6.9.12

Sete espetáculos em três meses no Teatro Cuíra

Acaba de sair o resultado do Pauta Mínima, projeto do Grupo Cuíra, contemplado pela Fundação Nacional de Artes (FUNARTE), Ministério da Cultura (MinC) e Governo Federal. O edital ficou abeto de 27 de julho a 16 de agosto, realizando as inscrições para a ocupação do Teatro Cuíra. Ao todo foram selecionados sete espetáculos, que estarão em temporada em outubro, novembro e dezembro.

Será uma oportunidade para ver ou rever um leque de produções realizadas entre 1998 e 2012 em Belém. Os grupos vencedores do edital receberão pauta de ensaios e apresentação, ajuda de custo, assessoria de imprensa, banner e folder de divulgação, além, de 50% da bilheteria. Produzidos por grupos veteranos, independentes ou aqueles que reúnem atores saídos do curso técnico ou que estão finalizando sua graduação em Teatro, foram eleitos pelo júri:

  • “Amor Palhaço” -  Palhaços Trovadores
  • “Encantados S.A.” -  Grupo de Teatro Universitário
  • “Eu Me Confesso Eneida” - Ecoarte
  • ,“Parésqui” - Usina Contemporânea de Teatro
  • "O Pequeno Grande Aviador e O Planeta Do Invisível” - Dirigível Coletivo De Teatro
  • “Pro Ensaio Geral”, da Cia BAI – Bando de Atores Independentes
  • "Ritos", de autoria de Michele Campos De Miranda. 

A intenção do Grupo Cuíra é abrir novas possibilidades para a ocupação de seu Teatro além de possibilitar espaço, suporte técnico e infraestrutura aos artistas, produtores e grupos que precisam ensaiar, montar e apresentar seu espetáculo. Para Zê Charone, que coordena o edital, a meta foi bem alcançada e trará ao público a chance de ver em temporadas sequenciadas o que acontece em artes cênicas na capital paraense.

“Neste momento já penso em fazer o Pauta Mínima para 2013, porque além da relação com a cidade podemos mostrar este panorama teatral com espetáculos que nunca mais tinham sido apresentados, outros que trazem o teatro mais jovem, feito por uma galera recém formada e que está com um gás bom e com trabalhos interessantes, além de contar com grupos mais das antigas, que continuam apostando no seu teatro, outros de grupos independentes”, diz.

 ESPETÁCULOS SELECIONADOS 

Encantados S.A. – GTU - Grupo de Teatro Universitário 

O mote central desta dramaturgia, assinada e dirigida pela dupla Bárbara Gibson e Haroldo França, conta a história de Noque, um garoto de 13 anos que é oprimido pelos colegas por ainda brincar de boneco.

Gigy, seu brinquedo preferido, é o seu único amigo com quem compartilha suas descobertas, angústias e vivências. A pacata vida de Noque começa a mudar quando ele se dá conta de que algo muito estranho está acontecendo bem embaixo do seu nariz: um professor de química que uiva como um lobo, uma senhora que oferece maçãs para as pessoas na rua e uma criança que caminha como se fosse um pato. 

Estes são fatos muito estranhos para quem deseja somente levar uma vida normal e os dois começam a investiga-los até encontrarem a chamada Osseapeprofosoe - Organização Secreta dos Seres Encantados Aliados Pela Proteção da Fantasia ou Simplesmente Encantados – que muda suas vidas para sempre. 

Amor Palhaço - Palhaços Trovadores 

O espetáculo de clown (palhaços) fala do amor de forma lírica e engraçada. Não há texto, não se conta uma história de forma linear.

É todo estruturado em uma narrativa fragmentada, que mistura trovas amorosas e canções populares que puxam cenas recheadas de lirismo e graça. 

O fio condutor de tudo é um palhaço a procura de sua amada que se chama Maria. Ele nunca a encontra, mas não deixa de buscá-la. Essa procura começa na infância, chega à fase adulta e continua na velhice. É a representação da eterna busca do amor, que não acaba nunca, mesmo diante das adversidades. 

As canções são executadas ao vivo pelos palhaços, que tocam instrumentos e cantam, fazendo também toda a sonoplastia das cenas. Neste trabalho, há uma combinação de músicas, efeitos eletrônicos e músicas cantadas ao vivo. Amor Palhaço fala de amor através do olhar do palhaço, com muito humor e lirismo, e o mais importante: sempre envolvendo o público, que com certeza soltará boas gargalhadas. 

Eu Me Confesso Eneida - Ecoarte

Com dramaturgia de Carlos Correia Santos e encenado pelo Grupo Ecológico Artístico Ecoarte. 

O espetáculo reúne textos de Eneida de Moraes, vivida em cena por três atrizes, e aborda a perseguição política sofrida pela escritora paraense, morta em 1971. 

Em cena, as atrizes Elizangela Vasconcelo, Marta Ferreira, e Rosa Marina, estão sob direção de Edson Chagas e Leonardo Haick. A cenografia, figurino e adereços é de Chagas Franco; pesquisa musical, de Nelson Borges, Edson Chagas e Leandro Haick; iluminação, de Rodolfo Evangelista. 

O Ecoarte existe desde 1987, quando estreou em Brasília em meio aos grandes debates sobre ecológicos que borbuhavam na época. Em meados da década, o grupo passou para a coordenação do ator Edson Chagas, com quem já produziu espetáculos como “Wajangá, o contador de histórias”, “A incrível história do Sapo Taro-Bequê”, e O avarento do Nordeste”. 

Parésqui - Usina Contemporânea de Teatro

“Parésqui” tem direção de Alberto Silva Neto, desenho de som de Leo Bitar, figurinos de Anibal Pacha, iluminação e cenografia de Alberto Silva Neto e Patrícia Gondim, projeto gráfico de Alexandre Sequeira e fotos de André Mardock.

O espetáculo estreou em dezembro de 2006, como resultado da Bolsa de Pesquisa do Instituto de Artes do Pará (IAP).  Em cena, as atrizes Valéria Andrade e Nani Tavares se desdobram para representar cenicamente histórias de vida de oito pessoas de uma mesma família de ribeirinhos que vivem na Ilha do Combu, em frente a Belém. 

A construção das personagens utilizou uma técnica chamada de mímesis corpórea, que consiste na imitação e teatralização das ações corporais e vocais cotidianas. Dessa maneira, as personagens imitam o modo de se comportar e de falar típicos do povo ribeirinho, para contar histórias cheias de humor, paixão, ciúme, brigas, dor e saudade, que mostram a dimensão universal do ser humano que habita a Amazônia. 

O Pequeno Grande Aviador e O Planeta Do Invisível - Dirigível Coletivo de Teatro

O espetáculo é inspirado no conto infantil de Antoine de Saint-Exupéry 'O Pequeno Príncipe' conta a história de um pequeno aviador. 

A dramaturgia surgiu basicamente de uma única indução do livro, que remete à Saint-Exupéry, quando criança, na figura do aviador, que dedicava-se muito a desenhar. 

A partir daí, contando com o toque pessoal e a emoção de cada integrante do processo, foi desenvolvida a história da vida de um 'Pequeno Príncipe', que mostra seu planeta, sua rosa, seus vulcões e sua viagem interplanetária.  Direção Geral: Ana Marceliano; Direção Musical e Trilha: Armando de Mendonça e Luciano Lira; Direção de Vídeo: Enoque Paulino e Krishna Rohini e Dramaturgia: Ives Oliveira. NO elenco os alunos do GTU da ETDUFPA. 

Pro Ensaio Geral – Cia BAI – Bando de Atores Independentes

A direção do espetáculo é de Vandiléia Foro e produção de Rafael Couto. No elenco estão o ator Maurício Franco e as atrizes Malu Rabelo e Sandra Perlin. 

O enredo conta a história de "Científica" e "Divina". A primeira é uma mãe dedicada que criou a filha, chamada "Divina", (uma transexual) sozinha, pois perdeu seu marido quando sua filha tinha seis anos de idade. 

Também tem o personagem "Durval", um menino que "Científica" juntou da rua, e que hoje, já sendo um rapaz, é o faz-tudo das duas. "Pro ensaio geral" conta esse momento da vida das duas, mas aborda também as disputas de poder no seio familiar e os sonhos de pessoas aparentemente comuns que trazem em si a alma do artista. Mostra a parceria entre mãe e filha. 

 Ritos - Michele Campos de Miranda

Ritos é um projeto criado sob inspiração da obra do escritor francês Antonin Artaud, cujo tema é o ritual e o ressurgimento do mito em meio às sociedades contemporâneas. 

A performance nasceu no Brasil em 2008, e foi remontada pela atriz Michele Campos, tendo ela e um músico em cena, um filósofo e desenista brasileiro, uma musicista e um compositor mexicanos estão em torno de ideias e das imagens. O espetáculo lança um olhar sobre o poder da magia, do ritual, dos encantos da cultura ameríndia. Uma interação entre Brasil e México, entre a cena e a música, o passado e o presente. 

O projeto foi apoiado pelo Fundo para Iniciativas Estudantis da Cité Universitaire de Paris (FIE/CIUP), e é resultado do intercâmbio acadêmico e artístico realizado por Michele Campos e Marcello Gabbay (pesquisador do LECC/UFRJ em estágio sanduíche na Université Paris-Descartes) na capital francêsa. Agora, o trabalho será apresentado nas sedes da Maison do Brasil e da Maison do México, nesta, abrindo as comemorações do Dia dos Mortos.

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