4.9.12

A MPB com batuque Marajoara no Theatro da Paz

Nanah Mello e Os Tuíras fazem um passeio pelas canções históricas dia  música brasileira. Depois dos dois show que fizeram aqui ano passado, eles estão de volta à capital paraense, para se apresentar, nesta quarta-feira, 5 de setembro, a partir das 20h, no Theatro da Paz. O ingresso custa R$ 20,00 e R$ 10,00 a meia para estudantes.

Eles tocam juntos há mais de quinze anos. Em 2011, vieram se apresentar pela primeira vez em Belém e fizeram dois shows no Teatro Margarida Schibvasappa do Centur. Vindos da Vila dos Cabanos, em Barcarena, Nanah Mello e Os Tuíras retornam com todo o fôlego para mais uma grande apresentação em Belém.

O grupo é formado ainda por Delma Costa (back), Shirley Colonheis (back), Givaldo Pastana (violonista) Tom Cruz, Lauria e Enguel (percussão e efeitos), todos de formação acadêmica, voltados para a educação.

Dividido em três partes, o espetáculo abre com um repertório escolhido de resgate dos festivais da canção, mas com arranjos de batidas marajoaras. Entre outras músicas estão Ponteio, "Disparada", "Fé Cega, Faca Amolada" e “Canto de Ossanha”, faixa de abertura de Os Afro-Sambas, de Baden Powell e Vinicius de Moraes, entre outras.

Em seguida, o momento fica mais intimista, com músicas como Vira Virou, Tanto Mar. Em Lua e Estrela, haverá participação de Mestre Tig (Capoeira) e Paturi (Trio Manari). 

A partir daí, o show chega a sua terceira e última fase e mostra a sonoridade mais amazônica em sua essência. O repertório traz “Olhando Belém”, “Flor do Grão Pará”, “Filho da Bahia” e “Hagarana”, além de vários carimbós.

Além de Paulinho Moura, Mestre Tiga e Kleber Benigno (Manarí), no show do Theatro da Paz, o grupo receberá ainda, como convidado, Paulo Ivan de Faria Campos, cantor e amigo do grupo há muitos anos.

De acordo com Nanah Mello, a banda pretende levar seu trabalho também autoral para palcos de fora do estado, além de se engajar mais em projetos sociais, montando uma escola livre e alternativa para preparar jovens carentes da região.  Ela conversou com o Holfote Virtual e contou mais sobre sua trajetória.


Holofote Virtual: Como iniciou a vida artística?

Nanah Mello: Acredito sinceramente que herdei a veia artística de minha mãe, escritora, contadora de histórias infantis e criadora das músicas para ninar seus oito filhos e depois seus netos, escrevendo para cada um, letras com seus nomes. Ela fez com que desde cedo eu despertasse para a arte, sem saber até, que mais tarde eu poderia ser uma cantora. Aos 12 anos já participava ativamente dos programas de TV (extinta Marajoara) com o Palhaço Alecrim.

Eu era uma das suas "Secretárias", hoje assistentes de palco, distribuindo bombons e dando apoio a ele, recebendo os artistas da época. No final da década de 70, já em São Paulo, eu participava do programa do Silvio Santos aos domingos, como ajudante das caravanas no auditório.

Como você vê tudo isso foi preponderante para a minha formação artística. Cursei a faculdade de Letras na UFPa, que também me ajudou muito na produção dos meus textos. Escrevo poesia, música e adoro interpretar os grandes compositores nacionais, locais e internacionais. Sou vidrada na Clara Nunes, Maria Betânia, Marisa Monte e Fafá de Belém, que são minhas musas inspiradoras, de cada uma eu puxo um pouquinho nas minhas interpretações, mesmo tendo o meu próprio estilo de cantar.

Holofote Virtual: Fazer música em Barcarena, Vila dos Cabanos. Como é?

Nanah Mello: Moramos numa cidade voltada para atender na sua grande maioria operário das fábricas, isso dificulta um pouco para o empresário da noite montar suas casas aqui. 

A demanda é pouca, fica restrita a um grupo pequeno de expectadores, mas graças a Deus em todos os shows que fazemos na Vila dos Cabanos, as casas lotam. Já conseguimos nesses anos todos mostrar o nosso trabalho e, na Vila, há uma fatia muito grande de imigrantes de outros estados que admiram a boa música nacional e paraense. Nós gostamos muito de fazer shows no nosso município.

Holofote Virtual: Como surge a ideia de fazer este show no Theatro da Paz?

Nanah Mello: Há mais de quinze anos a música tomou conta desse grupo de amigos que formou "os Tuíras" e, progressivamente, todo artista vai subindo degrau por degrau, sem atropelar nada e ninguém, só querendo um lugar ao sol.  Todo artista tem uma ambição sadia de se apresentar nos melhores locais culturais oferecidos pelas cidades. Não seria diferente conosco.

Estamos avançando aos poucos e sem pressa. Já fizemos dos no Schivazappa e o da Paz é o nosso templo maior, respeitado e admirado por todos nós paraenses e pelo mundo afora. Tenho certeza que ele com a energia, exuberância, requinte e beleza que emite vai ser para nós um divisor de água. Estamos muito felizes de poder cantar ali, principalmente porque para a maioria do grupo será a primeira vez, e a primeira vez a gente não esquece jamais!

Holofote Virtual: Como foi selecionado o repertório?

Nanah Mello: O nosso repertório sempre foi eclético e de bom gosto. Fui nascida e criada escutando com meus irmãos mais velhos Pixinguinha, Candeia, Cartola Chico, Milton, Tom, Vinícius, Toquinho, Elis, Elvis Presley, Beatles, além das músicas clássicas que até hoje tenho uma coleção maravilhosa. 

 Eu e Delma (back) fizemos parte durante 12 anos da primeira formação do Coral da Albras que vinha de Villa Lobos, clássicos a MPB. Toda essa mistura de conhecimento musical, faz com que a cada show montemos um repertório eclético, com novos arranjos e introduzindo em algumas canções a batida e ritmos regionais, e é essa mistura que faz o nosso diferencial, apenas no último momento do show é que mantemos a tradição do nosso carimbó, sem mexer em sua estrutura melódica.

Holofote Virtual: Como aconteceu a ideia de chamar alguns convidados?

Nanah Mello: No show do TP, teremos 04 convidados: Paulo Ivan de Faria Campos, cantor amigo nosso de muitos anos, e que sempre se apresenta cantando comigo em algumas canções; Mestre Tiga, mestre de capoeira que trabalha com crianças nas escolas municipais e tem uma escola de dança, também se apresenta nos nossos shows fazendo participação especial; Paulinho Moura é muito conhecido e admirado por nós. Temos vários amigos em comum, mas pela primeira vez vamos nos apresentar juntos, o que será um enorme prazer e com certeza nossos caminhos serão traçados daqui pra frente.

Tem ainda o Kleber Benigno (o Paturi do Grupo Manari), percussionista que vai dar reforço e um brilho ao show. Eu só o conheço de shows e do trabalho maravilhoso com o Manari, mas com certeza será um elemento que também vamos "adotar" daqui pra frente.

Holofote Virtual: Quais são os projetos da banda?

Nanah Mello: Queremos alçar voos altos, além de querermos cantar em outros palcos fora do estado, já com um trabalho autoral. 

Temos como objetivo nos engajar cada vez mais nos nossos projetos sociais, montando uma escola livre e alternativa para prepararmos os jovens carentes ou não da nossa região a aprenderem e a sentirem o gosto pela música, artes plásticas, canto, dança e até na parte gastronômica principalmente da culinária paraense.

Serviço 
Nanah Mello e os Tuíras. Um grande show no Theatro da Paz. Ingresso: R$ 20,00. (meia R$ 10,00), à venda na bilheteria do teatro. Participação de Paulinho Moura, Paturi (Trio Manari), Paulo Ivan de Faria Campos e Mestre Tiga, da capoeira. Mais informações: 91 8130.1334.

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