar nesse  clima, com o poema do italiano Giuseppe Ungaretti: "Da quella stella all'altra/ si carcera la notte/ in turbinante vuota dismisura / da quella solitudine di stella/ a quella solitudine di stella." 

Em seguida, encontramos em ‘Notas Biográficas’, textos sobre a origem de Maria Sylvia, sua vida voltada às artes e o encontro com Benedito Nunes, na faculdade de Direito, formando um par mais que perfeito, que soube viver à luz do conhecimento, numa relação de afeto e respeito pelo outro. 

Está aí nesta parte também a transcrição de uma preciosa entrevista feita por Pedro Galvão, com Maria Sylvia e Paragaussú Éleres sobre o movimento teatral em Belém nos anos 50 e 60. Em seguida, estão os poemas de cinco autores: Age de Carvalho, James Bogan, Lilia Silvestre Chaves, Max Martins e Sérgio Wax.  

A parte intitulada ‘Cartas à Maria Sylvia’ é a mais robusta de toda a obra, com cerca de 40 textos. Deliciosa e emocionante a história que Wlad Lima conta sobre seu encontro com Maria Sylvia,  há ainda contribuições de Regina Alves, Olinda Charone, Luiz Pardal. São vários autores, cerca de 50, embora Andrea Sanjad tenha me dito que “... ainda faltaram muitos”. 

Angelita e as reuniões inesquecíveis na casa da Estrella

Angelita Silva (sentada) e Maria Sylvia
O livro segue com ‘Travessa da Estrella, 2735’, endereço em que morou o casal e onde Maria Sylvia cresceu e viveu até sua morte em março de 2020. Neste capitulo a casa, projetada pela irmã de Maria Sylvia, Angelita Silva, a segunda mulher engenheira a se formar no Pará, com apoio do artista e engenheiro Ruy Meira,  é colocada em foco. 

Jussara Derenjï nos traz a atmosfera cultural, artística e filosófica que pairava nas reuniões e encontros entre poetas, jornalistas, atores de teatro, cinéfilos, escritores etc. Eram rodas de conversa, saraus, exibição de filmes e apresentação de espetáculos. Muita troca de conhecimento. A primeira apresentação (pré-estreia) do espetáculo ‘Morte e Vida Severina” foi realizada na Casa da Estrella, antes do Norte Teatro Escola viajar com a trupe toda para o I Festival Nacional de Teatro de Estudantes, realizado em Recife (PE), em 1958, e onde foi super premiado. 

No capítulo seguinte, ‘Professora Emérita’, mais dois textos, um de saudação, escrito por Lilia Silvestre Chaves e o outro, uma transcrição do discurso de Outorga do título de Professora Emérita a Maria Sylvia Nunes, por Emmanuel Zagury Tourinho, que assina ainda a autoria de outro discurso, feito na missa de sétimo dia de maria Sylvia, transcrito no capítulo final do livro, intitulado ‘Cerimônia do Adeus’.

“Daquela estrela à outra ...” é uma obra para ser lida com tranquilidade, degustada. Homenageia uma mulher e uma artista a frente de seu tempo, traz outras pistas para quem pesquisa a construção da cena teatral, o cinema e o movimento literário na Belém dos anos 50, 60, 70, e cumpre a função importante de contribuir para a preservação e salvaguarda da memória de Maria Sylvia Nunes. Feito de forma independente, o livro teve pequena tiragem, mas a ideia é que em breve ganhe formato digital.

Tome nota:

“Daquela estrela à outra – cartas à Maria Sylvia”ç am- Lançento com bate papo, nesta quinta-feira, às 19h, pelo canal de Youtube do site Benedito Nunes

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