Esta semana, a Boitempo Editorial e a Samauma Editorial lançaram, no dia 25, o livro “Selva Concreta”, de Edyr Augusto Proença, dentro da programação da XVI Feira Pan Amazônica do Livro. Mas na próxima quarta-feira, dia 03, anotem logo aí, o autor estará autografando sua nova obra na Fox Vídeo da Dr. Moraes, a partir das 18h. Entrada franca. Antes, aqui, você lê também, um bate papo com o autor.
O convite para o lançamento na Feira do Livro partiu da editora da Ufpa, que tinha em mente realizar um bate papo com ele em seu stand, com participação da professora Cláudia Melo, do curso de cinema da universidade.
“É a primeira vez que faço isso. Gosto das feiras, acho interessante o livro em destaque, recebendo a visita das pessoas. Não acredito no intercâmbio, porque nada temos a oferecer. Não há nenhuma política cultural para a área de Literatura, que tenha seu ápice na Feira. Aí sim, ofereceríamos algo em troca. Hoje, nada temos”, opina Edyr.
O lançamento oficial será na FOX Video, oportunidade para conversar mais com Edyr e receber seu autógrafo. Autor de outras obras, sempre ambientadas em Belém, ele se diz satisfeito com sua editora, responsável também pela distribuição de seus livros pelo país.
“A Boitempo é uma excelente editora, com reconhecimento nacional e internacional. Estou em todas as grandes livrarias nacionais e a exemplo do que já ocorreu em ‘Casa de Caba’, há possibilidade de ser lançado no mercado internacional”, comemora.
A nova ficção de Edyr tem mais uma vez a cidade de Belém como pano de fundo e traz incômodas semelhanças com a experiência urbana de qualquer cidade na periferia do capitalismo.
Explorando as patologias e os vícios do submundo próprios às metrópoles brasileiras, marcadas pela má distribuição de renda e pelo abuso de poder, o escritor compõe um retrato inusitado e desconfortante do Brasil contemporâneo.
O fluxo intenso da narrativa submerge as múltiplas fisionomias da obra na cadência fragmentada da cidade: o policial corrupto, o playboy, o apresentador de TV picareta, o radialista ávido por um furo de reportagem, o cagueta, o assassino de moças, a cantora queridinha, a mulher do malandro, o boa-praça e outros tipos compõem o universo urbano de quem vive em uma “selva concreta” marcada pela violência que vemos nas manchetes policiais e pela sujeira que está por trás delas.
Jornalista, radialista, redator publicitário, autor de teatro e de jingles, Edyr Augusto também é poeta. Além das ficções “Casa de caba” – obra que em 2007 ganhou edição em inglês pela britânica Aflame Books, com o título Hornets’ Nest –, “Os éguas”, “Moscow” e “Um sol para cada um” - todos publicados pela Boitempo – ele também é autor de poemas que estão nos livros: Navios dos cabeludos (1985), O rei do Congo (1988), Surfando na multidão (1992), Incêndio nos cabelos (1995) e Ávida vida (2011).
Entre o teatro, a publicidade e a literatura, Edyr nunca pára de produzir e está sempre envolvido com uma nova ideia ou uma nova possibilidade de produzir cultura em Belém. No momento além do lançamento do novo livro, ele também dirige, junto com o ator Leonel Ferreira, o espetáculo “Barata, pega na chinela e mata”, sobre o ex-governador do Pará, em cartaz no Teatro Cuíra só até este final de semana (quinta adomingo). Mesmo assim, ele também encontrou mais um tempo para este rápido bate papo com o Holofote Virtual. Confira abaixo.
Holofote Virtual: O que passa pela cabeça do escritor prestes a lançar sua obra ao público, depois de longo período de trabalho solitário?
Edyr Augusto Proença: Ansiedade. Quando estamos escrevendo, somos felizes. Mas nos dias que antecedem o lançamento, ficamos ansiosos pela resposta do público. Queremos agradar, queremos ser lidos, que as pessoas venham comentar, não necessariamente elogiar, mas conversar a respeito.
Holofote Virtual: Mais uma vez você escreve tendo Belém como centro nervoso de suas ideias e narrativas. Podemos considerar "Selva Concreta" ficção pura ou tem muito do realismo da nossa cidade?
Edyr Augusto Proença: Algumas das situações tirei de notícias policiais locais, mas são fatos que poderiam ter acontecido em qualquer cidade grande do Brasil. O diferencial está no cenário, que é sempre Belém e no estilo.
Holofote Virtual: Qual é a trama principal? Do que trata na essência teu novo livro?
Edyr Augusto Proença: Meu livro traz dois amigos, um delegado e um radialista, com suas tarefas do dia a dia. Um divulgando em seu programa de grande audiência os problemas da cidade e o outro resolvendo esses problemas.
Holofote Virtual: Há quanto tempo vens tecendo esta história?
Edyr Augusto Proença: Desde uma conversa com um amigo, produtor de cinema, sobre seriados policiais para a televisão. Interessei-me e fui desenvolvendo o assunto aos poucos, sem pressa, curtindo cada caso.
Edyr, no Cuíra com Zê Charone: paixão pelo teatro |
Holofote Virtual: Aliás, o tempo te é escasso para escrever, em meio aos projetos e direção de espetáculos com o Cuíra?
Edyr Augusto Proença: Em função de minhas outras atividades profissionais, escrevo bem rápido. Passo algum tempo pensando, mas quando vou ao teclado os acontecimentos fluem com naturalidade. Ao contrário do que se pode pensar, há tempo suficiente.
Holofote Virtual: Falando em teatro, fui ver o Barata... gostei demais, como te disse. Toda esta pesquisa sobre a trajetória do governador, ainda vai servir para uma obra ficcional em cima da vida dele? Pensas nisso?
Edyr Augusto Proença: Acho difícil. O caso do Cuíra é um projeto “Cuíra por Memórias” que envolve o grupo e a ideia de recontar a história da cidade. No meu caso, estou sempre ligado à atualidade, uma velocidade de eventos.
Holofote Virtual: Voltando ao teu romance, quais diferenças e semelhanças você destacaria nesta obra em relação às já lançadas Casa de Caba, Os éguas, Moscow e Um sol para cada um?
Edyr Augusto Proença: A principal semelhança é o cenário, Belém, como sempre. De diferente, penso, um amadurecimento da linguagem, da minha literatura e a abordagem da reação das pessoas comuns, atingidas por fatos que agridem seu cotidiano e as colocam inevitavelmente em situação de defesa. Quase nunca tenho protagonistas e sim pessoas comuns, com qualidades e defeitos.
Holofote Virtual: Enquanto acontecem os lançamentos deste, o que estás arquitetando, o que vem por aí?
Edyr Augusto Proença: Já tenho tudo certo, preparado, para iniciar mais um romance, abordando a ação dos ratos d’água nos rios do Pará e o tráfico de mulheres. Quando estiver escrevendo, serei a pessoa mais feliz do mundo.
Serviço
Noite de autógrafos e debates de lançamento de Selva Concreta. Na próxima quarta-feira, 03/10, às 18h, na Foxvídeo - Tv. Dr. Moraes, 548. Autor: Edyr Augusto; Orelha: Marcelo Damaso; Páginas: 112; ISBN: 978-85-7559-286-1; Preço: R$ 35,00; Editora: Boitempo. Informações: (91) 4008-0007.
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