“Tetro” é o 21º longa-metragem de Copolla e o primeiro filme totalmente
escrito, produzido e dirigido por ele desde 1974, depois do engenhoso
“A Conversação”.
A sessão é nesta
quarta, dia 12, às 19h, no Centro Cultural Sesc Boulevard (Av. Boulevard
Castilho França, 522/523 - Campina). Entrada Franca. Inadequado para
menores de 14 anos.
“Tetro” é um trabalho instigante e ousado de Coppola, obra que marca o renascimento de um autor que depois fez obras primas como a trilogia "O Poderoso Chefão"e o polêmico “Apocalypse Now”. Com rompantes de megalomania, o diretor viu a sua companhia – American Zoetroppe – naufragar graças a projetos como “O Fundo do Coração”.
Apesar do filme sobre encontros e desencontros amorosos ter virado ‘cult’ anos depois, a sua reconstrução de Las Vegas em estúdio e outros preciosismos estéticos custou um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões.
Após o fracasso, Coppola se viu dependente dos grandes estúdios e começou a ver o espaço para os seus projetos diminuir enquanto que o seu nome era ligado a filmes encomendados como “Peggy Sue”. Mesmo com a terceira parte da trilogia do Chefão obtendo uma grande bilheteria, o cineasta foi perdendo o foco autoral do seu trabalho – recuperado em poucas ocasiões -, o controle do ‘manche’ narrativo de suas obras, que parece estar sendo retomado a partir desse drama familiar ambientado em Buenos Aires.
“Tetro” foca na relação entre Angelo (o também cineasta Vicent Gallo), um escritor que decidiu se isolar na Argentina para fugir de seu pai, maestro regente em Nova York; e seu irmão caçula Bennie (Alden Ehrenreich), que é garçom em um cruzeiro e aproveita a parada forçada do navio no porto da capital argentina para encontrá-lo.
Só que o reencontro entre os irmãos não é amigável.
Na verdade Angelo tornou-se uma pessoa de temperamento difícil que esconde seu passado.
Ele passou a se chamar ‘Tetro’ como uma forma de transpor quem era, esquecer sua vida em meio a familia de artistas, da onde emergiu como um brilhante poeta.
Nas ruelas de La Boca, permeadas de perigos e paixões incendiárias como o Tango e o futebol, os dois transitam na companhia de Miranda (Maribel Verdú) e relembram experiências passadas.
Os grandes atores europeus Klaus Maria Brandauer e Carmen Maura também estão no filme, que é praticamente filmado em preto & branco, com enquadramentos belíssimos. Quando Bennie descobre antigos textos de Tetro, o clima de filme noir se ascende e o jovem vai buscando desvendar os segredos de uma familia arruinada por rivalidades.
Mas eis aqui, uma surpresa digna de um cineasta genial como o é Coppola: Bennie utiliza uma companhia de teatro burlesco para tentar retirar o irmão do isolamento.
Ele descobre que Tetro escolheu tirar um ano sabático na Argentina para escrever a obra da sua vida, mas os traumas – em especial os paternos – o fizeram chegar às raias da loucura. E será através da arte que Bennie buscará salvar o irmão.
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