Baseada no livro “Rios de Raivas”, o espetáculo ‘Cobras!’ retrata Belém dos anos 50
Fofocas, mexericos, calúnias de uma elite que destilava seu veneno na Belém da década de 50. É assim o comportamento provinciano paraense retratado na peça “Cobras!”, espetáculo teatral de livre adaptação do Romance “Rios de raivas”, de Haroldo Maranhão. Trazida aos palcos pelo Grupo de Teatro Palha, com direção de Paulo Santana e dramaturgia de José Maria Vilar, a obra ganha uma releitura que estreia nesta quarta-feira, 26, às 20h, no Teatro Universitário Cláudio Barradas.
Em 1970, o livro causou polêmicas por expor de forma histórica o
comportamento cínico de grupos dominantes de poder que se envolvem em um
ninho de bajulações, mentiras, hipocrisia e falsidade. “A peça faz esse resgate da Belém da época, mas de forma debochada. A cidade não tinha luz, não tinha carvão, era suja, tomada por mosquitos e a maioria das pessoas não tinham escrúpulos. Belém fedia em todos os sentidos”, explica Paulo Santana.
“Cobras!” promete chocar sua plateia ao evidenciar três esquemas de poder. De um lado impera, o governador, e do outro, o dono de um prestigiado jornal. No meio dos dois um arcebispo busca tirar proveito de ambas as partes. E como não bastasse, eis que surgem as esposas para temperar mais ainda esse veneno.
Camila Góes interpreta Ludimeia Marona, a esposa de Mimi, filho do dono do ‘Tribuna do Norte’ que articula um golpe para ficar no lugar do pai.
“Ela quer que o mimi seja dono do jornal. Porque vai usufruir disso, já que acredita ser uma poetiza nata. Ela costura a intriga, vai falar com a esposa do coronel, se faz de amiga, conversa com ele para que ajude o marido”, revela a atriz.
Apesar da critica social, o espetáculo promete também muitas risadas.
“É uma comedia, portanto tinha quer ser uma caricatura. Fiz um personagem brejeiro, bem caricato mesmo, onde eu buscasse uma outra voz, um outro jeito de andar. Ele é ridículo, fedido, engole mosquito”, ressalta o ator Rogério Jacenir que faz o jornalista fofoqueiro, Anaxágoras.
A montagem foi contemplada com o Prêmio Procultura de Estímulo ao Circo, Dança e Teatro 2010, pela Funarte (Fundação Nacional de Artes), do Ministério da Cultura e tem apoio do Instituto de Ciências e Artes da UFPA, da Escola de Teatro e Dança da UFPA e Rede Cultura de Comunicação.
32 anos de Movimento Teatral -
Criado na década de 80 com a estreia de 'Jurupari a Guerra dos Sexos', espetáculo apresentado no Teatro Experimental Valdemar Henrique, o Grupo de Teatro Palha é inicialmente formado por nomes que fariam história no teatro paraense. Entre eles, Paulo Santana e Wlad Lima.
No ano seguinte, o sucesso é repetido com uma montagem direcionada para o público infantil. o grupo de jovens atores inicia sua participação na III Mostra estadual de teatro realizada pela FESAT – Federação de Atores, Autores e Técnicas de teatro e a partir daí, os palcos de Belém se tornam pequenos para a trupe, que começa a itinerar pelo interior do Estado.
Após ganhar visibilidade e adquirir mais consistência em seus textos, sempre mergulhando no universo amazônico (em parceria com o dramaturgo Ramon Stergmam) o Grupo Palha inicia turnês no Norte e Nordeste do país. Mas depois do meteoro sucesso, o grupo se vê obrigado a parar devido a uma crise no movimento teatral do Estado.
Com problemas financeiros, fazem uma pausa que perdura 10 anos. Voltando apenas em 1994 com a montagem do clássico de Bertolt Brecht, 'O Mendigo Ou O Cachorro Morto', dirigido por Kil Abreu e tendo como elenco Alberto Silva e Paulo Santana (fundador do Grupo), que desta vez retorna a cena como ator.
Retomando o fôlego, o Grupo inicia, a partir desse período, um trabalho fundamentado no ator e na busca de textos de grandes dramaturgos, utilizando-se da linguagem para o discernimento da literatura universal.
De lá pra cá, volta a participar de Mostras e Festivais de Teatro. Conquista patrocínios locais e nacionais e ganha diversos Prêmios Estaduais e Nacionais. Recentemente, retorna seu trabalho para a riqueza local, buscando fazer releituras históricas e literárias da região.
Ficha Técnica:
- Elenco:
Harlles Oliveira - Governador do Pará
Cursino Mangalarga - Coronel
Thainá Chemelo - Elvira/esposa do governador
Luiz Carlos Girard - D. Mário/arcebispo
Arnaldo Abreu - Erasto/chefe de gabinete do governador/Mimi, filho de Saulo Santarém, dono do Jornal Tribuna do Norte
Rogério Jacenir - Anaxágoras/repórter do Tribuna do Norte
Camila Góes - LudiMeia/esposa de Mimi
- Direção: Paulo Santana
- Dramaturgia: José Maria Vilar
- Produção Executiva: Tânia Santos
- Assistente de Produção/Cenografia: Paulo Santana
- Figurino: Bruno Furtado
- Iluminação: Malú Rabelo
- Sonoplastia/ Visagismo: Nelson Borges
- Arranjo Musical (Hino do Pará): Samuel Rios
- Técnico de gravação: Bárbara Viana Apoio
- Técnico: Everton Figueiredo
- Caricaturas: João Bento
- Designer Gráfico: Raissa Araújo
- Fotografia: Rodolfo Mendonça
- Assessoria de Imprensa: Leandro Oliveira
- Fotos: Rafael Samora
Serviço
“Cobras!”, Espetáculo Teatral de livre adaptação do romance ‘Rio de raivas’, de Haroldo Maranhão. Apresentado pelo Grupo de Teatro Palha. Com direção de Paulo Santana e dramaturgia de José Maria Vilar.
Local: Teatro Universitário Cláudio Barradas (Rua. Jerônimo Pimentel, 546, quase de esquina com TV. Dom Romualdo de Seixas- Umarizal).
Hora: Sempre às 20h.
Período: De 26 a 30 de setembro
Entrada Franca
Classificação: 16 anos.
Mais informações: 8220-1597.
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